FROM THE BANKS OF AMERICANA/SP - BRAZIL
Augusto de Oliveira Salvação referencial
do tráfego aéreo da Região Metropolitana de Campinas
Passamos
agora de manhã ao encontro de nossa madrinha e, ao entorno do beijo de vosso
aniversário, formamos a retórica que segue.
Havia
um folder da confeitaria do lago de Holambra. Disse-lhe que a cidade de
imigrantes holandeses, aqui no interior de São Paulo, é como uma jóia e
argumentei: de onde vem o PIB de Holambra, além das flores, óbvio. Há bons
restaurantes e turismo de passagem e comércio, entretanto, de fato, a bela do
moinho não parece mesmo um centro de indústrias e empresas, não é?
Perdoem-me
não pesquisar, contudo, devo como ordem, falar-vos do reino que conheço.
Para
não falar que não citei das flores, porque agora iremos descer aos refúgios
encantados de Americana, cidade do interior do Estado.
Não
vem a mente a toa essa história de PIB. Estive percebendo aqui onde passei bons
anos dessa existência. Sinceramente tenho relatos mais bonitos que esse que virá
óbvio. Entretanto, nem sempre do mais belo se faz o aprendizado. O que não move,
não perdoa! Não progride.
Se
não resto muito fora da casa, desde dez anos para cá surgiram um tanto de uns
quinze condomínios fechados de alto padrão nessa cidade de Americana.
Incredible? Não, nem tanto. Tentaremos desvendar pistas argumentando e
sugerindo pancadas, porque não darei as respostas e sim farei as perguntas, ao
modo socrático – não o jogador, que fique exato!
Os
condomínios que pintaram assim na década no final da Av. Brasil, perto do
parque dos bichos, são exímios palacetes. Não pretendo, nesse momento, nem posso
avaliar quanto vale uma casa daquela, de acordo com o que ouvi de outras que
posso dizer e vos direi. Vamos primeiro na torre.
Um
apartamento no prédio perto de onde servi elegantemente mesas, ali nos
arredores ao Burguer King, subindo a igreja matriz, para que tu te adentres
nessa narrativa, começa ser vendido por dois milhões, nos andares de baixo, e
chega até seis, nove milhões, nos andares de cima. É bonito, tá, não estou
questionando o investimento ou qualidade de viver, entretanto deixe-nos
progredir e, após, apresento-vos o meu suposto argumento.
Descendo
a, rua um pouco abaixo, há outro conjunto que não ouvi de quem trabalhou na
obra, como no anterior que ouvi do nobre eletricista que serviu comigo, mas com
certeza esses apartamentos não se compram por menos de dois milhões, também. Ali
em frente à chopperia elegante.
Voltemos
às casas. Ouvi de uma cara amiga agente que uma casa nos condomínios mais aqui
na saída, seguindo próximo ao hospital municipal, dessas posso aferir cifras,
essas agora demais são por mim, ao lado do Sesi, e indo para a Ripasa-Suzano,
alfinetando, visual nada agradável, contudo se estão no mesmo padrão hospital
municipal lá do “quintal das fábricas”, ali na saída, essas casas tão valendo
de dois até quanto queira-se dispor em milhões.
Não
para ai se formos até ao aeroporto e as “praias”. Também não pretendo agora saber
ou avaliar, contudo pela aparência, não venderão por menos que isso, compreendes?
O
fato é, a mesma pergunta que fiz para flores holandesas, faço para os
americanos: de onde provém o PIB de Americana?
Não
é tão profana assim a minha questão. Pessoas que compram esses imóveis em
condomínios tais são grandes executivos de empresas, na sua maior parte, se não
moram em Brasília DF, óbvio. Jogadores de futebol profissional aqui não há ou se
produz como já se produziu e, tampouco, artistas.
Assim,
citamos sem pesquisa e delongas as empresas aqui que manteriam e atraem esses
públicos seletos de burgueses executivos: Goodyear SA, Suzano-Ripasa, Santista
Têxtil, Ajinomoto (Limeira), Papirus (Limeira), KS pistões (Nova Odessa),
Canatiba Têxtil (Santa Bárbara D`Oeste), Villares Metals (Sumaré), Romi (Santa
Bárbara D`Oeste), Caterpillar (Piracicaba).
Desculpem-me
caso venho esquecendo alguém do alto escalão. Também sempre se esquecem de mim,
conformem-se.
