quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Voando nas asas do venvanse

Não é a benzedrina, preferida dos autores beats, mas venvanse 30mg é um psicoestimulante da família das anfetaminas. Fiquei uma semana mais ou menos sem dormir, mandava mensagens de whatsapp para os meus grupos de madrugada, o que causou certo desconforto e fui bloqueado por alguns dias em alguns deles (eu realmente preciso de amigos, amigas, que sejam artistas rs). Na primeira ou segunda noite de uso eu tive uma disenteria que limpou o meu corpo, numa dessas mesmas noites, choveu muito e a descarga elétrica não só na atmosfera como no meu corpo, fizeram uma limpeza kármica em Americana e em mim.  Nesses dias apareceram pragas egípcias em casa, escorpiões, e quando fui tomar banho, a portinha do sótão, que fica sobre a soleira do Box uivava como uma loba com o som dos ventos e eu pensei que uma dessas pragas fosse cair sobre a minha cabeça. Foi o ataque dos seres inferiores do ambiente do lar contra a cura, entretanto eu sobrevivi ileso. Prometi a minha mãe que não irei beber mais, isso também difere dos escritores beats que misturavam a benzedrina com álcool. Transcrevo abaixo o e-mail que escrevi para o Rodrigo, um grande médico e que me deu o nome para essa postagem: voando nas asas do venvanse. Rodrigo diz que eu tenho que trabalhar com marketing, que irá vender essa frase para o fabricante e me pagar royalties. Contanto a frase não é exatamente minha. É tirada de um texto de uma psicografia de Francisco Cândido Xavier, que diz mais ou menos que as pessoas estavam se iludindo com lugares como a Champs Élysées e a Piccadilly Circus e estavam se esquecendo de olhar para o eu interior, o espírito imortal que cada um somos, e também continua dizendo que a juventude estava se perdendo nas asas da anfetamina e de substâncias alucinógenas. Eu posso garantir que o meu uso é controlado e que isso é bem diferente da venda ilegal de coisas como êxtase e LSD. Segue o corpo do email:
Dr. Rodrigo, tudo bem?
Escrevendo para avisar que acertamos com o remédio!
Estou me sentindo muito bem! Nas asas do venvanse, Muito Obrigado
Médico Rodrigo.
Abraços
Somente para avisar que desde que comecei com a medicação, não bebi mais, graças a Deus!
Durma bem! Até,
Augusto.

E assim vai a minha conversa com o meu médico e amigo.
Eu não pretendo escrever um On The Road, porque estou lendo nesse momento Viajante Solitário do mesmo Jack Kerouac, e assisti ao filme de Walter Salles dois dias atrás, o Na Estrada. Eu sabia que eu iria identificar o meu estilo literário com o destes caras, e também o meu estilo de vida errante, batendo a cabeça de emprego em emprego. Contanto, eu afirmo que já tenho o meu On the sea escrito. E é bem bom! Ele está no meu blog o poeta e o barco (www.opoetaeobarco.blogspot.com) . O texto na íntegra deve ser lido dessa maneira no blog, de trás para frente, começando com a postagem “a drill”, depois “Freder Paz” e depois vai seguindo pelas cidades que naveguei até chegar à postagem da Tunísia. Dever ser lido de baixo para cima. Um dia ele será publicado na íntegra e facilitará esse incômodo. Ou meus textos nunca serão publicados em papel, em livros. Atualmente eu sei que eles são uma mensagem para encontrar uma pessoa, uma mulher. Já aconteceu uma vez e não pude suportar. Eu rezo a Deus que aconteça de novo, aconteça dessa bella donna vir atrás de mim através dos meus escritos. Hj estou preparado para recebê-la, somente que, como um bom beat, estou quebrado de dinheiro, e isso não agrada muito a uma femme fatale. Até lá, no morro dos ventos uivantes, ou dos sótãos uivantes, eu me divirto como posso e com amigos, amigas que não gostam de receber whatsapp de madrugada. Até mon amour. Abaixo reproduzo um dos esboços do livro maior que está em o poeta e o barco. Dá para sentir o tranco. Deleitem-se nas asas do poeta Acantiza.

A palavra tem um gosto doce, enquanto ela desce num gole hostil à boca, contanto suave à alma: - È uma honra apresentai-vos este meu cadáver.

La demoiselle de Chabrol


Int - Cabine 1821-

- Sendo noite ou dia, nós as chamaremos: Cavernas de Morcego - Eram mil e tantas. Se você as visse naquela maquete do navio, no quarto deck, exposto bem ali no hall de entrada do restaurante El Duero, veria uma hierarquia do luxo em design bidimensional, navegando cada qual com os seus andares de classe, retaliados em cores. “Você está aqui”.

Para alguém que pretendesse contar algo de novo nessa era de 2011, direi que no covarde mercado das coisas, pós dez anos de sua exuberante previsão, Sr. Kubrick, não projetaram ainda as cores do caráter. Aguardo o dia em que possa ver em tela, ou maquete, a iconoclastia tonal de uma conversa entre humanos. Gostaria de contar sobre a tela que vi e que mostrava ao vivo aos envolvidos as cores do caráter dos seres: a narrativa silenciosa por trás da pele. Contanto seria supor, matéria da Literatura que espero desempenhar bem. Assim, fica ao julgo do literato a tentativa descrever as nuances que nela, e nele, a carne e seus segredos, habitam. Aqui só tratarei do crime da 1821, pois dela fui parte.

