SOMOS SÓ DOIS LADOS DA MESMA MOEDA
Peça em quatro atos e um poema em
prosa livre _
_ escrita por Augusto César
Cavalcanti de Souza
1.
- POR UM PUNHADO DE DOLLARS
Primeiro temos que admitir que uma pessoa precisa de roupas
para ser levado a sério. É o sussurro primordial da sociedade nos vossos
ouvidos, ditando agora as novas regras de quem toca no corpo que Deus te
emprestou, mãos da mãe e mãos do pai, novos amadurecidos ou não, seus tutelares
sociais primeiros e estamos de acordo que você é as roupas que põe, e ponto! Desejo
dizer-te que nosso papo será em camadas okay. Do atual momento já sei no que
vai dar, como autor que vislumbra o quadro que ainda não pôs a tela, nem no
envernizamento para o público que ta mais interessado no vinho de graça, que no
papo de balela de um sóbrio do interior. Contudo não se espante: daqui nós
iremos da parte mais rasa desse tecido até nas entranhas mais profundas que
apodrecem nos teus plexos de tanta mentira que esconde nos sete pontos
siderais, do rabo ao teto, pelo comportamento médio básico protecionista padrão
da burguesia. Sim sou um beatnik, apesar de estarmos em falta com qualidade, tu
encontrastes um. Não escaparemos sem farpas, entretanto peço com gentileza que
permaneças, podendo levantar-se para aplaudir somente no final. Como sei o que
irei narrar te darei esse teaser: a primeira parte, essa mesmo, se passa no
maracatu do teatro em que te apresento o conflito. A segunda se passa na
estação de trem onde te apresento o beijo, a terceira no sindicato onde te
apresentamos a máfia observista, e na quarta mostro para ti que existe fogo
numa sahaja meditation connection, a quinta é um poema em prosa lírica que deu
inicio ao confinamento de alguns meses sobre o meu ser. Estando assim prontos e
avisados, pode ir cagar e retornes em dez minutos, que a cagada abaixo depende
da minha conta e risco, all right!
Voltamos às roupas. Por elas, seus trajes, a personagem ao
qual chamas ego, a formatação que te propuseram na Universidade mercadológica e
tu aceitaste, porque é mais seguro talvez ser andróide do que o meu lado aqui
atrás da tela te provocando, isso é óbvio, mas o nosso time vai e volta como a
matéria das marés, cara! A gente te perturba, mostrando o que ta abaixo da
terra, mostrando as roupas velhas no palco, as que você menospreza numa roda de
botequinho gourmet, porque os outros sabem se tu és um servente ou um advogado,
quando portas um terno ou um farrapo beatnik de gente, mas cara, na boa,
foda-se o seu estilo formato gala, esquece um pouco o seu perfil formal e pára
para ouvir o nosso prêt-à-porter de batida num jugo leve de narrativa de rua,
por enquanto.
Assim inicio dizendo
que visto nessa manhã (são 4:59) uma bermuda esgarçada tec tell preta, preza
com um cadarço azul de tênis de criança. O sol nem subiu os ladrões da Terra e
já está um calor dos infernos no interior do Estado de São Paulo. Há cinco
minutos estive subindo a kundalini pelo meu corpo numa meditação sahaja,
saudando a Mãe Terra em frente à foto da Shri Mataji Nirmala Devi. Lá em cima,
tu pode ter virado o rosto, contudo estamos de acordo que e (a palavra aqui não
é acredito) eu sei! Eu sei Deus, agora sei a Mãe kundalini, e eu sei o meu
irmão mais velho Sr. Cristo velando por mim, estamos de acordo nesse artigo
único? Há um pássaro lindo cantando na mata ao lado do escritório que escrevo.
Dizem que é o macho quem canta para atrair a fêmea, e se eu fosse uma fêmea da
mesma raça desse ser divino que me acorda desde que percebi que ele existe
conectado, iluminando o nosso bairro Colina, se eu fosse essa mãe pássaro para
quem ele canta, já o teria comido por inteiro! Não sobraria pena sobre a pena! Vejam
que não sou nada para esse pássaro e ele já me faz derreter em notas hibridas
de delírio em prosa. Sempre será assim espontâneo: “que a tua mão direita não
saiba aquilo que deu a tua mão esquerda”.
Desapego. O pássaro está cagando para mim. Eu não existo. Ele só canta
porque a natureza dele pede, chama por quem num ninho com demais passarinhos
virá para dar papa nos bicos, uma mãe zelosa. E é a vida que segue o ciclo!