Não
estou tão apto em organograma empresarial para dizer quantos altos executivos
somam dessas plantas, de modo que vamos analisar o indivíduo. Supondo que um alto
executivo, de maior número dentro desse todo, descartando a presidência, tenha
um salário mensal de cinqüenta mil. Como tratamos de compra de imóvel por
funcionários que devem começar por si mesmo suas vidas privadas, essas mesmas
pessoas não tendo seus lares pagam aluguel e tem gastos que não costumam ser
pouco. Supondo ainda que o sujeito aplique vinte e cinco mil por mês, ele terá
trezentos mil no ano, sem as correções que não são mesmo lá grande coisa na aplicação
de menor risco. Não creio que essas casas se vendem no financiamento “minha
casa minha vida”, então basicamente a casa teria que manter o mesmo valor de
agora para esse, essa, executiva alta comprá-la em seis anos mais ou menos,
julgando ainda em dois milhões na média o valor.
Alívio
certo. A mesma corretora disse-me que a maior parte dessas casas de condomínio alto
padrão são para aluguel. Sim, tu metido a rico está sendo explorado por alguém
mais rico que ti. E aqui convenhamos, a maior e mais bela característica de um
ser humano é ser verdadeiro consigo mesmo e com aquilo que tem de podre agindo.
Ninguém enriquece se não for explorando alguém. Isso vale para arte também ok.
Mas dentro de uma empresa as funções devem começar a ser equivalentes ao conjunto
e não ao individuo. Não há nada mais verdadeiro que dizer que o presidente da
empresa não serve para apertar o parafuso da máquina, bem como o cara que
aperta o parafuso serviria também para gerir a empresa. Entretanto a lógica não
vale para que ambos se explorem, o cara do chão fazendo e comprometido no bem do
seu trabalho com disciplina e responsabilidade, bem como a diretoria, e aqui
serei claro, explicar o porquê o salário do que aperta o parafuso é tanto
quanto ganha, não vale, sem vim dizer que é a tabela do país ou a ordem da
máfia sindicato sendo mantida. Vocês todos sabem que isso não é justo,
basicamente quando não conseguem pregar isso no quadro de uma empresa sem
mostrar o quanto estão enganando e também, pasmem, sendo enganados, como no
caso das casas do condomínio que tu alugas. Vocês só ganham uma fatia maior do
bolo, para se sentir mais quente, quando num conjunto, quando alguém passa
necessidade, a coisa não funciona e nunca funcionará.
Escrevi
tudo isso só para ter essa frase para postar no twitter: o salário tem que
começar a ser compartilhado e medido pelo lucro dado a importância que cada
indivíduo atua no conjunto. Se a empresa lucra menos, por gentileza, aceite
ganhar menos nesse mês. Se a empresa lucra mais, por gentileza, paguem mais
nesse mês.
Soa
um bom começo? Planeta para quem tem disciplina e não se acomoda, porque sim,
tudo varia de acordo com o geral, o conjunto o time. Para que as coisas mudem,
o primeiro ato é sair do conforto do pedaço de sempre da espiga que tu comes. E
aí as pessoas terão que conviver na confiança umas nas outras, e sair dessa
podridão de domínio umas nas outras que se disfarça de sociedade e família.
Sociedade condiz no equilíbrio e na harmonia, no diferencial das partes, ganhar
quando se ganha e perder quando se perde. Assim será e se tu choras, tu vais
para outro reino, pode acreditar que sim.
De
fato, perdi-me aqui no questionamento e na dialética: de onde vem o PIB de
Americana?
Na
arrecadação do bem social e público por impostos municipais, se tu subires ali
nas empresas, somente três das corporações que citei estão no município.
Arriscarei aqui que 5% que o município arrecada em impostos vêm dessas empresas
grandes citadas. Resta-nos algo em torno de uns 60% que vem das médias, micro e
do comércio. E os 35% é gerado no mercado imobiliário, em impostos que o bem detém.
Triste
realidade. Estamos a ponto de perceber o porquê nascemos nesse reduto. Porque a
realidade é que 95% dessa cidade está nesse exato momento endividada, sabe por
quê? Por orgulho. Como um bom povo desprovido de unidade, de tanto explorar se
descobre explorado. Mas vais tranqüilo, ano que vem dá para trocar de veiculo.
Mesmo porque, a miséria de nossa alma será sempre convicta e compartilhável, até
mesmo quando o veiculo do teu espírito começar perder o calor.