quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A Gruta dos Ecos

A GRUTA DOS ECOS




O SEGREDO DA GRUTA DOS ECOS

Existe algo rodando no pensamento que tudo leva dentro do furacão!
Baconatã, por estar em tal momento, fervilhar já presente à lava
E mergulha; nada até o infinito; escava.
Se não parar!, nada vai encontrar.

Já quieto, algo pareça guiar o vento lá por dentro. Baconatã começa a perceber a brisa calma trazida pelo tormento. Explodiu,
diferenciada na erupção, A resposta que trazia aquele vulcão!
O homem já sabia o que fazer!

Alívio sente aquele que ultrapassa o arriscado caminho do pensar
Com toda sua trama; trapaça iludindo para ao homem escravizar.
Baconatã já não estava mais sonhando depois de tantas lutas, seguiu andando
E, de longe, ia aproximando seu novo lar.

Dela, Baconatã não mais saiu.

Um dia, um certo alguém entrou! E, também lutando, perguntou ao Nada que logo o respondeu.
O homem a descoberta escreveu.
Chamou-a, A Gruta dos Ecos, e saindo, nem viu lá dentro Baconatã sorrindo.
E, ele sorriu; chorou e riu!!!
- 16/02/2004 – 15:40`38``


O DIA EM QUE ALGUÉM DESCREVEU O LUGAR

Quando se está com a cabeça pesada e alguma dúvida viaja por dentro de você como um vírus consumindo todas suas células pouco a pouco, Tudo que se pode fazer é ir até A Gruta dos Ecos ser verdadeiro na pergunta e esperar a resposta.
O caminho até a gruta já nos mostra que estamos seguindo para um desconhecido, que nem por não se conhecer, causa-nos algum medo. Você respira um ar e respira toda energia que existe naquele lugar, e sabe que segue para onde deveria estar em alguma parte de sua vida e se não esteve, é a causa de estar ali.
As árvores vão se fechando em torno de você e, formando um arco sobre sua cabeça, enquanto alguns raios de sol escapam por entre alguns galhos e vêm refletir o chão coberto por folhas já secas, amarelas; marrons; todas as cores e tonalidades parecem viver dentro daquele lugar e todos os aromas , que por algum motivo trazem a paz viajando junto com seu cheiro, parecem exalar dos seus cantos escuros.
O lugar é frio. Talvez essa seja a temperatura ideal para a vida crescer naquele espaço da natureza. Penso que é a temperatura ideal para qualquer ser humano e, eu somente me senti mal por não viver acostumado nela. Aliás, tudo aqui é questão de costume. Ao entrarmos, esquecemos de nossos antigos costumes e abrimos um espaço em nossas almas para um mundo melhor.
Já começo a enxergar a entrada da gruta. O que mais me fascina na sua visão é essa estranha beleza passada pela fabulosa árvore que cresceu por sobre ela. Chamam-na de Guardião dos Segredos. Ela parece realmente estar presa; unida por algum sentido a aquela gruta. Suas raízes prendem-se nas pedras da entrada, agarram-se nelas como alguém, um amante que não quer lagar a quem se ama. Á mim, me parece um polvo! Sim, um polvo grudado com seus tentáculos em sua presa. Uma árvore polvo. Engraçado! Talvez ela nade para outros mares um dia desses. Vejo que o feitiço da gruta já me atinge. Somente aqui deixo minha imaginação caminhar como uma criança pelo meu pensamento.
Deixei meu sapato na entrada e entrei descalço. A rocha gelada estava úmida abaixo dos meus pés, o que não era incomodo, só mais um dos sentidos da gruta a qual me entregava de corpo aberto. Sentei-me em uma das pedras, não muito distante da entrada, cruzei minhas pernas, levei minha mão direita, cotovelo apoiado na perna direita também, até meu queixo enquanto passava minha mão esquerda sobre meu pé direito ainda molhado e gelado pelo caminhar nas pedras. Voltei a pensar no que eu vinha dizer, porque é isso que é a Gruta dos Ecos: um lugar onde você diz uma verdade quieta dentro de você e, se for abençoado e agraciado, uma resposta esse mágico lugar irá lhe dizer. E, eu comecei a dizer.

