o que se vê é real.
o diário pretende-se como Literatura,
e a Literatura pretende-se como dia-a-dia.
na mochila, além do filtro solar, a Imagem e o Som dos viajantes.29out2010.
I
Há certas manhãs em que o Sol escreve em brilho
Claro um convite que deposita por ventos leves,
No chão, ao lado da cabeceira, meio que dizendo:
“Hei Frank, o que faz aí parado”?
Estou aqui fora por inteiro e você ainda dorme.
Era esse o dia e começava amanhecer.
Frank não deu bola para os primeiros raios de Sol de aroma leve.
Divertia-se com a sonolência que vai calma,
Em pluma de sonho inacabado,
Salivando as primeiras deixas da realidade e o faz acordar.
O dia alegre de inverno era um enorme brilho lá embaixo.
No centro da cidadela a beleza incondicional do movimento
Fazia-se em artesanato e a população local seguiu a vida.
Frank franziu as sobrancelhas, ligeiramente obliquas,
E olhava, com a cabeça ligeiramente tombada, o rosto,
Duma suavidade que lhe trouxe um doce fora do comum
O rosto de Letícia que dormia ao seu lado.
Frank levantou-se sem causar ruído,
Olhou fixo sobre a paisagem que se fez lá fora.
Manteve-se observando, com a cabeça leve e tombada
Ao ombro esquerdo, posição que lhe foi peculiar,
Soltando um harmonioso assovio nos lábios grossos e arredondados.
Letícia ignorou o sonho de Frank.
No sono pesado dela não coube a idéia de como o natural
Motivo de sua presença fazia-os, o canto e o riso,
Naquele homem fundirem-se ao horizonte.
Ele agora fixou de novo nos olhos. Frank amava Letícia.
Como aconteceu isso? Ele a encontrará algumas vezes pelos corredores, mas
Somente pode vê-la por completo naquela aula de Literatura e Música estrangeiras.
A luz que incidia no rosto de Letícia,
Como se acariciasse sua farta cabeleira loira,
Vinha beijar-lhe o pescoço, fazendo faixas no cachecol verde
Que ela vestia. Frank teve certeza que ele a amava.
Um êxtase dominou seu peito
Como outrora não havia sentido
Com outra mulher ao observá-la com outros.
Nessa noite Frank levou consigo a memória:
A imagem da loira e grossa trança que Letícia,
Com sua pequena mão de moça havia esculpido
Em si. Balançando nas singelas costas.
Os olhos brilhantes oblíquos negros claros
Sorriram para frente. As pequenas sardas que dançaram
Na curta penugem clara de teu braço.
A entonação da voz que pronunciou a palavra,
Que em harmonia perfeita em sua pele, fez-lhe
Arrepiar e não deixou ninguém dormir naquela noite.
Frank tinha dezesseis anos na época. Frank amou Letícia.
II
Letícia olhava sonolenta para dentro da bússola distante,
Fixada na cúpula da igreja de telhado ocre, como se estivesse nas palmas dela.
Achou graça o fato de não ser a cruz católica.
Deixou aquilo para trás, esquecendo-se rápido.
Enganam-se aqueles que acreditam que o sopro dos anjos sempre é forte,
Capaz de impor altivez num espírito que se aguça na superfície das coisas.
Não houve estalo de alvoroço na mocidade, restando Letícia adulta.
Letícia cresceu dama, mas do riso pueril, ela
Havia deixado há muito sorrir seu riso de cor doce.
Frank havia saído e Letícia teve todo o tempo da manhã disponível para si.
III
... (inacabado)
Hostel Free Style, Ushuaia- Argentina, mirante do terceiro andar.
Manuscrito em Ushuaia- Argentina, desenho:
Igreja ocre
Fundo gelo
Teto branco
(Letícia mostra-se!)
Acantiza
junho 2008
O QUE VEMOS DO MIRANTE, É LIVRE PARA TODOS.
No centro da ponte o trilho aponta
Para um caminho de dois lados.
O viajante nota que seguir Dali
Para lá ou para cá, o dia é aberto mesmo.
E segue para aquele lado que leva ao mirante.
Será que percebe o paladar da água em sua boca?
Teria esse mesmo gosto se tivesse
Seguido para o outro lado do caminho?
Veste vermelho em sua mochila.
O cantil d`água balança ao teu lado. A câmera fotográfica registra, faz estático daquilo que sempre muda.
Será, fosse ele para o outro caminho,
Perceber ia que a fumaça subindo ao céu
Deforma a cena?
Parecido pode ser
Como aquilo que vive em nós, deforma o gosto?
O viajante vai pelo caminho que lhe parece adequado.
Talvez o dia, se o vir passar de novo, falar iremos daquilo que nos faz gosto.
Caso ele preste um minuto de sua atençao para ouvir minha discreta narrativa…
Talvez, conversando um pouco, possamos compreender o porquê
Da água às vezes ser mais doce
Quando outras, é mais salgada.
Se eu prestar um minuto de minha atençao, pode ser, ela me faça perceber que
Todos os dias sao diferentes un aos outros.
E o viajante só anda
E o caminho sempre existe
Isso é somente pelo simples fato de estar chegando a hora do almoço.
