Ensaio
NA FIGURA DE DOM QUIXOTE DE CERVANTES, NAS PERSONALIDADES
CAPA DO SGT PEPPER`S, EM
FERNANDO PESSOA OU EM CLARICE LISPECTOR, PASMEM, EM JESUS CRISTO, NOSSA LEITURA DO PORQUÊ OS REVOLUCIONÁRIOS
TEM TODOS UM QUÊ DE QUEER
ANOTAÇÕES
FUNDAMENTAIS SOBRE SER QUEER DURANTE SÉCULOS - ALGO ASSIM COMO NOSSA AVALIAÇÃO
CONCLUSIVA DA MATÉRIA “Metodologia de pesquisa em Cinema e Audiovisual”.
Seminários
realizados na UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas, entre 6/03 a 26/06
de 2018.
REVELADOR DO GRUPO:
Prof. Dr. Pedro Maciel Guimarães Junior
ASPIRANTES
A REVELADOS QUEERS PRESENTES: Guryva Portela, Henrique
Rodrigues Marques, Emilia Santos, Cássio Starling, Augusto César Cavalcanti de
Souza, Luíza Zaidan Granato, Eduarda Wilhelm, Laís Teixeira, Ana Paula Akino,
Luiz Felipe Baute, Rogério Moreira, Gabriel Lisboa, Bruno Dal Molin, David
Terao, Marcel Cancian, Grazielle Simões, Liciane Mamede.
Todo
bom recomeço vem de uma noite de sono. De tão obvio e natural, o humano se
esquece. Se não tens fígado, vais ao leito. Elucidação pessoal após desdobramento
do sono na manhã de 20/06/18-
Falemos
do porquê Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, era o nobre e delirante
personagem queer.
Don
Quijote, como todo bom insano, transcendeu-se do domínio da identidade ao
apoderar-se o título de nobre e cavaleiro sem deverás ser nominado por outrem. Representação
regida a cabo de perfeição satírica na mente de Cervantes, a criatura, não
menos que isso, quis salvar o mundo e as minorias viventes ao seu redor. Além,
percebe-se que a sua sexualidade foi sublime em vislumbrar-si dragões em
moinhos; lutas imaginárias com seres diversos do regime e da ordem, um
dissidente, um queer verdadeiro. Ponto 1 para análise futura.
Pretendemos
delinear arabescos de análise e nem tanto vossas complexidades nestas, que
ficarão como encargo do tempo de digestão científica.
Moinho Cervantes com
perspectiva de grafite. By us.
Sendo
tal, para pontuar as duas parolas do título deste compendio “durante séculos”
de ser queer, estudos semelhantes de personalidades, teriam tido com as
personagens históricas que estão na capa do álbum Sgt. Pepper`s Lonely Heart
Club Band, dos Beatles. 1967. Escolhemos para ti um dos ali constantes: William
S. Burroughs. Afortunadamente, muitos dos queers e demais presentes no eixo,
apesar de não importarem-se muito com desfavorecidos da sociedade, sendo eles
mesmos delirantes o suficiente no mundo interno do anseio e do sonho eterno de
ser e não ser, eram, camarades queers. Voila. Ponto 2 para análise.
No
viés lisérgico na correnteza de idéias que flui dos desdobramentos, meus
carissimi, já irei logo na raiz para não adentramos o mundo de centenas de
queers, naquilo que elevar-nos-ia aos discursos que já o escrevemos na noite,
em anterior desdobramento (sim, tudo está escrito em outra matéria) houve
nítida prova disso esta manha. Vem sendo e como estou transcrevendo um modelo de
um projeto original que poderá ser consultado na integra quando vossas
excelência deixarem essas carcaças pesadas que são os vossos corpos e aparatos
materiais ao trivial instituído da classe; do nome; do humano demasiado, digo:
A
palavra anglo-saxônica queer não tem referente de significação em língua
portuguesa. Elucidou-me o colega Henrique que os gays começaram se denominar
queers e os contrários ao grupo usavam de forma pejorativa o queer como ofensa.