Algo vem me preocupando, é alguma coisa aqui dentro que está me dizendo que o caminho que eu sempre acreditei precise ser mudado. Ou melhor, preciso mudar a maneira como pensava sobre isso. Preciso ver de outra forma; tudo em que acreditei; tudo que faço e sobretudo, entender melhor o amor. Eu entendo muito sobre algo que não tenho! É uma crença que me mantém como sou e estou com medo que essa crença se torne uma realidade e eu veja que acreditei em tudo errado na minha cabeça. Estou fugindo da realidade com medo que ela não seja como a realidade com que eu sempre sonhei. Acredito que é vital para mim sonhar e sonhar acreditando na realidade com que sonho. Convivo muito bem com o sonho, mas não sei se posso viver com o real. Ajude-me a entender.

O homem respirava mais leve; Seus olhos brilhavam pois havia água sobre eles; Não chegaram a cair sobre seu rosto, as lágrimas, pois não havia motivo. Ele sabia o que queria por isso não chorou. Sentou e esperou quando do fundo da gruta uma proposta ecoou:

“Toque a realidade!, ela pode te machucar; vai te fazer chorar, mas vai te completar. Vai te fazer compreender tudo que você não teve até agora. Isso é a vida! Movimento! Você precisa disso, sabe que precisa. Não tema!, o sonho sempre vai te acompanhar”.

O Homem agradeceu a benção lhe dada. Nada prometeu e nada pediu. Foi somente a verdade que agora lhe faz rir enquanto chora e segue embora.
Lá dentro, sem expressar, Baconatã estava feliz.

A GANÂNCIA

Um dia desses, um ganancioso chefe de Estado foi até a Gruta dos Ecos pensando que poderia, valiosas lições de guerra, lá obter. Perguntou ele:
- Como posso aumentar o território de meu país?. Expandi-lo para além da suas fronteiras até o infinito?
E, uma voz sarcástica ecoou lá de dentro:
- Simples, crie nele um artista.
Até hoje o grande chefe de Estado maldiz o lugar em seus comícios transmitidos, via satélite, para o mundo todo.

A HISTÓRIA DO PEIXE

Algumas pessoas, julgando ser bobo falar com um buraco na pedra mas não desesperançados de lá obter alguns conselhos , inventam histórias e personagens fabulosos para efetuar sua questão sem se auto-incriminar, perdido.
Certa vez, um homem lá chegou e foi apresentando sua dúvida em forma de sonho. Recebeu, como resposta, uma bela fábula.

“Vejo que preciso tornar um pouco mais claro para Baêlha o que venho pensando e que comecei a descrever no dia anterior. Mesmo assim, são belas palavras para descrever o que sinto enquanto espero esses dias passarem. Nunca pensei que seria tão difícil permanecer distante e agora nem sei se vale á pena apresentar meus estudos para esse congresso de pessoas que nem entendem o que penso. Mas é por isso que vim de tão longe, para apresentá-los meu invento. É o risco que acompanha a descoberta! A incompreensão e a dúvida de como irão usá-la”.
Ao voltar do delicioso café da manhã que me serviram, pensei em escrever algo que me veio na cabeça enquanto tentava dormir ontem de noite. Quando ser exato e objetivo torna o meu relato desprazeroso começo a imaginar e, Sou grato à fantasia por me trazer boas respostas. E então imaginei minha descoberta transformando-se em um monstro e engolindo-me sem pudores. Ela me jogava de um lado ao outro enquanto o público se divertia com o espetáculo.
“Estou em dúvida quanto ao meu futuro na Ciência. Não sei se devo continuar minha pesquisa... Talvez, você tenha a resposta...”.

Baconatã demorou três minutos e vinte três segundos para começar a dizer sua fábula lá de dentro da Gruta.

