sábado, 11 de junho de 2016

Vépera de Valentino`s


Véspera de Valentino`s

 

(11 de junho).

 

“Eu vou escarrar nessa Terra para nascer um pé de vírus, e dos seus frutos eu extrairei as letras de um Amor translúcido e de Fé: a certeza que há milênios nós estamos lado a lado como uma concha que não larga o seu escaravelho. E o que nós faremos a partir dali será suavidade para um escroto estupro coletivo, tirando de ti a vontade que eu sei de estar vendo esse vídeo divulgado, Nós vamos nos superar numa cabana e no deserto da Namíbia. Ninguém chega perto do Amor que foi separado. Essa união tem sessão única e é melhor a plateia se contentar com Cannes, pois ali, na tenda, sobre o véu da espontaneidade e do verdadeiro, nenhum banal vai entrar para filmar o nosso casamento. Fiquem com os milhares de estupros coletivos dessa Terra: estaremos longe e disso não mais ouviremos. Detestamos vossos telejornais e merecemos o respeito de vazio. Minha intenção nessa carta é sumir com você mais e mais até que dos meus dedos no teclado só sobrem os calos.”

                                                                               Torah 12:23. Afastai-vos dos telejornais da Terra.

 

deveria ao menos ser mais justo escrever a carta

sendo eu que estou do lado do que irão julgar loucura

enquanto Você redime a nossa realidade a enigmas complexos

de aparições esparsas no limite da crueldade incrustada no fálico

Do ser e não ser. Ectoplasma. Vulva.

 

como quando eu estava no sítio ao meio aos demais animais e iria me masturbar olhando uma foto de uma fulana no celular

pedi aos céus que você me desse o sinal para que eu não caísse mais uma vez ao umbral, e eis que o meu celular toca com um número desconhecido no qual não tive reles resposta de ser você do outro lado da linha. Era você?

 

Conversamos e deixamos os demais leitores fora desse diálogo, Eu mesmo me vejo num sonho desperto, do qual não posso sentir o peso dos seus alvéolos dedos sobre a minha fronte, como a geada que se forma no vértice de uma folha, E aguarda que o relutante Sol apareça e lhe mostre: “Aqui estou, o beijo existe, o lábio quente te seca levando o teu vapor para outros ares”. É tudo tão louco, por que estou me privando mais um ano desse calor?

 

É irônico, As pousadas estão lotadas nas serras, entretanto eu mesmo que quisesse, não poderia levar uma fantasma à um check-in.

Seria engraçado abstrair dos demais preocupados com tais ou quais políticos absortos em propinas enquanto nós, destituídos da capacidade de tocar a Terra, descascaríamos beterrabas e nos deliciaríamos com o roxo em nossa tela, dedos valores roupas e blues. A quem nós vamos mostrar essa festa se estamos separados por energia, sua louca Grega. Sua túnica branca cobrindo o delga do seu corpo, cabelos descentes sobre as costas, olhos de cor do mar de Santorini, espaços entre os braços. Que desgraçado vai acreditar na nossa realidade para que eu possa debochar da sua inútil acareação apaixonada numa falida política. Somos ladrões de sonhos, contanto, sem espectro, Não dá para fazer a mágica.

 

Como na cena final do excelente “De Olhos bem Fechados” de um Kubrick que escapou como eu tento escapar. Se o telefone tocar agora, eu digo mesmo sem ter o teu o retorno: Nós deveríamos deixar dessa brincadeira e ir trepar, Logo, Muito Logo!

(Acantiza, 10:32:23 h., 11 de junho de 2016).