O pássaro caga que eu existo, e eu cago que tu liga e se
conecta nessa vibe. E do mesmo modo que é de pouco tempo que percebi que esse
ser maravilhoso nos traz esse canto que deixaria todo o jazz do mundo de lado, você também não perceberá o meu canto até
que Deus permita que assim nos seja assimilado a nossa posição nessa
existência. Mim Tarsan, ser selvagem porém culto, tu Jane, ser sociável, porém
uma besta quadrada no formato que te propuseram para pagar os boletos do mês a
mês. E na projeção da eternidade, guarde esse canto da sabiá como se eu pedisse
que fosse essa música passáral da quarta-feira matina que tocassem no corredor
da morte de um condenado que sou,um beatnik execrável, a gaiola aberta por completo... Assim, do
mesmo modo que ele começou existir há poucos cantando na sacada doce, há dias que
serão contados nesses quatro estilos de ato e um poema, existiu a mulher do
“por um punhado de dollars”, há poucos meses sendo mais exato, o quantum deu
seu salto!
O ponto aqui é: creio que chegou o casal pássaro, pois um
canto tão belo quanto o do outro começa essonar do outro lado da mata. Seria um
eco se o que retorna não viesse de um outro corpo, un`outro ser, e algo me diz
que vem de ti que está lendo. Tu ressoas o espanto sobre o meu talento, mother
fucker do caralho! É feliz quem encontra o filtro no barulho social e
equaliza-se na mesma freqüência de um outro animal que já mamou no peito. Não é
o caso desses bichos de penas e asas, mas é o caso de nós mamíferos. Aqui
começa o fluxo em que te pego. Ache um lugar bacana e aperte o cinto, não esse
cadarço azul em farrapos do tec tell que já cai no cu da bunda. Aqui começa o
cabelo loiro do punhado de dollars que comprou uma foto que expus quando sai
para as ruas. Comprou é modo de dizer, ela na verdade assoou pra fora do nariz
alérgico toda o meu não contexto para ter, existir na burguesia por entrar numa
sala com traje adequado è qualquer vida alinhada com a burguesia, um beat horror show. E foi o momento mais de
mercado e lindo dessa meditação que me proponho narrar abaixo. Uma troca. Foi o
aperto de mãos por vias respiratórias fodidas. Coisa da época transitória.
O que de fato ocorreu encadeando o sentimento que devo
rebuscar na memória para que disso extraias o sentido profundo, pois de raso já
basta a sua paciência as minhas ofensas como narrador fodido, é que eu estava
puto, com a mochila nas costas, numa cidade nada a ver com forasteiros exilados
que é Americana, interior do Estado de São Paulo, Brasil. Se caso um dia tu
pesquises por curiosidade, tu irás descobrir nessa época que isso aqui é um cu,
que não atrairia mochileiros nenhum da superfície do planeta. Porém estava com
a mochila, uma garrafa de plástico d`água, duas capas de chuva, uma blusa
colorida de Yatch Racing comprada no bazar do Nids por dez contos de réis, e o
celular Sony arregaçado com bateria pifada ganho do Johnny. Aquela merda de
celular seria importante, tu não sabes o quanto, irmão. Eu estava assim largado
pelas tabelas nas ruas, porque eu decidi que na data anterior, em que mais uma
vez não me foi emprestado o carro para que eu fosse numa exposição de nome Welcome to Réfugistan by Anne Poiret. 2019.
Na Funcamp, campus ao lada da Unicamp, em Campinas SP, decidi que já era velho
pra ranhetinhar por um bem, que mesmo que escroto não era meu, e sendo que não
faria muito para dar aminha alma no Brasil para ter uma bosta de um veículo,
decidi que a casa da família quebrada seria casa dormitório, e, se caso
encontrasse o mesmo pelos campos de batalha nas instituições que ajudo, eu iria
ficar por lá. Cominda e chuveiro por comida e chuveiro, é melhor ficar com quem
tenta ouvir ao nosso lado também, né?
Então, estava puto sem o dinheiro para comer qualquer
engordurado lá de almoço ou janta em Campinas se fosse de ônibus, perdi o
ônibus óbvio, e precisava do carro ali e agora. A merda do carro HB20 carne de
carniça que não me foi emprestado por ser o maior bem do lar. Então fui pras
ruas na quarta-feira, mas nesse dia da moça loira do punhado de dollars, já era
quinta-feira. E é essa data que vai esse glimpse de vida narrado abaixo.