“Imagine você ter algo em casa. Um chaveiro de um peixe cinza que lhe foi dado por um índio no mesmo dia em que você conheceu a pessoa por quem você é apaixonado”.
Sim, você estava em uma viagem por uma linda praia, um verdadeiro paraíso esculpido pela natureza, mas se sentou em um canto por saber que mesmo assim estava lhe faltando algo, ou pensou em algo para lhe faltar só para se sentar e pensar sozinho, tanto faz. Você remexia a areia entre seus pés e tirou dela essa pequena escultura de madeira. Um peixe de madeira já gasto pelo tempo e, mesmo assim, muito bonito. E, então, um aborígine, um nativo deste local, sentou-se ao seu lado ao vê-lo segurar a peça e lhe contou o símbolo que ela tinha para seu povo.
Contou-lhe a história de uma princesa e de seu namorado que se envenenaram comendo uma oferenda, um peixe como aquele esculpido em suas mãos.
Ele fora oferecido assado para um de seus deuses em uma cumbuca de madeira. O casal estava perdido em uma ilha distante quando encontraram-no em uma mesa de sacrifícios aos pés da estátua desse deus esculpido em uma pedra. Serviram-se do peixe. A princesa morreu primeiro que o jovem rapaz e, ele, então, amaldiçoou o deus e colocou sua mulher na jangada navegando para longe da praia.
Diz-se que quando os dois já haviam morrido, esse mesmo deus mandou um peixe para engoli-los. O mesmo peixe que eles comeram e, Até hoje, ele infla quando é pescado porque os amantes tentam fugir de sua barriga e o veneno que está em seu corpo foi o veneno usado para matar os amantes.
Tendo ouvido a estória do velho índio, Miranael Simeon, o rapaz que estava com a escultura nas mãos, arrumou suas coisas e voltando para o acampamento resolveu conversar com aquela pessoa que lhe atraiu por algum motivo e que vive com ele até hoje.
Por algum motivo Mira nem contou essa estória para ninguém, e por outro motivo ele está se separando dessa pessoa que amou tanto e, quando está juntando suas coisas, percebe que não acha sua escultura do peixe.
Aquele homem sente nesse momento uma das grandes verdades da vida. A incerteza é muito pior que a perda! A incerteza de que algo existe e você não pode ter ou tocar.
Se alguém tivesse queimado aquela pequena escultura na sua frente, ele até se conformaria, mas o não saber é cruel. Nos corrói até o desespero.
Simeon pergunta onde está. Começa a ficar nervoso e sua companheira lhe diz que é só um peixe velho e gasto.
Você sabe que não é só um peixe velho e gasto, mas alguém que está tão próximo, não!.
É sobre isso que eu dizia, sobre a descoberta que está em você. Depois da sabedoria tudo muda de valor. E, é complicado entender valores. É complicado manter os seus quando se é bem mais fácil enxergar somente a superfície das coisas.
“Faça sua escolha, e saiba que você vai apresentar somente a escultura, que é o que eles estão interessados em ver, e não o belo romance que há por trás dela”.

O jovem rapaz saiu e nunca ninguém soube o que ele havia descoberto.

DA RESPONSABILIDADE AO OBJETIVO

Uma senhorita, vestindo um belo vestido com estampas azuis, levou uma das folhas de seu diário e a leu, deitada no chão pedregoso da gruta.

“Estranho, eu posso pensar e escrever. Talvez sobre o amor ou a história de um velho homem que gostava de sua bengala amarela lascada. Talvez ficasse bom. Pessoas leriam? Bom, não é esse o objetivo... Então, qual é”?
Atravesso uma briga entre a imaginação e a facilidade que me é tornar o subjetivo poético. Devo seguir pelo caminho que fiz no dia anterior. Moldar uma idéia subjetiva em literato?
Bandida é a responsabilidade quando não se tem que tê-la para sobreviver!
Um velho homem foi consultar um mago que vivia dentro de uma gruta para saber como poderia conseguir a danada da responsabilidade. O mago lhe perguntou para que ele queria tê-la. O homem lhe disse que sem ela estava perdendo oportunidades na vida, deixando de produzir coisas belas.
“É, isso que está acontecendo comigo! Ajude-me a ser responsável pelo meu ofício”.

Baconatã chegou a se preocupar com a semelhança entre a situação contada e a que se passava naquele instante. Haveria ela o descoberto?
Não!, caso houvesse, já teria entrado para vê-lo.
Da gruta ecoou:
“Então, o sábio mago lhe disse que ele estava procurando a entidade errada. A responsabilidade já vivia ao seu lado, mas de nada adianta viver com a responsabilidade se não tiver também seu grande guru, o Objetivo”.
A moça foi embora com o final de seu conto redigido na mesma página do seu diário.

O AMOR E O ORGULHO

O rapazote estava realmente com pressa. Esbarrou em uma das pedras pontiagudas da entrada da gruta e cortou seu cotovelo esquerdo. Sentou-se e, ainda angustiado, foi despejando suas palavras rapidamente para dentro da gruta.

