quarta-feira, 10 de julho de 2013

Nevoeiro Lisérgico Sobre Polvo Voando





NEVOEIRO LISÉRGICO SOBRE POLVO VOANDO


COLEÇÃO ALICIA NO PAÍS DA LISERGIA







TENTÁCULO PRIMEIRO: NEVOEIRO SOBRE O POLVO VOANDO


por trás das nuvens brancas claras de transparência transpassadas por luzes contrastadas vindas das sacadas de um prédio azul branco laranja entre muitos outros edifícios que consumiam a visão de um universo embebido e perdido em tamanha névoa que consumia toda matéria em sobra só o céu em extremo escuro granulando todos os feixes das luxes nos postes nas esquinas silenciosas no abandono do breu lúgubre de borrão impressionista em sua propagação pelas finas gotas de água que nos ares dançavam sem serem atrapalhadas ao redor das fontes de luz iluminadas lutando com uma lua tímida em um espaço de céu adiante em laranja avermelhado quando o sol se consumia pela terra caindo por detrás de uma montanha de um vulcão verde mágico explodindo toda sua beleza em rochas fumegantes amarelas que cruzavam por todo o espaço em seus segredos por debaixo da concavidade da atmosfera do planeta que se mais tempos passados era um mistério de grandes discussões sobre suas causas e seus devidos efeitos agora banais na época realizada em seus avanços desenraizados deixando-nos maravilhados em nada sem explicações exatas de modo a não notar toda a beleza que congela o tempo na espera que paremos para entendê-la sendo só observando a magia andando por uma rua em uma certa noite nublada realidade banal de cabeças que não conseguem perceber na beleza vaga que somente na concentração pode-nos revelar voando por um céu que jamais existiria em uma dessas mentes sem brilho de segundos que se perdem no não parado para a beleza interior de cada coisa num momento de fantasia e cor e sem falar dos sons de imensidões obscuras que propagam de cada vinculo existencial como nas células dessa grande árvore com pétalas de lilás e violeta refulgentes até a morte evocada pelo branco nas bordas das suas folhas caídas empilhadas sobre um chão de asfalto áspero à visão romantizada que some ao ver de uma carcaça de um pássaro preto rajado por pontos mais que traços brancos que apodrece no chão florido.

O tempo não se faz somente nos ponteiros tão quanto na decomposição da matéria
O tempo é movimento e enquanto parado morro mas antes morto pois nem via árvore que gemia por todas suas entranhas violadas pelas rajadas de vento que a consumiam toda como um amante que despe sua ceia de belos seios.
O nevoeiro se abriu e nadando nele é que se viu passar o polvo.

Aquele homem novo e rasgado pelo tempo em que se perdeu seguia a passos rasos pela rua nebulosa em determinada madrugada de um dia qualquer até avistar a bela árvore que se despia toda para o outono enquanto um pássaro se decompunha em pó próximo à uma de suas raízes que cortavam o asfalto que se rachava em seu caminho.
Sentou aos seus pés e no céu viu surgir à coisa.
Viu os tentáculos primeiro.
Curvavam-se para frente e com beleza eram arremessados para trás de todo o corpo grandioso dando assim força ao molusco que se projetava por entre o oceano fantástico das nuvens brancas de fundo roxo pelo resto do céu ostentando sua cabeça enrugada e altiva por sobre o edifício do número duzentos e vinte um da rua Solar dos Moloks.
Suas garras dançavam sensualmente acariciando as nuvens ao seu redor.
Penetrava-as deixando atrás um buraco vazio.
Nevoeiro sobre o polvo que voava. Voava pelo céu de fumaça e se fazia polvo.
Via-se ao centro os olhos negros de esperteza do polvo.
Olhos da escuridão da memória do infinito universal dos céus que trespassou.
Pelo espaço passou capturando motivos para se fazer nadar sem mais uma gota de lenta escrita e pressa por sobre seus tentáculos de letras. Tentáculos capazes de sumir por diversos universos para compreender o infinito escuro que é o não conhecer.
Era isso que trazia aquele animal. Idéias agarradas sobre seus tentáculos.
Idéia de todo um tempo volúvel nos séculos que se foram.
O polvo congelou pequenos pedaços de tempo e os guardou para os universos seguintes.
E como eles vieram?
Em versos.