O técnico abduzido tinha me dito que haveria um barulho no
Teatro Municipal, e como quem fica na rua tem que arrumar todo e qualquer
motivo de distração para não entrar em parafuso, lá fui eu com aquela paramentalha fodida já
narrada dentro da mochila, minha casa minha vida! O extraterrestre técnico não
sabe que aquela, nesse ano de 2019, adviria ser a melhor informação que alguém
poderia ter me alertado: “um barulho”! no Teatro Lulu, e cara, foi um estrondo!
Vamos alinkar os fatos. A porra do barulho era um grupo de maracatu que me
lembrou de Sanca, São Carlos SP, em outras andanças que dariam outros livros.
Estava uma noite bonita demais e ainda não havia chovido, então o baque virado
sairia da Praça do Divino Salvador em frente à Câmara Municipal dos Vereadores
da América se dirigindo ao Teatro Lulu e seria uma cena e tanto!, mas... oh
fucked daimon of tech
Assim foi feito a luz
e assim fui eu com o celular caindo aos frangalhos pro coreto ou algo como
fonte procurar o bom ângulo, porque sim: foto é geometria analítica! Também e
não somente, só. Saquei umas fotos de algumas crianças por perto antes do
ensaio, parentes dos meus amiguinhos que iam estudar no Seareiros, acho por terem
uma família de merda rachada talvez como a nossa lá em casa, mas com menos
recursos, é obvio, entretanto eu consegui somente uma música do ensaio gravada no
cel lá fora e devidamente salva em algum canto da rede (web) e o frangalho da
bateria do Sony do Jonny me deixou a somente ouvir o baque, nas mãos, como se
diz.
Mais que rápido eu fui ate ao hall de entrada do Teatro Lulu,
corri atrás de uma tomada que me permitiria fazer a gravação mais tosca que
haveria também de ser a mais importante talvez de minha vida (seriam as coisas
toscas as dicas em déjà vu daquilo que Deus nos puxa a orelha e Diz: Preste
atenção que agora vem o Plot principal do teu roteiro, filho.(?) Mas parei ali
como um tosco que sou, sentado numa marquise, com o celular fodido rachado num
ponto do hall de entrada em que eu veria a banda baque grupo entrar com todos
os Orixás desse canto do interior de São Paulo. E até que devidas as
proporções, fiz bem ta.
E foi assim mesmo que por uma crise de rinite, ela adentrou
por ali com os melhores cabelos que tu virias na face dessa terra que tu não
enxergas, se espirrando como uma deusa em giro tresloucados, foi ao banheiro
mais próximo, e bem próximo porque ouvi a danada se acabar em assoou na pia, e
esse meu amigo, Esse meus amigos, foi o meu canto do pássaro do início dessa
narrativa. A lírica que só nós escutamos. O nosso chamado. A porra de um
respingo de ranho saindo das entranhas da moça do punhado de dollar (que já
será explicado) foi pra mim o canto de sereia das histórias da carroçinha. - Eta
vida besta!
Como um bom moço, que fique claro eu ainda não tinha o
interesse que de fato irei demonstrar mais a frente, era necessário que eu
largasse o fodido Sony e corresse até a porta do banheiro e perguntasse:
- Tá tudo bem aí?
Obviamente ela estava brava, era uma interrupção causada
pelo ferrado corpo ao trabalho que deveria ser feito, no caso tocar o Agbe, mas
enfim, merda de rinite é merda de rinite, depois de meio minuto, sai um ser
desgrenhado e mais alinhado possível lá de dentro e grunhe:
- Caralho, vão pensar que estou cheirando pó!
Cara, tu tens noção do que é encontrar alguém tão espontâneo
como tu pra te dizer uma merda dessas, sem nunca ter te visto na vida antes?
Puta que o pariu, ali tava uma dona que merecia atenção. A crise voltou, ela
soltou outro “caralho” dos seus belos lábios e saltou para dentro do banheiro.
Eu fiz o que poderia ter feito, voltei para o celular Sony fodido e quietos no
nosso canto com o fio na tomada, e foi muito abalo para uma crise de
apresentação nesse coração. Estava no que diria, transe. Ou, choque.
Explicado assim eu tinha bem pouco tempo okay, para saber
como poderia abordar um ser daquele naipe, daquela vibração, alguém que se
apresenta com uma frase dessas é alguém totalmente imprevisível, e eu também de
certa forma estava a trabalho e não podia ser abatido ali, fulminado no chão do
LuLu, entenda? Um homem é um homem por mais que ele esteja na rua, ta! Ou sendo
assim dito, eu gostaria à partir dali, poder demonstrar que também estava em
trabalho, e sendo assim o que eu poderia fazer era gravá-la em silencio, quando
ela entrasse com a trupe toda do baque, e depois com algum material de filmagem
nas mãos, bem tosco aliás, tentar descobrir em que rede ou número iria chegar
até a rainha do rinite. Era o meu melhor a fazer.