“Por favor, grande guru das rochas, tire um pouco do peso que está esmagando meu corpo inteiro por dentro. Eu quero alguém que não tenho e me dói tanto pensar que ela está se perdendo com outro. Ela teria uma vida boa ao meu lado, não sei se a amo, mas não paro de pensar nela. Não sei nem ao certo o que sinto. Estou tão confuso, ao menos se ela me escutasse. Se não a tenho, por favor, tire-a do meu pensamento. Como posso deixar de pensar? Diga-me se souber, é minha última escolha”.

Baconatã gostou do “guru das rochas”. E, sabia que o que fosse dizer deveria ser dito com cuidado. Mas , ele pensou por algum tempo e respondeu.

“Meu jovem, abandone seu orgulho que você irá esquecê-la. Não se envergonhe de ter perdido o que nem ganhou. Queira a felicidade da moça e você estará livre para encontrar a sua”.

Ele não entendeu. Baconatã anotou essa anedota riscando-a na pedra ao seu lado.

DIAS RUINS

Alguém entrou na Gruta dos Sonhos trazendo consigo todo o desespero da angústia.

“Eu odeio essa impaciência... Ao meu lado toda essa condição de decadência... eu me pergunto onde está a beleza nisso tudo?... eu não consigo mais agüentar toda essa falsidade. Vejo pistas que me acompanham; fantasmas ao meu lado. tudo está nublado! isso pode mudar, o telefone está ao meu lado e, para quem eu ligo? eu não ligo para nada! Eu penso em você, Está tudo nublado”!
Quando nasci, não havia anjo algum e meu mundo ta todo torto...
Não sei o que fazer, mais enquanto escrevo um certo vazio me deixa completo, não me vejo esperto! só quero não pensar em nada. Eu vejo o caminho mais eu não consigo alcançar, por favor me guie, não lute contra mim...
“Eu só peso um tempo, eu preciso de paz e sei que teria se ao invés de uma folha de papel eu tivesse você me ouvindo. Alguma coisa me corrói por dentro e não sei quanto eu pretendo agüentar... Eu não agüento me sentir baixo”.

Baconatã realmente se comoveu, mas tinha que ser sensato para indicá-lo boas palavras.

“Nem todos os dias são bons, ou são como nós queremos que sejam. Mas quando isso passar, pois você já deve saber que não dura muito, você vai ter aprendido alguma nova lição”.

Uma voz quase sem som para os ouvidos mas não para alma foi ouvida na gruta:
“Obrigado... obrigado...”

SOMENTE POESIA

Às vezes, alguns poetas visitam a gruta. Não vêm em busca de respostas, somente querem ler seus poemas para alguém. O primeiro foi recitado por uma bela jovem. O segundo deles, por um rapaz que não devia ter mais que catorze anos. E, o terceiro dos poemas era de um homem, se me permito ser um pouco injusto, de aparência bastante estranha.

São tudo possibilidades a menos que você toque!
O amor é uma possibilidade, se não o toco, sofro pelo que não existe.
Acredito nas possibilidades. Às vezes, sou forçada a mudar;
Faço-me acreditar que o tornasse possível não existe!

Quando minhas possibilidades tornarem-se reais,
Gritarei pelos cantos mais impossíveis
O quanto é impossível viver sem ti.


Há seis lados eu passei, mas, só, do seu lado é que notei
(Sendo só, um estado ou pré posição) Tanto faz, ambos são exclusão!
Em alguém que não vê além, mais, Só sua visão.

Suave visão que exclui a exclusão do estado de não ser
Em um grupo de pessoas; conjunto; reunião
Não ser só você ao lado Não ser só visão
Sua visão
SuAve voando no céu:
Ilusão.
Só, luzes são apagadas.
Acordo ao teu lado e vivo minha visão sem mais ilusão
E escrevo para nós que ao infinito seremos sós
Só suave e bela exclusão do conjunto, Pois juntos, só há lado!
Sem mais, assino ... ... ..

I need to be in your side I need to be inside
I wanna be with you even blown
I wanna you in mi sight, I now!
Here, there, anywhere…
Just touching; magnifying the real
I wanna you for the meal!
Don’t let me wasting time
I wanna you being mine!
Don’t let me be proud of Nothing
Cause if you do, I will not be chasing
You,
Here, there, anywhere…
At this moment, I’m busy with this paper
But when I could be in the highest
Top of the mountain
I’ll gonna choose the biggest rock,
Whatever the pain
And I’ll go to your home; knock on your door
If were necessary, sleep on the floor
Waiting that you open it!
And, when you do, I’ll gonna caught the perfect rock, and I’ll gonna squeeze all your beautiful head, spread you brain on the street!!!
I’ll gonna destroy it on the floor…
Cause you the only one that makes me think of love…


Sou só a sombra...
A sombra que vaga pelos cantos atrás de você
A sombra vazia sem o seu amor
esvazia a tua dor
Sou só a sombra...
Enquanto houver canto, sou sua sombra
A incerteza me assombra
Sou
a Sombra...