Foi então que o homem, ainda sentado abaixo daquela árvore vistosa acima do pássaro fedendo à carniça abatido em seu ninho por um chumbo fulminante deixando dois filhotes ainda com fome à espera dê quem lhes de abrigo, viu no céu o grandioso animal curvar-se rapidamente mergulhando através das nuvens para entrar pelo quintal de sua casa.
O homem correu e, passando a chave no portão de entrada, ainda viu o último dos tentáculos atravessar a fresta da janela escorrendo por sobre o cubículo de vidro, o viu entrar na sala seguindo por cima da mesa de jantar derrubando um lustre sobre o chão de madeira, o viu seguir pelo estreito corredor com duas lamparinas amarelas que mais pareciam velas, o viu entrar em seu humilde quarto e lá ficar parado no teto, flutuando.
O homem entrou assustado em seu quarto, olhou bem dentro dos olhos negros e molhados do animal enquanto seguia ao seu lado pretendendo ver seus tentáculos que flutuavam como uma onda propagando no ar e quando ia principiar a terminar a primeira estrofe do primeiro verso colado no bicho, o danado lhe soltou uma fumaça negra e espirrou direto para fora do quarto e do mundo para nunca mais voltar.
O homem ainda correu por entre a nuvem negra e chegando ao quintal viu o molusco subir para o universo por entre os galhos de uma árvore verde do jardim.
Sobrou-lhe somente a primeira e única estrofe do paraíso.

Se o vago negro ao partir
o vago ser não pôde sentir
o saber a que me fez liso
um exilado do paraíso.

(julho.2004)

O homem deixou-se cair em sonhos.
E neles vislumbrava o animal liso juncado por suas intempéries oníricas.

Libido dentro de uma lesma perene e inerte nubla quebrada vertendo sangue quando deseja gozar esperma explode em imagem da besta de um santo sacro venha ver-me compor pedia a prece apaga duma memória lúgubre remota fração do medo monta a ceia e cerra a seiva saliva quanto suor jogado na pele na luz clara vinda de alguma maturidade verte escura escova teus ossos abaixo dos lazeres frívolos do sexo enquanto deferia descerrava em um blues solitário solstício de sono agora lento agora movimento irrisório sonhos em cicatrizes azulados por antigos móveis azulejos cabeceira antiquada antes fossem livros velhos livres a visão da carniça vermes esvoaçava a partícula da coisa mole seus lábios ainda no lustre entrou o sonho numa liberdade e transcendia a vagina ao lado o medo da coisa negra e pastosa que voava ainda pouco seus tentáculos de molusco contanto ao mesmo tempo o alabastro o chamava caminhar na escuridão aquosa e abriu-se cor vinho rosa vermelha morte duma manhã ainda por vir esterco de outro espírito mente agitada queda num buraco negro sem fim o começo do sono morto

o sonho da noite não apagará os medos do antigo
o tempo não se faz somente na carne que seca a seiva ainda fresca
baba nas pernas inermes o gosto do passado. Morte e reencarne.

No meio do sonho o homem com seu sorriso tímido a racha mole via em sua frente lambo amanhece diz a frase bonita sobre ter ido vê-la não amanhece ambos somem para o infinito desconhecido sentados numa escada antiquada de azulejos podres e rimos da planta estranha aparece alguém atrás deles suas mãos as dela sumiram por entre esses cabelos que quase amanhece palavras sobre música árvores planos de vida coma a mexerica muito boa para sarar da cerveja colhida no mesmo terreno onde outra árvore grande parece nos abraçar erguendo-se por sobre nós com o fundo do céu de nuvens dispersas em pequenos quadrados de algodão vamos embora voando e ligando de madrugada para falar da lua e de um lanche grande na geladeira os vemos deitados no chão tenta chorar por estar tão perto e tão distante feliz ao lado contando coisas que talvez só ela saiba e que são tuas mais belas verdades dormir juntos um lustre com uma luz muito bonita pendurado um xale brilhante acorde e estão abraçados sem palavras ela diz que está gostoso com sua fala contida para dentro e o homem acaricia seu corpo carinhosamente ela se vira para seu lado e deve estar o olhando porque brinca com essa mão que abre os seus olhos e se beijam.

