The Museum of Modern Art, New York. Purchase © Henri Cartier-Bresson - Magnum Photos
“Spiritual Destiny”- Ivo Perelman – sobre página de Agostina Taruschio:
Interrompendo o diálogo do vendedor de vassouras
Que hábil escuta o outro senhor que parece enfadá-lo
Passa uma doméstica com uma sacola preta.
As cores de entardecer frio puxam pr`européias.
A cinza do cigarro cai sobre a folha já não tão cinza.
Logo duas domésticas mais passam.
Essas não trazem bolsa alguma.
Um outro alguém, em roupas gastas, senta-se e me observa
O homem das vassouras, agora livre, rabisca alguma coisa
Existe a máquina e faz barulho num apartamento próximo
Essas tardes de agosto têm cheiro de lugar
Que nem tanto eu ou aquele que me observa
Saberia pontuar onde é em exato.
A pegada da ida, apesar de mostrar-se, já não está no mesmo lugar na volta.
Acantiza.
das 15:35 ás 17:35
Americana(18.08.2010).
Partitura do exílio.
Augusto Cavalcanti.
Augusto Cavalcanti.
E como lembra o sabiá que canta
sentindo o cheiro das penas num coco
sobre tua perna azeda, num bonde num canto.
Eles se esquecem, daqui ou de lá, mesmo!
Acorda o cara saudoso, por favor.
“Senhor, é sua parada” diz alguém.
Que nosso exílio non tem mais raiz no!
Se doutro lado da terra soubesse dos teus gostos...
...vai sumindo que não sobra nem a saudade e a cor.
Uma memória líquida se inventa, chame-a glória imediata!
E sem a memória não existe a saudade no exílio. Não existem padrões de relação.
Virando a esquina ou noutra terra vive alguém. Ali na casa do moinho.
Não faz referência à coisa alguma, mesmo!
Esse romantismo saudosista me enoja.
E nos faz esquecer do gosto limpo de ti, das coisas,
Do bonde, do elixir do que escorrega e nunca foi.
(junho 2009).