Porém ela tinha outro plano. Era o melhor dela. Somos dois
lados da mesma moeda, lembra-se? E o canto ali é muito mais espontâneo e
elaborado que esse farrapo de bateria de memória nesta folha de papel
eletrônico de um escritor beat.
A mulher sai do banheiro, vem até mim, pergunta se a garrafa
de água ao lado da mochila é minha, pede emprestado, vai até o bebedouro e
sorve o líquido numa garganta languida de espirro. Puta que o pariu! O que pode
alguém com alguém assim?
Ela voltou sorrindo:
- Minha cara deve estar arruinada, né?
- O que posso eu dizer, melhor seria a sua cara que a tua
alma, não é?
Rolou um certo silêncio sabe. Então com a gentileza de um
Sir monge eu ofereci o plástico:
- Se você quiser pode ficar com a garrafa?
- (ela riu aqui) Você deve tar com nojo, né?
Poxa cara, como é triste você perceber que foi vencido numa
noite qualquer de merda alérgica...
E então ela disse o nome desse começo de capítulo:
- Pois bem, te dou um punhado de dollar pelo vídeo de merda
que tu conseguirás gravar nesse celular fodido quando eu entrar girando por
essa sala, que tal?
E desferiu o golpe de misericórdia:
- Anota o meu número aí, oh besta!
Puta que o pariu, eles irão pensar que nós tínhamos ido ao
pó.
2.
- NO ENSAIO DO BAQUE VIRADO
Sonoridade sugerida entre o primeiro
capítulo e este:
Etta James: I Just want to make Love to You
NO ENSAIO DO BAQUE VIRADO
As pessoas iludem-se por não verem que nas estações de trem
antigas, em que já passaram torrentes de café imperial fazendo riquezas, hoje
passa a vida da cidade como num flash na escuridão da rotina! Andamos nessa
narrativa como os mendigos catando torrentes de excesso dos cafés que caiam dos
vagões nos trilhos chegando ao porto em Santos SP, tendo descido do interior ao
mar, de migalhas em migalhas fazendo o nosso ganha pão, okay.
É do mar que se trata, pois esse ignóbil metido a alfinetar
a burguesia logo teria descoberto que a rainha do rinite era das águas. E das
águas rasas com corais alfinetados em baixo. Dos recifes ... dos ciclos da Lua
e da água, com sangue nos olhos e fogo nas ventas ... E, ah meu caro amigo,
tudo que tu tens que descobrir do mar, meu caro irmão, é que: o que a maré
traz, a maré leva. Num mesmo corpo; Num ciclo lunar de menstruações de crises
monstruais. Então andemos por esses trilhos com cautela, cierto?
Além do lance do mar eu tenho mais algumas coisas para te
ensinar, tipo: mulher bonita mesmo que te dê mole, tem dono! Elas detestam essa
palavra “dono”, mas tu me entendeste né, brother? Não adiantava ir com sede ao
pote! Sendo assim cheguei cedo ao primeiro ensaio que eu iria participar do
maracatu na Estação Ferroviária de Americana interior do Estado, um lugar digno
de fotos, porque como todo metido a grandezas, alguém “não sei quem” vossa
excelência, realizou o maior terminal de ônibus das redondezas bem ali em
frente ao ensaio. Obviamente fui subindo as escadas, tendo prendido a magrela
(bike) em algum poste ali perto. A vista lá em cima é digna de roteiro. O
movimento dos centros urbanos já se faz um “plot” em si e completo por toda a
sua vida pulsante, em movimento e improvisos... Mas logo desci as escadas,
enchi a garrafa d`água num bebedouro próximo, encostei-me de pronto nas paredes
velhas da antiga estação ferroviária, ao lado da magrela sempre e comecei
descascar uma banana, pois apesar de meu plano das ruas vingar em nada de
resiliência criativa, eu ainda andava pelas ruas e chegava somente para dormir
na casa da família rachada.
E cara, será bem nessa hora que tu tens uma casca de bananas
nas mãos que o demônio costuma atuar, nos detalhes. Guarde isso. E dali ela
apareceu ao longe, desfilando enquanto descartava o resto da vida ao lado como
o seu ritmo, tranças de cabelo loiro pra lá, tranças de cabelo loiro para cá.