Não sei se é esse autor que a Emília citou, mas fica a boa referência: The Culture of Queers de Richard Dyer,
2002. Ed. Routledge. Queer seria aqui tudo o que se põe adverso a identidade,
estranho ao nome, portanto, em defesa ao que é excluído da sociedade
majoritária, ainda diz que os trejeitos de gêneros são ordenadamente
transmitidos pela cultura vigente. A sexualidade para o bom e velho queer não
estaria imposta aos órgãos sexuais – Emilia cita: “uma drag queen faria uma
performance, uma projeção da sexualidade no tempo, enquanto o gênero seria passado
por permanência no tempo, como um ritual cultural constante. O queer está fora disso
tudo. Não envolve sexualidade e sim tudo o que é contrário, estranho a
estrutura natural ou ainda social. Muito louco, não é?
Que
venha-nos as pedras, entretanto logo abaixo deixarei claro porque todos esses
que citei e esse que vos escreve está muito, bem muito abaixo, do exemplo que
escrevo, absolutamente, contanto, por um viés de interpretação, Jesus Cristo
pode ser comparado ao queer dos queers. Nada estaria fora de senso interpretativo,
pois o que fragiliza aquilo que iremos expor é que o paradigma queer pode
abarcar todos os revolucionários que já pisaram essa Terra, facilmente.
Ouvi,
dias atrás no programa café filosófico, que
Freud sugeria aos pais que vinham procurá-lo para que ele curasse algum parente
da homossexualismo ou lesbianismo, enquanto o mesmo era sincero em dizê-los que
tal não seria possível, mas que aquilo não deveria ser um problema, sendo que
grandes personalidades (dizem Platão e Michelangelo) eram gays.
Muito
louco e muito bueno, porém hermanitos, a sociedade brasileira não me pega mais.
A sociedade brasileira é interesse próprio, o que a torna hipócrita, além,
somos uma society vergonhosamente moralista e não moral. Assim que, um conceito
que poderia ser muito bem abordado, será defendido sim como identificação de grupo,
identificação que, aliás, já está ocupando terreno político e ademais vai fluir
e mudar de acordo com a maré que interessa ao indivíduo queer brasileiro e ao
grupo (se tem grupo tem identidade, vise?) e para quê? Para obter poder. Isso é
política, e brasileiro ama política, porque ama tomar vantagem do quê só a
força em grupo, em comunidade, em partido, garantem. Bem tipo chantagem.
Aqui
entramos ademais no fundamento que interessa-me como criador. Não estudarei em
profunditad cierto, mas Emilia adentra no terreno de Hegel e de Foucault. No que
elaboro agora, o bom queer seria a quebra ao que todo poder teme, pois o que
Hegel desenvolve é que o desejo nasce somente pelo contato com o outro. Como
política somente existe por um grupo de indivíduos, amparada e para o grupo
social desses indivíduos, política é algo coletivo e assim que necessita
identificação e empatia de seus membros. Seguindo com Foucault o sujeito se
reconhece como tal pelo confronto com o outro, de modo que ou tu te enquadras
em algum grupo, ou tu te esforças para ser capa de uma super banda de rock se
fores de vosso mérito, pois tu é queer, all right! E ser sem identidade é pagar
o preço de estar em of. Fora do grupinho do bolinha ou da luluzinha. Tu Consegues
ou choras?
Portanto
há sim um dispositivo revolucionário no verdadeiro queer, pois nosso argumento
se monta que gênero, identidade, disciplina, sendo disciplina de desejo, seria
estimular uma disciplina castradora do raciocínio para mantenimento de poder,
daqueles dinossauros óbvios de sempre que se mantém a séculos na liderança, nas
posições estratégicas nas instituições, onde só entrariam os que são do bando,
do grupo, do nome, e que são ditos como da hegemonia cultural.
Pois
bem carissimi, tal revolução bella queer verdadeira não ocorre exato e porque
há o egoísmo e o orgulho que citei. Vejo que tudo que massifica vira força de
manobra de interesse. Os grupos usam as idéias que interessam aos grupos,
descartam o que não convém ao grupo, e em momento algum silencia-se para sentir
que há indivíduos viventes num universo gigantesco que respira à convivência e
não à dispersão.
A
não identidade somente existe quando tu percebes que é tão igual, semelhante e
pertencente aos demais, que não tem lógica e necessidade de eu, de si mesmo.