O SILÊNCIO


Em certas ocasiões, o silêncio é uma boa resposta.
Ou talvez , Baconatã só estivesse dormindo, fato que é raro.

“A vida é bela mas a cortina é grossa e o espetáculo está embaçado!!!”.
“Minha veia artística está entupida com o mal estar do mundo!”.
“O mal é natural à humanidade, por isso, deve-se cultivar, com muito esforço, o bem todos os dias”.

Talvez ele ouvisse um bom conselho em algum outro dia.


O DIA EM QUE BACONATÃ CHOROU

É injusto porque eu trago algo em minha mente que me foi imposto e agora, ao tentar me proteger, acaba por me prejudicar.
Mais injusto que ter isso dentro de mim, é eu notar isso tudo e, antes disso, eu noto amando! É um amor disfarçado, reprimido, mas é um amor que não me permite destruir aquilo que me faz mal e que agora sou eu mesmo!
Tento descrever isso de uma forma que você entenda. Essa é uma das grandes angústias que eu carrego. Eu não sei como dizer e, por mais que eu descreva das diversas maneiras que eu tenho tentado, eu nunca vou conseguir fazer você sentir meus sentimentos e nem pretendo fazê-lo. Mas eu gostaria que você enxergasse um pouco disso tudo para eu não me sentir sozinho.
Eu tentarei explicar de uma forma prática. Pessoas que nascem cegas ou com alguma debilidade em algum dos órgãos sensitivos não vão saber; sentir, o que é enxergar mesmo que alguém descreva a sensação para elas. Contudo, elas têm a possibilidade de saber que existem mais pessoas como elas. Não acho que isso possa suprir a falta de sentimentos que lhes foram privados, mas, talvez, possa aliviar o sofrimento delas por elas não se sentirem sozinhas.
O que eu estou tentando dizer é que se eu penso e sinto de um modo subjetivo que eu percebo ser contra ou diferente de todas as pessoas que eu procuro conhecer, então, eu me sinto com um problema e sozinho por não saber identificar as pessoas que são como eu, pois acho que não estou sozinho...

Uma lágrima caiu do olho de Baconatã e após um tempo ele disse:

“Você não é o único!”.



UM ASSUNTO DIFÍCIL

Um rabino entrou na Gruta dos Ecos trazendo em suas mãos um colar com um certo santo pendurado nele. Ele olhou algumas vezes para o objeto em suas mãos, apertando-o como se quisesse extrair dele algo muito importante. E, então, ele ergueu sua cabeça, respirou profundamente e disse:

“Algumas pessoas dizem ouvir Deus. Dizem o que eu devo fazer para chegar até ele, mas em tudo que eu tentei até hoje, sinceramente, não consegui saber se o encontrei. Talvez eu seja algum tipo de demônio, uma alma desmerecedora de sua luz. Mas eu tenho tentado, juro que tenho. Não pelo caminho que me mostram, mais pelos que eu entendo serem corretos, por mais que eles não sejam bem vistos no lugar de onde eu venho. Bom, talvez você possa me responder se eu sou alguma alma má vagando por esse mundo”.

Baconatã sentiu muita força e sinceridade naquilo que o jovem falou, e depois de pensar, observando-o por 63 segundos, ele lhe disse:

“Meu rapaz, o único lugar que Deus existe é dentro de nós mesmos, portanto, em todos os lugares. Se alguém lhe disser que Deus está em um livro; em um muro; em uma casa ou igreja; qualquer outro lugar que se pretenda tocar sem ser tocada a alma de quem vê, pode saber que se trata de um farsante”.

O VÉU DA MATURIDADE

Tem dias em que a gruta me parece um consultório de análise. Vejam o caso desse menino que lá chegou com todas as dúvidas da imaturidade, além das que nele, e isso são poucos os que notam, foram aos tempos acumuladas hereditariamente e, agora, lhe “estoura” dentro da cabeça. Não me privei de transferir alguns palavrões que foram expelidos com um certo ódio.

