domingo, 22 de fevereiro de 2015

A Tensão Do Título Para O Teu Nome

Gorila Café
INT. Noite.



A TENSÃO DO TÍTULO PARA O TEU NOME.



- eu sinto falta do meu corpo

- de tal modo que a comida te escapa ao gosto

- s´eu falar, já não seria mais de mim falta.


Ela pega a bolsa, retira um maço e uma sombra.

É a anfitriã.


- onde aprendera desfilar tais modos?

- no mesmo armário onde guardamos as roupas.


As pessoas vestem sorrisos bonitos em noites de leitura.

Declamação bem feita dá vontade de fumar,

No banheiro do segundo piso.


- como se sente?

- abandonado.

- um poema deveria ser quantificado em força

Pelo tempo que nos deixa abandonados.



É ela quem vai ler.

Tanto faria quem o fosse.

Quem ouve presta mais às luzes que

Às vozes.


Assim o Leonardo, pode servir as mesas

Com a mesma tranqüilidade que lê,

Com a absoluta certeza que ninguém o ouve.


- não és tu, Leonardo?

-não.


Sem pormenores,

Tu escreves aquilo que é.

Aquele quem ouve, já não é mais tu.


-você me emprestaria o isqueiro?

- você não é daqui, é?


Sempre nessa parte da festa, penso que não há resposta a ser dada.


- cantaste uma pedra em lá maior!

(lá maior, repetia a entusiasmada platéia)


- é do porque o título é somente uma base.


Realmente as pessoas se vestem bem para cantar.


- moro aqui do lado e é tão fácil como uma partitura.


À noite, na Normandia ou no Gorila,

A luz que o dia esconde

É um espanto!


- a palavra, toda ela tem massa.

- você já encontrou o seu peso?

- refere-se ao meu corpo?

Ela acena que sim.

- é um peso que causa a tensão do título para o teu nome.

Já são bem menos pessoas agora.

- então, deixe-me ler algo que escrevi.