O do porquê das cavernas de morcego?

A cena seria um tripulante enquanto dormia. Ele, ou ela, abriria os olhos estalados, seu nome seria Murnau. Dois dos oficiais estariam vindo para habitual inspeção de cabine. Ao acordar, prevendo a entrada certa e hostil dos oficiais, o Hondurenho do departamento do restaurante e o Nigeriano da segurança, sr. Murnau nos passaria a sensação de profundidade em seus olhos: os vampiros antevêem o mal.Verímaos em seqüências paralelas os oficiais caminhando pelos corredores apertados do Corso Veneza, e depois descerem as escadas até o andar dos tripulantes. Quando abrissem a porta, depois de algumas pancadas não atendidas, veriam o Sr. Murnau, pendurado em vertical na escada do beliche, suas pernas presas em gancho na penúltima barra degrau: assim como fazem os morcegos, sobre as torrentes invernais agarrados.

Murnau ergue-se, num mesmo movimento como quem faz flexões, impulsionando seu tronco cervical, a cama acima unida à cama abaixo pela escada e por sobre ela, pendurado, um tanto calmo, está Murnau. Ainda calmo enquanto observado pelos oficiais, alçando-se até chegar com suas narinas ao mesmo plano da estante, ele então cheira mais um pouco do pó de barata – ZAPPT - e voltava dormir, se fosse travessia, ou acelerava, se fosse dia comum de serviço, dizendo-lhes- Senhores, por favor, fechem essa porta e deixem-me aqui mais um pouco. – Não devo repetir-vos- Não é cortez incomodar-me enquanto me aqueço-

Pó de barata é algo de um filme que agora não me lembro, estou tentando pesquisar no Google. Levou mais que cinco minutos e está atrapalhando o fluxo: o escritor começa ter alucinações com a máquina de escrever que vira um bicho estranho com asas e um furo nas costas feito um ânus ou vagina. É de um erotismo bizarro e a tal máquina inseto insulta o cara locado num apartamento podre com restos de garrafas de destilado. Na trama a ficção dos caras, escritores, artistas e outros doidos e loucas é o pó de barata, que está escasso. Assim parece.

Caríssimos bloggers, se essa pequena sinopse não os ajuda lembrai-vos, caríssimos, por favor, não passem mais que os mesmo cinco minutos pesquisando e voltem pr`essa minha narativa.

Em voga, o ambiente da 1821, terá sempre a mesma luz artificial.

Digamos um esverdeado, justificado por um letreiro cênico: um outdoor de motel americano, e alguém da fotografia deve e pode chamá-lo: ponto de referência ou alguma outra merda: fonte de luz, de nome de alguma mercadoria, Budweiser, como em cenas internas de Wenders no Der Amerikanische Freund, mas teria que ser ele para dar esse tom para aquela vida.

Esverdeado, amarelo, escuro, não da natureza, mas das telas do Sr. Win. Desculpem-me crianças cegas de nascimento, por não sabê-lo descrever com palavras sofisticadas: vocês veriam bem melhor que alguns fotógrafos. Disso temos certeza.

- Seria: O Prelúdio ao Seco da Palavra.

- Peraê- dá-me um tempo- vou dar uma mijada.

Naquela noite a 1821 estava digna do nome ao qual lhe deram os seus habitantes: Auschwits, “câmara de gás infernal”. Numa referencia nublada a fumaça que causavam os baseados que lá fumaram.

- Existe algum esquema de tráfico de pó e prostitutas dentro dessa merda.


Se parássemos à frente da porta 1821, ou em todas as outras claves harmônicas dos quatorze decks, cubiertas ou andares, nós somente a abriríamos se tivéssemos um cartão magnético, de certo o 1821. Nas cabines reservadas aos tripulantes, como a 1821, veríamos os nomes dos dois habitantes na pequena alça plástica ao lado direito e à altura média. Os conheceríamos em símbolos, grifados e em relevo.

Daqui se começa narrar uma dentre tantas outras medidas de controle e padrão, prevenção e segurança, câmeras e vigilantes, feito em 1984 de Orwell, meu grande irmão leitor, com o cartão magnético. E o Togo a cantar nos teus bosques. Como era o nome do pássaro?

Ele começou perceber naquela tarde, sentado ao bar logo após deixar a cidade do Estreito de Gibraltar, com seus morros coroas da rainha e macacos, começou ter um pressagio do que tudo era.

A moça que lhe servia bebidas seria a puta de luxo. O cara ao lado talvez um cafetão e dealer, estava tudo começando se fazer claro por trás das cortinas. O esquema o barco as pessoas.

Era o que ele teria dito.

Se não fosse encontrado na 1821, com um tesoura enfiada na jugular, em baixo do beliche e morto.

Esboço criado em:
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010, 15:18:07