O simples fato de sentir a fome
E de sentir um pouco da sede…
O fato de lembrar o viajante sobre a ponte é só memoria
Distorcida.
Parecida com a distorçao do quarto que Vincent viu e, pintou.
E também o quarto que nós, simples mortais, vemos, sem notar suas possibilidades…
Isso depende do caminho que voce segue,
Porque sempre vai haver ponte, sede e fome.
Mas a quantidade, a intensidade daquilo
Que haja posto em sua mochila, se nao cuidado, pode te saciar logo.
Isso depende de como segue o caminho.
Excesso, exagero, causa em tudo uma normalidade sem sentido e sem valor…
Por mais que as coisas sempre existam lá…
Isto, talvez, dependa do lado que voce vai seguir da ponte.
É bem chato, pode crer?
Mas se voce viajar, vamos, tente por favor? Eu estou falando de coisas simples
Como ter fome e ter sede, observar um cara andando, seguir para um lado e para outro,..
O que há de novo nisso?
Vamos, eu sei que para isso ter valor
Depende daquilo que lhe importa levar na mochila.
Ou que ja tenha levado.
E isso, nao há lado nenhum do caminho que vá te indicar. Nenhuma placa! Pode crer.
O legal é simplesmente respeitar a fumaça. A distorçao que ela causa
Nas pequenas casas. Por trás delas…
A distorçao de meu humor em alguns dias
A distorçao de caras, rostos mesmo,
Que nao fazem o mínimo sentido de ter algum valor nessa narrativa…
Sabe o que é legal, cara,
A gente sabe que nao vai mudar nada mesmo!
Nao é nossa responsabilidade tornar o dia deles mais rico!
Mesmo porque, a gente ia ter que por um preço nisso.
E eu, sinceramente,
Nao quero por preço em coisas banais como:
Sede
Fome
Mochila
Ponte
Lá e cá…
O que vemos no mirante, é livre para todos.
Nao faz sentido algum perder isso explicando, faz?
(acantiza).
USHUAIA.
JUNHO DE 2008
Como fazem os acordes a melodia
O tempo que divide a cançao
Vêm elas dançando, sem sombra
Vêm elas feito nuvens cobrindo o lago.
Mago, sua energia sem destino
Existe pelo instante de existir.
Cantam em ritmos, cor e tons, afinados
Cantam afinidades para meus ouvidos.
E interno elas rimam para mim
Brilho dança soando na alma
Silêncio e voz que me acalma
Assim, palavras de beleza sem fim,
Meus pés no chao claman-ti:
Dancem, dancem, dancem comigo...
(terra do fogo) JUNHO 2008
O diálogo, rico e ironico,
Somente existe da vontade
Das personagens. Sendo,
A caracterizaçao, complexa,
Rica e ironica, a conversa é boa.
Os meus, agora, calam.
(acantiza)
Estava, o dia anterior, reparando da nobreza dos cachorros que andam livres pela cidade feito fossem gatos, contudo mantendo a classe de serem cachorros...
E reparava, também, na nobreza singela da malícia de algumas crianças, na tenra idade, passando pela rua...
Mas de nada disso foi preciso ver para entender o quanto somos sortudos, meu irmao.
E se eu for sincero, na maior parte do tempo que passo nesse lugar de pessoas que passam, reparo rápido que tenho o conflito todo que necessito dentro das paredes de nosso lar...
Isso é mais habitual do que se pensa. Em todos os lares.
E, na maior glória que Deus nos cede, reparo que pessoas diferentes podem ter bom coracao e, de forma honesta, batalhar por aquilo que almejam em sua vida.
Realmente nao sei de quanto disso se faz do vinho que desce em minha boca, e nem de quanto disso se faz a capa crua que veste minha pele...
Mas sei que é sorte a gente crescer juntos. E é casual nos separarmos, para compreender que, tirando o fato de para mim os cachorros terem humor,
Dos gatos que andam pelas paredes sussurrarem palavras para pequenas crianças que andam pelas ruas, dando uma pausa na engraçada brincadeira de malícia curta delas,
Pelo simples fato de ser assim,
Entendo que suas regras fazem de minha vida mais segura.
E sinto o gosto concreto dessa viagem.
E compreendo que se educar filhos como nós, terei feito das diferenças uma boa sentença no único julgamento dos anjos sobre as familias e serei um pai feliz como espero que fazemos dos nossos pais, felices.
Nao comprendo de forma concreta sobre o espaço que as coisas atingem fora o espaço que traço nessa folha e nem tenho medida para dizer se o particular disso tudo estraga aquilo que chamam literariedade..Nao me importa nesse instante.
Nao quero que faça parte disso a burocracia de literatos,
Mesma burocracia com a qual tem que lidar para ditar as leis aos homens na justiça dos homens.
Estou no direito narrativo de aqui compor as regras..
Isso é somente pelo fato de nao caber num cartao postal.
E por nao ter dinheiro para lhe dar um presente mais discreto, menos abstrato..
E pela garrafa ja ter passado da metade
Sigo.
A moça la embaixo é bela e, eu, sou baixo.
Bjo.
(acantiza)
USHUAIA
JUNHO - 2008