Sou uma merda, admito, mas como a casca deverás já havia sido notada, por quê
não mantê-la na mão enquanto ela te dá um beijo de cumprimento nas bochechas?:
- Sabia que eu também vou à nutricionista? (pqp dos infernos)
e continuou “Mas guardo os segredos em casa, não costumo comer em público. È
falta de classe!
Pois bem, o que fazer numa hora dessas é demonstrar que tu
também tens talentos, e de investigação.
- Ok senhorita vou à nutricionista, é Agatha seu nome, não
é... né ... é esse o seu nome ... eu fiz pesquisa sim ,ok ,(continuei)... eu li
no teu linkedin que tu fizeste teatro, e eu só gostaria de dizer que logo ali
em cima, lá neste terminal de ônibus onde nem morcego parece subir, é uma
locação animal, sabia?... irada e tu nem deves saber ... (e ai meu amigo, é a
hora que você lança a isca): “caso tu queiras eu escrevo uma cena e você
poderia atuar”, “Quem sabe viraliza, quem sabe ficamos ricos, e começamos do
víral para saírmos dessa merda de lugar...”
Pode ser tenha sido por dó, mas tu verás que colou. Yeap!
- Bom a merda ta no cu de quem caga. Disse a gata e continuou. - Para mim é uma cidade como todas as
demais nos países que já passei, e cheia de homem besta tentando impressionar
um rabo de saia ...
- Pode ser. Contanto se tiveres a razão, ainda assim seria
melhor tentar e conhecer a locação enquanto te falo dos países que eu conheço,
não seria?
Até que essa foi boa frase, porque não teve assim tanta
resistência na afirmativa. As pessoas gostam de canal de viagens, não é
verdade, caríssimo livreiro? E eu pensei “essa filha da puta vai me beijar, e
essa filha da puta tem dono, o quê ela não te dirá antes de te por na teia dela!
Pah, dito e feito!
Caralho que merda porque foi bom demais! Foi bom pra caralho!
E a locação se fez perfeita aos nossos pés de um início de mistério com banana
nos dentes... Porra! Se há algo que levamos para outra vida da qual nunca nos
esqueceremos da vibração do ser que está contigo será nessas horas, acho seria
nessas quebras, é esse? Seria o momento algo para sempre, Sr. Fonte Primeira do
Universo?
Mas tudo bem, não era permitido que aos demais aquele pequeno
segredo fosse revelado porque no esconderijo é que devem-se manter os tesouros,
até que não lhe roubem as coordenadas do mapa, e tão logo eu e Agatha descemos,
ali no meio de ônibus e gente suada, e paramos quietos na porta do mausoléu de
ferro em aguardo e como disfarce, catei uma maça que tirei da mochila e tasquei
minhas garras e presas no fruto.
Depois disso, enquanto todos foram se achegando, beijos em
rostos daqui e dali, aquele social todo quando o mais que você quer é que tudo
acabe logo, o papo pendeu para uma coisa brava de psicanálise. Eu disse a ela
que não levo nem os meus dois cachorros vira-latas com nome gringo na análise.
- Por gentileza, não desmerece Lacan tá. Caso tu queiras
dizer que Freud foi um machista filho da puta entraremos em acordo, mas o
ensaio do desejo e da falta em Lacan é digno de palmas.
- Se tu diz!
- Se o mundo tivesse a tua humildade e pouca arrogância,
cara, estaríamos salvos da Terceira Guerra mundial ocorrer, okay? – Desferiu a belezura.
- Se tivesse o planeta, pois bem, cheio de mulheres que se
caem todas por palavras de velhos falastrões, estilo destes teus ídolos do
machismo analista, todos teriam mulher e homem não entrava em guerra por
ganância, ta!
Pah, pela primeira vez eu tinha ganho e tinha que comemorar
né. Yeahhhhh, Eu soltei um sorriso sarcástico, fazendo um movimento de punch de
baixo a cima.
- Velhos falastrões cínicos constroem o mundo em que tu
desfrutas, enquanto o humano que tu defendes, demasiados feito tu o quê dizem?... ficam ali chupando dedo e banana, escrevendo
ensaios mais caídos a poesia, que ninguém lê...
- Pois bem, senhoura, então tu também foste pesquisar o que
já escrevi, foi xeretar nos meus perfis, foi “folhear” (desenhei as aspas com as mãos enquanto falava) nos meus poemas na rede, pois bem senhoura
dona de si, eu sempre serei mais humano que cínico, por mais que aja um cínico
te esperando em casa agora!
E ai, meu irmão, ela chegou bem perto mesmo de mim, quando a
gente chega arrepiar a coluna vertebral, e foi puro veneno no meu olvido
direito dito:
- Se Nietzche estivesse vivo eu beijava a boca dele!
