domingo, 20 de agosto de 2017

Uma suave noite no Billy night live com toques de Quentin Tarantino

Interna – Billy night live – Noite.
Uma suave noite de trabalho no Billy night live com toques de Quentin Tarantino.

Tudo parecia se encaminhar como de costume. As luzes dos letreiros da Heineken e da Eisenbahn já davam as tonalidades no ambiente lá dentro, com a iluminação do hall à meia fase, para garantir o ar romântico. Por fora, o letreiro sobre o umbral “Billy night live” junto com a placa luminosa na parede, indicando o preço do couvert e o nome do músico da noite, já anunciavam mais uma noitada de luz e festa, regida à drinks, guarnições requintadas e boas músicas. Nós já havíamos trazido as mesas e cadeiras para calçada, os tambores para os fumantes apoiarem os copos com os cinzeiros para bater as cinzas dos cigarros, o projetor estava pronto para transmitir as imagens, a casa estava nos trinques, um brinco de pérola caído de um ouvido etíope. Fomos jantar, revezando, para não deixar o salão vazio e nisso chegou a caixa sempre muito elegante, vestindo uma echarpe e um sobretudo coloridos por sobre a camiseta e a calça jeans, pés bem calçados por uma bota. Cumprimentamos-nos “Boa noite, tudo bem Augusto?”, “Tudo ótimo Cecília, melhor agora que jantei”, Então está bom.

O Espírito da Verdade sopra o seu hálito sublime
Nos ouvidos da dama para não deleitar-se no crime.
Mas a impaciência tem o impávido ar sorrateiro
E demoníaco a reluz no seu machado certeiro.

Estávamos conversando na frente do bar e chegou o casal. A lateral estava por inteira tomada para uma mesa de quarenta lugares com reserva de aniversário, bem em frente ao local reservado ao músico.  Não havia como os demais clientes, além dos amigos e amigas do aniversariante, verem ao músico.  A mulher relutou que tinha vindo só para ver o músico e que era um absurdo deixarem somente esse deleite para a reserva. Meu colega foi chamar Cecília para resolver. O casal ouviu tudo de novo pelas bocas de Cecí e ainda portavam-se inconformados, aquele parecia para ela ser o último músico da Terra. Enfim fizeram por que fizeram que conversaram com o aniversariante e se sentaram na mesa da reserva, bem na ponta, bem na cara do músico.  Eu não podia levar o cardápio ainda porque Cecí estava reformulando os valores e imprimindo os novos cardápios no escritório. Expliquei tudo isso a eles. A senhora, como não podia deixar de ser, pediu-me a senha do wi-fi, eu disse que ela poderia conseguir a conexão fazendo o check-in na página do Facebook ou se cadastrando no wi-fi da praça, que é administrado pelo bar. Graças à Deus deu conexão sem ela realizar o cadastro e pude ouvir “olha fulana tal e fulana tal já curtiram a nossa foto”. É algo estranho, mais atualmente uma pessoa não se sente completa divertindo-se se não for acompanhado de um “curtir” virtual. È um tanto triste isso. Então chegou o cardápio, Lucas me entregou e eu entreguei para o casal. Eles discutiram algo sobre os valores das coisas e não disseram mais muito. Como eles estavam sentados na mesa do aniversariante, eu tinha que por a pulseira de comanda no braço de um dos dois. Fui pegar a pulseira com Cecí e retornando, pedi gentilmente que o Sr. me concedesse um dos punhos dele para eu colocar a pulseira. Ele estranhou um pouco, mais deixou. Coloquei a pulseira no pulso direito do senhor. Passaram-se uns dois minutos e a senhora me chamou. “Você pode trocar a pulseira dele, está muito apertada”. Ok, eu fui ao caixa falar com Cecília que estava realmente muito elegante.
Contanto Cecí não deveria estar num bom dia. E foi como tudo aconteceu como eu vou contar. Cecília, muito elegante, me passou o machado. Fazia tempo que nós não o utilizávamos e estranhei um pouco, mas ela reluziu o rosto em elegância e disse-me “Hoje é necessário, resolva” e acrescentou “Faça de um modo que não fique muito desagradável aos demais clientes”. Então eu fui. O Sr. estranhou um pouco eu chegar ao lado dele com a machadinha, mas como um cordeiro que se encanta com a beleza sedutora do caçador, me concedeu o braço e o punho com a pulseira, eu pedi com gentileza “Coloque-o sobre a mesa” e ele foi cortês e atendeu o meu pedido. Então eu sobre ergui o machadinho à altura da minha cabeça, e o desci sem pestanejar decepando a mão do cliente à altura do pulso. Ele esganou de dor e o sangue espirrou na cara da senhora sua mulher e a mesma saiu apavorada correndo do restaurante enquanto o marido esganiçava em dor na minha frente. Dái, para não ficar mal aos demais clientes, eu sobre ergui mais ainda a machadinha sobre a minha cabeça e acertei o centro do crânio de decrépito homem. Então eu recolhi o cérebro na bandeja e joguei o corpo pesado do homem na praça ao lado. Quando eu voltei com o cérebro passando pelo caixa, Cecí, muito elegante, conferiu-me um “Bom trabalho”.

Levei o cérebro para cozinha. Lector, o cozinheiro, que já havia sido avisado por Cecí daquilo que viria a ser, já estava com a panela pronta e aquecida. Somente acrescentou algum tempero e começou refogar os miúdos do cérebro ali na minha frente. Meu colega de trabalho foi cortês “O primeiro pedaço é seu Augusto” eu sinceramente agradeci a cortesia, contudo tive que recusar, estava meio indigesto e não gostei muito da procedência da carne. Lector então me disse “Você é cheio da frescura Augusto! Chama lá para mim o Lucas que é como um cabrito, come tudo sem perguntar” Respondi pode deixar que o chamo. Fui cobrir o Lucas enquanto ele jantava e continuamos as atividades da noite.  Sempre confiem numa casa de onde venha boa música, as comidas são de extraordinárias procedências, somente que, os desígnios dos bons Espíritos nem sempre são ouvidos, ainda mais em noite de elegância e pouca paciência. Voltem sempre.