sexta-feira, 10 de julho de 2015

scarlet lucy de beson


Talvez o meu corpo não tenha sido feito para isso de ter tato. É só porque as roupas não secam nesse apartamento que estou começando essa conversa. Começa um filme no Cult com uma baita suruba. Os caras iriam rir aqui se falasse de novo que tem algo a ver com Rimbaud como quando fiz nos “paraísos artificiais” quando eles só reparavam nos peitinhos, foi assim que disseram: “peitinhos” da atriz principal. A coisa toda é um pouco mais complexa comparada ao vento da sacada. E elas se chupavam. Hoje fui ao prédio do Tribunal de Justiça aqui de Floripa e lá tem um restaurante pequeno para tão grandes excelências. Mas foi ali que o cara sem tato foi parar por meio de um anuncio de grupo de facebook. Achei estivesse no lugar errado, tão fino o garbo, mas era ali mesmo e descolei o e-mail de Srta. Michele. Sei lá o que ele vai sentir quando ler, mas enviei-o, como faço inúmeras vezes nas tardes que volto a casa na esperança que um deles entenda que ali está mais uma grande oportunidade de eu fingir que sou equilibrado o suficiente para vaga.  Mas tenho a boa graça de enviar o anexo com o portfólio de minhas publicações. Talvez alguém não seja tão besta assim de nivelar o meu tempo de serviço por datas e perceba a beleza deste momento. Foi uma das inúmeras coisas que aconteceram, mas é a que me pareceu mais relevante. Talvez não para os outros seres humanos que cruzei, eles reparam de outra forma, e não questionam sua relação com a realidade dizem somente que não há oportunidades no momento. Poderiam somente as malditas roupas secarem?

A moça veio cobrar o aluguel enquanto eu dormia de tarde.

- Foi mal, vai ficar para amanhã, Dona Ana.

Eu poderia até tentar explicar que é pelo fato de eu não me entender com a minha libido num dia tão cheio para ir ao banco, mas deixa para lá. Talvez Paulin entenda que é pelo fato saudoso de eu me lembrar que não tenho a menor relação de simpatia com  os meus sentidos que estou escrevendo nessa madrugada. Mas foi legal até aqui. Amanhã tem mais, se o amanhã deveras existir como me mostrou Scarlet Lucy de Beson.