Libido de fraude de quem adormeceu e borrou-se todo nas pernas e a coisa negra ainda voa pelo aposento não amanhecido.
Uma linda manhã nebulosa começa surgir na lesma vê o brilho
Passou como a fumaça espessa que some por fora da janela parou o tempo e fez ficar real tudo que era imaginação. Gozo.
O homem recobra algum sentido ainda lúcido pelo molusco.

Rebusca no leito o diário do que fomos. Otário e sobre a cabeceira. O lê.
Uma manhã comum em Sanca. Entramos neles.
Alguma coisa corre por dentro do seu cérebro uma maratona rítmica de fluido poético somente um estudante transitando de um lado ao outro dessas orelhas acorde vendo a nuvem negra que nublava o único e importante poético mainframe e então abra o dia indo até a padaria comer um pãozinho na chapa e uma jarra de suco de laranja grande mesmo mas grande mesmo de deixar você satisfeito mas pecador
por querer mais mesmo tendo gostado do café da manhã ainda tem muita poeira nesse seu céu de nuvens de letras e luz da mais pura leveza do escrever então fume uma bucha
ao voltar para o quarto irá passear com a baleia essa cadela mas desista para ir ao cinema ainda não foi a partir de agora esse instante é só a vida porque a estamos vivendo enquanto termino de escrever espero que o seu dia seja muito discutível perante as leis do amor porque precisamos produzir

tudo que move o mundo são suas guerras e suas drogas.
O sonho não o livra da folia e da vontade. O homem sucumbe.







SEGUNDO TENTÁCULO.

E agora observe o formato estético que tem ao lado
bem ao lado do texto veja você as linhas não terminam no final
do papel porque não está formatado o padrão e elas formam um desenho
vejo algumas montanhas ondas do mar
um cara mau um pintor com bigodinho e tudo Ah ontem também viu a sua Alma
falamos disso naturalmente porque o homem já esperava acontecer vamos narrar tudo para que ele possa se lembrar daqui uns anos oitenta talvez
estava na rede do quarto que também tem um bar é um varal de textos que me lhe é como um polvo preso no teto
mas narra o quarto em outra vez o homem estava ouvindo o white álbum ou sgt. pepper`s lonely hearts club band ouve pixies, where is my mind uhuhuho e então cochila e quando está no êxtase que são os minutos do inicio do sonho que liberdade maravilhosa ela nos dá
assim quando volta vê vendo a tela do computador a bandida da sua alma Ela está pretendendo ser compositora e então estava lendo a música e.

já está se armando para enfrentar a sua própria alma quando ela começar a o forçar aprender música
Utilizando-se de toda a sua artimanha
Sua mente o massacre do inútil corpo materializado.
E agora vamos ao cinema.
-22/05/2004-
Acordamos.










TERCEIRO TENTÁCULO

E quando andou por sobre os versos?
Nos sonhos. Foi no ultimo dia que estava lá. Com a coisa negra. O homem caminhou até a entrada de uma corredeira criadouro de abelhas de repente estava andando por sobre as pedras nas quais leu o diário de Klee: rodeado de água e falando um monte de frases versadas como um repente notou que a beleza da música e de toda arte está no não pensar porque as frases vinham em forma escutava a forma do som no final de cada frase e a melodia ia surgindo sem que pensasse nas regras da sintaxe foi um momento iluminado e após tudo isso que cantava andou por sobre um terreno arado enquanto via uma bela árvore em sua frente Lembrou que os versos vinham do movimento de se arar a terra o vai e volta E assim andou por sobre os versos enquanto as musas subiam sensualmente se concretizando erroneamente nos galhos daquela árvore Errado porque sabe que eram as musas e vai até desenhá-las.

Lembra-se que na noite anterior fora convidado para trabalhar na fábrica.
Acaba indo ver. Conhece a senhora que cuida dos teares desde os 12 anos de idade Conhece algodão como água Um dos senhores o olhou meio estranho deve ter achado que eu era o outro rapaz que foi lá trabalhar Algum imaturo com grana e foi menos orgulhoso e recusou o trabalho.

Mais uma lucidez enquanto o molusco mordia o seu pênis.