La Putte que ti o pariu mano.
Bom, tínhamos depois disso que disfarçar e ensaiar esse
canto para Orixás verem e sentirem. Fiquei todo doído e suado porque aquela
alfaia pesa pra cacete, enquanto a rainha da rinite ficava lançando aquele
“chocalho” pros ares dançando na nossa frente. Merde. Eu teria que chamar a
retaguarda pro meu lado, senão seria batalha perdida mermão, por fraqueza nas
pernas. O que fiz?
O que fiz foi dizer que eu estava mal, doido pra caralho por
falta de costume no campo de batalha, e que eu precisa ir senão não conseguiria
trabalhar no dia seguinte (essa parte de trabalho era um puta mentira
deslavada, mas caiu bem, ta).
Foi assim que daquela vez, saí vencendo, talvez. Nunca
saberemos, porque o outro lado, ela, irá afirmar que me surrou que nem cachorro
vira-lata naquela primeira conversa, e, sendo que, já que eu sabia que ela
nunca iria embora comigo naquela noite, a gente sempre parte primeiro, besta!
Era mais digna dela
sonhar com a boca do Nietzche enquanto beijava a de algum outro namorado,
desavisado do tiroteio que acabava de entrar, obvio.
Le Putte que ti o pariu, se fôssemos vivos!
Mas admitamos, rainha do rinite, somos dois ingênuos
tentando sobreviver nas beiradas das emoções que nos cabem? Não é?
E isso faz um puta barulho, isso faz estrago nos outros!
Soube o que precisava dali, que o próximo encontro seria no
ninho das cobras: Sindicato dos Trabalhadores (CUT)... em frente a praça do
avião que nem mais ali existe!
Desastroso bem sei, meus ídolos, mas eu fui na sede do
ofídico!
Missão dada pela circunstância da vida, será sempre missão
cumprida por mim, okay!
3.
- NO NINHO DAS COBRAS
O Povo já tava era puto com aquilo tudo sabe. Eles sabiam
que estávamos nos pegando e iria sobrar veneno para todo lado. Então nada como
ter como pano de fundo da batalha o ninho da hipocrisia do sindicato dos trabalhadores
da CUT de cenário, pah, foi sensacional!
Que seja bem dito que a vida que vale é feita através de
pessoas que vibram a vida! O momento, o presente do suor correndo! Numa
intensidade que te chocaria a mentira, ta! Essa corja que trabalha em sindicato
nunca apertou uma porca numa fábrica, então vão para puta que te os pariu!
Nós sentamos lado a lada no chão para assistir uma palestra
que se passava na França e no Recife, capital do Estado de Pernambuco, Brasil.
Tomei um café doce pra caralho, e ela tava com vergonha porque disse que veio
sem banho e deveria tar fedendo. Eu já tava puto pra caralho de tar ali, nem
confirmei nem neguei, o tal cheiro, tava era me fazendo bem senti-la perto e
abstrair a minha traição com a raça operária de verdade, então foi bem legal
ver o povo ficar irado porque a gente tava o tempo inteiro mais se olhando nos
olhos e falando merda do que obviamente, interessado em ver francesa e francês
xarope tocar baque do Recife, né. Poupem-nos, okay! Porém num momento exato eu
disse, disse que se me quisessem como músico de alfaia em Paris, teria ficado
fácil:
- Você fala francês?
- Estudei oito meses no Brasil e depois aprendi no role.
- Então a informação mais importante da palestra taí óoo : (e olhamos para o vídeo que já terminava e
estava nos créditos) _ estava escrito o e-mail da tal produtora que fez o
vídeo. Ela tirou uma foto para me passar esta informação, já que o meu cel
ainda era o Sony fodido do Johnny.
Puta que o pariu que merde, a mina era responsa! Para
caralho!
Daí o papo vai e o papo vem, foi feita tipo uma assembléia
(afe, se o demônio vier virá numa assembléia!) explicando mudanças internas ao
coletivo Maracatu Estação Quilombo.
Como nem eu nem ela somos efetivamente parte de coletivos,
logo depois do blá blá, Ela me ofereceu uma carona e saímos.
Obvio, a carona teria que ser pega numa esquina a distância.
Lembre: ninho, cobras, veneno! Zé povinho mimimi
Puta que pariu, que noite!
Mas á partir dali, cara, a coisa iria desandar num lance
muito muito muitooo inesperado da nossa parte, porém chato pra cacete!
Sentimento é coisa de merde que só no cu que sente saberá na
cabeça de quem irá cagar, ta!
Guarde essa!