“Porra, porra!, o amor está morto e o fingimento impera em beijos falsos!... Aquela menina é louca!, depois de quase me matar... fazer com que eu não acreditasse em nada mais do que eu imaginei que ela fosse... fazer com que eu não acreditasse mais em mim e na vida... Eu lhe disse que procurava um lábio que me fizesse esquecer toda essa podridão e fingimento ao nosso lado, com ela ao meu lado,... Pois agora eu acredito que esse lábio não é o seu! Você também é falsa e quem sabe se não é uma qualquer, uma puta”.
Mas ela não é! ah!!!!
Isso poderia ser um Romeu e Julieta. Os venenos de hoje causam até uma sensação de prazer, poderia escolher: cocaína; heroína, álcool... estão todos ao nosso alcance...mas, é... Que tamanha estupidez seria!!! Eu não faria.
“Sometimes, love can safes lives, can’t it”?

Então, o menino se acalmou e começou a ler algo que havia escrito.

“Preciso estar sempre aprendendo algo que eu não saiba e preciso produzir porque se não eu começo a achar que eu não sei nada e fico abatido”.
Às vezes, eu acho tudo que vejo muito idiota e se não estiver bem comigo não consigo ser mais forte que todas as inutilidades, coisas sem importância do mundo e se eu pensar que estou sendo idiota também, tudo se perde.
Eu sinto que tem algo em mim que eu preciso mostrar ao mundo. Isso pode parecer sonhador, mas de certa forma eu não quero pensar assim... é algo natural e então eu penso que tudo isso que está em minha cabeça deve ter algum motivo e, não posso acreditar que não tenha!!! Tudo pode parecer perfeito, assim como tudo pode parecer errado e ilusório!
Não sei onde está a mulher que eu quero. Ouvir essa menina que me apareceu; ouvir o encanto que ela passa, é como ver meu destino. Eu quero saber se esse meu medo de ficar com alguém vai sumir e vou ter ela comigo? Eu amo, mas não há desejo... parece que o amor o encobre, não sei ao certo.
Outras vezes eu ponho toda minha esperança em algo e isso me faz muito bem. Eu fumei maconha por um tempo e era legal. Eu pensava, sabe?, livre disso tudo! Então eu comecei achar que era besteira, foi o que sempre me disseram, e fiquei na pior de novo. Eu não pretendo procurar nenhuma outra droga para entender meus problemas e talvez eu nem precise dessa...
“eu não sei se vou ficar bem de novo... nem sei o que é isso tudo”...?

Baconatã, com toda sua vivência, ainda se impressiona ao ver a magia da vida crescer de novo. Disse ao menino:

“Nada dura por muito tempo! Não é fácil enxergar a brisa dentro do furacão e é sempre bom você conhecer, sonhar com mais de uma rosa para não cair por completo em algo que pode não ser sua verdade”.
“Você é um líder! Você pode encontrar outros se procurar nas boas artes. A verdadeira arte é um dos meios que Deus usa para se comunicar conosco. Ele está próximo também dos avanços da Ciência que pretendem a evolução da humanidade. Existem tantos outros como você; irá descobrir se for um dos fortes”.
“Se entender o que os grandes sábios nos tentaram dizer, aqui, não mais irá voltar!”.

O menino chorou por vários e proveitosos minutos. Depois de agradecer pelo que estava sentindo, leu um de seus pensamentos escritos nesses mesmos tempos e Baconatã percebeu que se tratava de uma nobre alma, sentada ali em sua frente. Ouviu ele:

“Evolução: O que é a evolução?”
Digamos que duas pessoas nasceram no mesmo dia, no mesmo hospital e, uma delas, é você. Você cresceu em uma família que pode lhe dar estrutura social; financeira e educação. Enquanto a outra pessoa aprendeu a viver em um ambiente onde só via destruição ao seu lado. Ela não conheceu tipo algum de estrutura que a fizesse enxergar o que você conhece como vida.
Digamos que hoje você está caminhando pela rua e vê essa outra pessoa caída em um canto,drogada; suja; com fome?
Eu não sei o que você pensa. Eu não sei se você despreza ou sente angústia por vê-la nesse estado e não saber como ajudar?.
Bom, mas eu sei que no começo, quando vocês nasceram, vocês eram iguais! Você só teve mais sorte que ela.
“Pense nisso! Evolua”.

“Vou deixar para você”.

O menino se foi.
Baconatã apanhou o papel com o pensamento depois do anoitecer.

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