Percebas que isto não está em afrontar e ir contra, é encontrar o seu espaço,
ser útil aos demais e pertencer. As pessoas que vejo ao lado, pessoas que se
julgam sem identidade e a favor das minorias, não o são por manter o interesse
próprio. Não abrem mão da identificação, do orgulho, pois identificar-se leva a
uma maior facilidade de chegar ao poder, seja ele posição de líder estudantil, sindico
para liderar num condomínio, líder de um departamento tal ou qual, ou, se
adentrares com fé e força, presidente da republica. Nomeno e in fatto.
A
teórica queer, diferente do LSD, não surgiu da academia e revelou-se nas ruas.
A teoria queer permuta no gueto homossexual e ganha as “boas letras” na
academia nos vindouros anos 1970. Realmente aqui tive postura de aplausos,
porque de sofrer tanto, esse grupo se uniu muito. Não sei se isso nunca seria
como tal se não fosse tão natural que homossexualidade é como tudo que aufere
ao espírito-corpo, portanto não escolher credo; cor; riqueza ou pobreza, para
eclodir em alguém. Fico feliz que aconteceu de um modo ou de outro, dessa forma
de quebra de padrões moralistas, pois a academia é para a sociedade e a
sociedade é para a academia, algo como unificação e não divisa, comunidade
acadêmica cierto?
Termino
a aula perguntando ao nobre Henrique se Fernando Pessoa seria um escritor
queer? Ao menos em criar identidades e desmitificar um “eu”, acho que imaginam
a resposta. Risos Depois da revisão desse noble essay, diremos que Clarice
Lispector certamente é um dos elementos vigentes das nobres brasileiras queers.
Vale vale. Naquilo que vise na entrevista em que nos identificamos e fomos ao
delírio quando Miss Lispector se declarou já ter morrido, ao vivo, e em toda
sua proficiência na empatia por narrar e criar a saga de Macabéa, além mais,
sua linda literatura atipicamente bella du tout.
C`est
fini.
O
SEMESTRE OU ALGO COMO REVOLUÇÃO REVELADA MENTAL EM DETALHES
A matéria
ministrada por Pedro é fundamental para iniciados ou aspirantes em pesquisa de
cinema. Partimos descobrindo a vitrine pelo inicio do século passado até a atualidade.
Aula de sociedade revelada em representação de criadores fundamentais do
produto fílmico, da forma artística que foi se modificando ao advento
tecnológico do aparato, do vocabulário criado para o novo, numa elucidação
cronológica e gradativa que nos faz entender o quanto o processo criativo é
vivo, naquilo que emite e retira do ambiente, se entrega e não permite que se
leve e perca no todo para que ainda sobre o que narrar por si. Incrível. Conhecimentos
que permanecerão sempre no que fizer. Entendi porque fui impelido entrar numa
graduação de cinema há 17 anos. Image Movement Revolution era.
Sendo
em qualquer pós que pretenda ou venha integrar, cinema ou jornalismo, humildemente
levarei como lição de respeito aos integrantes dessa mesma pós que porventura
aceite-me como um ganho em ambos os corpos, a altruísta abordagem ampla do
assunto do cerne científico escolhido como célula matter da paixão pela
pesquisa. E acima de tudo a divulgação e partilha dos materiais de estudos,
livros, teses, e demais trabalho que produzirmos. Ciência é partilha. O que não
se compartilha não vive, e cientificar de verdade é prolongar a existência e a
vida de quem for adepto ou possível.
Sou divinamente
agradecido por conhecer pessoas fantásticas com perspectivas e metas diversas em
seus profundos conhecimentos que interagem num mesmo tema: cinema! E é bom
saber que nossa diferença individual se torna enriquecedora quando se tem
respeito aos demais. Avante reveladores! Avante.
Como
é bom mencionar alguma negatividade, diríamos que seria esta: conversamos
alguns tópicos sobre a importância da inclusão universitária e percebo que
havia tantas carteiras sem ocupantes, vazias em nossas ricas aulas. É fato que
possa haver limitações de numero de ingressos, mas se não houver limitações de
aspirantes que possam e queiram ouvir as aulas da UNICAMP, gostaria
sinceramente de ver essas carteiras um dia ocupadas por pessoas como eu, que
pediu humilde educada e insistentemente para somente ir absorver esse conteúdo
sem nem mesmo ter a menor certeza se irá seguir carreira. Grato Pedro.
Bora
encher a tela e as carteiras. De conhecimento fora dinheiro... valeu!
Cordial,
Augusto
César Cavalcanti de Souza
http://lattes.cnpq.br/