Porque dali eu somente a veria rápido duas vezes mais, na
minha existência até essa silenciosa penumbra atroz de silêncio que me
trespassa ate nesse instante.
A sociedade é um ninho burguês de víboras! O quê mais tem
nesse país é buraco para procriar vermes e vermes de quem vão nascendo mais
vermes, que ainda sem a educação adequada em casa e nas miseráveis escolas, para
que no mínimo tivessem se tornado pessoas comedidas em silencio nos comentários
desastrosos sobre outrem.
Merda de Zé povinho vitrinista, amostrista daquilo que não
vos cabe ou vos conheceis... porra!
Daí o que se formam: sindicatos da justiça da boa conduta da
moral pelo consenso burguês médio não estudado brasileiro_
Se torna uma puta de uma sociedade doente, sociedade de
merda bipolar que te julga! Te julgas como se tivessem vivido mil anos para
poderem julgar, quando se muito, passam dessa existência rasa na Terra como
experiência do espírito!
Eu nunca mais a veria sorrir, sabe?
Ter essa espontaneidade doce que começou desgrenhada em
poeira saída de um banheiro de teatro, e terminou consumida por um bando de
falatório de vorazes cabeças de medusa...
Quero que a central unida das pessoas que nunca trabalharam
em prol do bem estar coletivo desse país de larápios Vão tomar no centro dos
vossos cus!
Vamo pro lance do suporte sahaja do fogo, okay até aqui?
4.
- O LANCE SAHAJA DO FOGO
Música sugerida para essa passagem do
terceiro para o quarto Ato:
John Lee Hooker - Hard Times
O LANCE SAHAJA DO FOGO
É um suporte de vela que passa pelo lado esquerdo do corpo
para a limpeza dos antepassados do superego, que eu enchi de bombom quando
levei para ela.
Esse foi o lance. E foi através desse lance que eu aprendi,
por duros golpes, que na meditação há muito fogo! E fogo vira e mexe queima,
né?
O CCL – Centro de Cultura e Lazer, de Americana, é um lugar
deverás bacana para locação de fotos, e para perder o fôlego também!
Como eu costumo dizer: Caro Deus, A vida não é fácil para
quem pulsa!
Mas como Dean já nos disse pela voz do irmão Kerouac, “mas
não seriam essas mesmas pessoas por quem vivo e para quem vale ela (vida) a
pena?”
Assim que estávamos indo bem nos nossos intervalos para
existência cotidiana, apesar da Agatha já me ter alertado que estavam tentando
ferrar com ela. A verdade é que eu deveria ter levado mais em conta de atenção
aquela expressão: “Ferrar comigo”, ferrar, mas quem? “Aquelas feminazis fdp, você
não entende?”
E eu não entendi.
Na real, eu entendia. Mas enquanto nadar no raso está bom,
ninguém sai por causa de qualquer correnteza, não é?
O fato é que não foi qualquer correnteza, cara!
Alguém sairia morto.
E todo ser que sente, por mais egoístas que fossemos, morre
um pouco ali também. Si enterra ali também, okay!
Porra! Foi uma bosta quando eu ouvi depois que voltei do
tempo no cafezal do Sama, o mesmo esquema do império, quando eu ouvi sobre o
acidente.
Gelei de medo que ela estivesse machucada.
Depois, foi uma bosta, um inferno você nem imagina! Mas o
quê eu mais fiquei puto é que não tinha um amigo das antigas que quisesse
deixar por uma hora de ser o saco de batatas pau mandado de um casamento
qualquer fadado na mesmice da vida cotidiana rasa, ninguém, ninguém cara, quis
ouvir o que eu tinha para dizer sobre aquilo tudo!
Muito menos ela, a Agatha. E isso foi o que mais doeu, mano.
Á partir dali eu nunca mais a ouvi, ao menos, um dia rápido
ela apareceu na sahaja para que eu dissesse que estava muito feliz por vê-la bem
e viva!
Mas para quê essa merda tem que ser dessa forma?
Por que pessoas se acidentam ou se querem acidentar?
Para causar um bruto estrondo, o barulho nelas mesmo até o
sangue jorrar por completo, no desenvolvimento atordoado pelo atraso do ato
impensado delas mesmas como ser, pois tudo na Terra continua como sempre foi
até o seu ato heróico, homem: um mundo cão, um planeta vira-lata... besta fera!
Tu vives, não vives?
Aquilo tudo foi o maior balde de água com gelos que pudesse
cair sobre as nossas cabeças, na minha e na da Agatha, apagando por total toda
a vela quente que quiséssemos passar sobre o lado esquerdo do corpo, tentando
abafar qualquer passado que não poderíamos criar diferente á partir dali. Ou o
arcobaleno do lado direito, wherever.