O homem viu o outro homem com a mulher dançando no campo gramado ela parecia uma coluna espiralada de fumaça voando direto para o céu enquanto ele a rodopiava Eles continuaram sorrindo aquilo que você não participa também se narra e o homem sentado atrás do balcão de flores não comemora os mortos com flores alimenta peixes dentro da fonte no canteiro das hortaliças o que você não é também vive e cara Anjo do lixo o geral lá fora está próximo ou distante das tuas prioridades?

TENTÁCULO QUARTO

Nota que enquanto dorme a sua alma se perverte seduzindo as outras almas quase igual ao dançarino e sua mulher fumaça e ninguém imaginou o quanto o velho curtia a suas plantas enquanto o jovem funcionário comia sua filha de belos olhos azuis no quarto dos fundos E ainda não sabe o quanto do mundo é mundo os seus pais viam menos tv que vocês A sua alma está rompendo uma calçinha de seda no paraíso pondo sua mão inteira sobre sua vagina e dizendo Te Amo por isso tudo Só isso tudo que não sabe bem se toda a humanidade se esqueceu dentro de todas suas malditas drogas.

O homem sente o cheiro das árvores molhadas a chuva cheira e não molha chovia enquanto eles dançavam Veja as coisas todas como elas são fora da praticidade e da velocidade que impomos ao redor.

agora são 16 e 23, talvez umas 17, 17 e meia o sol vai começar entrar pela janela do quarto e iluminar com belos fachos de luz ouvindo The Clash no momento London Calling e temos que entendê-lo









QUINTO TENTÁCULO

Interbio na Federal. Uma nobre festa.
E o mundo é feito em camadas e as camadas se fazem nos tons de cores e as luzes têm as chances de o fazer brilhar mas sem que seu brilho se torne egoísta e o torne arrogante Se bem que é difícil fazer com que as pessoas entendam o que estava pensando agora sem o parecer egocêntrico ou egoísta Sentou-se em um pico muito bom Um pico com uma moça que conheceu um dia ontem O nome dela é Cá, Cá, Cá não sabe de que mais é cá A gente divide um belo instante juntos estamos vendo a estrada da Federal com todas suas cores e árvores e dissecando nossa memória de viagens pelo infinito de nossos cérebros você compraria uma caixa de tempo e espaço? Eles vendem porra o lance é forte.

O homem lê a mente das pessoas o que é muito perigoso e o ocidente está aprendendo que dentro de nós existe um espírito quando seus pés sobem até o intimo você tem que voltar porque céu é lugar para anjos e não para nós essa geração é descrente o suficiente para fazer o movimento recomeçar o mundo precisa mover O mundo vai surtar O espírito nos está nos pondo em nossos estranhos lugares E sabe por que não podemos dizer muito do que pensamos porque se eles despendessem um por cento dos brilhos que tem naquela cabeça alguém poderia querer os matar para tentar encontrar algo por lá dentro nessa mente o tempo é relativo lá por dentro

O tempo depende do nosso sentimento.
O homem vê as árvores e entende que as árvores são os seres superiores que existem pois crescem no mesmo lugar pacientes e se fazendo belas para nossas vistas.
O molusco voa.

É somente ser o presente ao lado da sua presença.
Possuí-la com todos os seus segredos é sua verdade de agora em diante

De antes de beijá-la e tocar suavemente cada concavidade do seu corpo.
O homem quer saber os seus sonhos.
Na parte que puder, fazer o possível para torná-los concretos.

E o dia vai amanhecendo e o azul entrando pela janela.
Sinta-se em casa, entre e aproveite!
Por aqui é lugar para todas as cores que vagam no espaço.

E enquanto amanhece ele pensa em vender a cômoda antiga dos seus avós para conquistá-la.

Quem sabe será só você por dentro e por fora.

Aquele ser não vive mais ali não baba mais por aquele teto não se enche mais daquele sexo sujo e não guarda mais poemas em seus tentáculos. Prende ainda aqui os sonhos desses universitários.
O homem ainda correu por entre a nuvem negra e chegando ao quintal viu o molusco subir para o universo por entre os galhos de uma árvore verde do jardim.
Sobrou-lhe somente a primeira e única estrofe do paraíso.

se o vago negro ao partir
o vago ser não pode sentir
o saber a que me fez liso
um exilado do paraíso