Mas que merda, a gente se curte, se gosta e ponto final!
Mas em que merda de interior burguês moralista nós nos
metemos para descobrir isso:
Em cu que caga sentimento nós nunca iremos controlar!
Portanto não existem culpados muito menos vitorioso
Existe o seu silêncio atroz, rainha do rinite,
Mas que porcaria vem a ser alguém morrer a dois!
Etâ vida besta!
Deixe-nos existir no exílio, pois só lá a vida é vida sem
Terra! Sem a terra na veia daqueles que pulsam o Espírito Imortal!
Dear
Goddess, material life ain`t true!
5. - A POESIA QUE DEU LUZ A PROSA
- tive que ser dramático, amoré, pois do poema lírico em
prosa abaixo, escrito meio as pressas noite passada, surgiram os quatro
capítulos atos acima, escritos nessa manhã e tarde. Então é assim que seguimos,
numa rinite alérgica causada por uma sociedade burguesa metida à besta. E nós,
como belos demônios, fomos os melhores representantes da genialidade do
improviso do jazz na distância do
nosso silêncio um com o outro, ainda a ressonar nas noites mal dormidas. Mas
que merda! Etâ vida besta! -
Orixás, _não canto para enganar, _vou cantar n´outro lugar
Uma cantata por Acantiza.
@gigimichalsky
Não anoteis absolutamente nada na areia sob os teus pés, o
mar por tua vista, além das palavras na advertência que segue, _ cena1- praia de maré alta:
- Quando ela vier para dançar até ti, numa feição diferente,
diferente de todas as outras que ela já mostrou, em absoluto até aquele momento
crucial, serás o último segundo a vê-la!
_ cena2- praia de
maré baixa:
E quando começares por ouvires na primeira fala dita,
gentilmente lance os dados, cara! -
Corra cara! Antes, antes
Que na boca que já foi o beijo desenhe-se sem a premissa e
Solte ainda que sem
os vossos soluços de fundo sobre o fogo da pesca
Solte a oferenda daqueles que foram ao mar; dos destinos nunca
escritos por outros poetas,
Soltas o canto para Yemanjá!
O mar é tão imenso, a onda é tão intensa, não é, Brisa?
Não nos deixe sem saber, Breu
Orixás! Orixás?
O quê ti disseram os guias?
O quê eu disse que não caiu bem nos teus planos?
1)
E tu não acharás mais dona que o queira na mesma
flor, deitados no assoalho de uma mesma nau a vela;
2)
Não acharás mais cheiro que tenha a mesma cor
daquele cabelo molhado no sol sotero,
Polígono.
Bica.
Pois o chão de vidro começou a ser bordado nas pétalas do
vestido estampado no solo enquanto ela dizia, e só ela tem a chave de ser ali o
mantra primordial da imaginação dita:
“Você é um cara maravilhoso e super interessante... ”...
Ah maldito sois som infernal, sempre existe uma pausa
O suspiro do hálito dos momentos que jamais serão depois
daquilo!
Os recortes de dias re-compartilhados até aquele instante,
ah infernais demônios, sois vós!
Ah esse momento que transforma todo o passado lírico em lodo
Em um nodo de lama espessa pr`aquilo que foram os likes; os
arrasous
Fomos nós?
Pra fazer disto agora o barro?
O barro seco da estátua argila na bomba, qual bomba o
coração?
É isso nossa alma escura agora, queda! Destempero;
descontrole; fuga...
Se sorrires numa selfie-portrait, então me explica
gentilmente:
- A gênese se deu por um ato de soma ou por um ato de divisão,
Sr. Fonte Criadora Universo?
Não não
Há quem venha
acobertar o vosso coração delineando com lógica os avisos dados
E agora as pistas para o mistério da queda, quê revelam vós?
Ah apego destruidor, por que sofres pelo aquelo que nunca
foi teu!?
Ah som maldito “Você é...
Eu fui. Eu fui você!
Agora não mais sou eu!
Até que o vento me navegue para dentro de mim de novo,
Porque até que o Espírito puro sopre em dispor no chegar
n`outra borda do mistério romance, a
paquera esta que será infinita num horizonte de momentos perniciosos ainda
teus, serei eu, e o dia de Yemanjá
jamais findará na Deusa que quis pra ti
no nosso altar, no entardecer do principado das marés humanas, sendo em barro,
em pétalas e, agora,
No sal.
Boca da minha boca
Venta!
@acantizza
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