Coloco-me em modo humildade “on” como o portador dessa voz e
mente entendedora do que irá dizer-vos por esse corpo em letras, com o grau que
me cabe evolutivamente ser, nem mais, nem menos, só pelo espanto da carta
coringa que me escapa, arriscar-me nesta resenha de impressão primária, e peço
a gentileza da vossa honrada companhia comigo. Estando confiante, através dos
determinados pitacos culturais que já compartilhei nesses “muros” de código e
perfil sociais, que voltem-vos em memória alguns postes e façam-me crer que
possamos ter gerado em ti alguma confiança de postura que eu entenda um
“bocadinho” do que irei afirmar adelante. Confiança de ti em mim no cânon ou
cânone cinema; Arte visual e sonora em tela grande, posso pedir esse voto de
crédito? Então por assim continuemos. Isso é a deixa lírica inicial, porque
iremos meter a cara como crítico de arte (palavra medonha), mas correrei esse
risco, aqui e agora, porque algo assim não se dá sempre. Há coisas feitas em
determinados meios de transferência formal, feitas com certa virtude capaz de
elevar o grau de medida na estrutura da forma, aqui serão indubitavelmente
declaradas renovadas no ar, como uma nova estação á se igualar, duas técnicas:
atuação e composição musical originais na sétima arte ok. Temos absolutamente
certeza que Joker (2019) é um clássico. O quê isso quer dizer: diz claro para
mim que é a quebra de antes e depois, numa época, por um cânon, uma nova
representação referência nesse conjunto de regras utilizado como medida no
cinema, para datar um período da história. No caso houve uma elipse onde o
verossímil da obra são os anos 50, 60, mas que a crítica vem direto para agora.
“Qual melhor lugar que aqui, qual melhor tempo que agora?” No cinema isso voa,
e quando bem feito, meu amigo, dá um jogaço de expressividade. Ao menos, já de
cara, digo: no grau trilha sonora original e, em absoluto, na atuação de
Joaquin Phoenix, alguém terá que se esforçar demais por aí na auto-confiança,
estima e cobrança elevada no êxito, para se manter nos trilhos, nas pistas,
como se diz pela geral. Até me arriscaria á dizer que a plasticidade de cores
nas cenas também ficará como referência, e sim, poderia acertar nisso também.
Entretanto a música em harmonia com a expressividade de Phoenix, atuando como o
Coringa, é algo raro de se ver. E porque é técnico, fica mais temporal e
datado. Por isso chamo “quebra”. De tão raro de harmonia que proponho-me
sugerir: se algum dia demonstrei alguma virtude em conhecer sobre Arte, muitas
delas aqui, escolhas tu o dia em que estiveres melhor em harmonia contigo
mesmo, e, com o cosmos contemporâneo de mudança estrambótico dos costumes da
sociedade, vá ti ver essa obra na tela grande com o melhor som possível. Vale
cada centavo. Sei que Joker irá virar muito estudo e artigo científico, como já
vejo, naquilo que é o mais importante para nós criadores: é filmaço que virará
releitura de tantos outros seres criativos como já o estão fazendo e
compartilhando na rede, cada qual com a sua impressão, cada qual na sua parte,
e essa foi a minha: puta que pariu perdi a meditação desta noite porque a
trilha sonora de Hildur Guðnadóttir não me permite parar para. Arte quando é de
verdade causa esse efeito antes e depois, esse efeito atualíssimo na crista da
onda que alguém precisava apontar com tanta virtude. Esses caras fizeram. A
gente sabe o quanto o ego conta nesse meio, e se o nome do ator aparece antes
do diretor em cartazes, imaginem do quê estamos falando, cierto? Lembrem-se:
este é um momento raro, portanto veja no formato para o qual a obra cinema foi
feita: Projeção em Tela Grande com som Estéreo, caso os nomes técnicos já forem
outros, perdão, o efeito ainda é o mesmo, te fazer girar num universo escuro
onde a sua massa crítica flutua na poltrona, entende. Por isso me permito
estar-vos contanto, pois essas “coisas” bem feitas e contemporâneas realmente
mexem com a gente, rebuliçam mesmo o lance todo de época em época, ciclo em
ciclo. - Para não deixar de causar o puro incômodo de final de resenha,
permito-me falar de lei de incentivo nesse país, que conste como afirmação
testemunhal individual por conta e risco: se um dia eu fosse desviar imposto de
qualquer outra área mais necessitada desse lugar tão ferido de apoios, que
ainda é o Brasil, tentaria chegar perto de algo assim como fez Coringa (2019)
no seu público, moveu-nos acima. Porque senão, melhor deixar os impostos para
as cartilhas que rabiscava no pré primário do Heitor Penteado dessa cidade de
interior. O efeito carteira escola pública me causou mais à que o efeito de
qualquer filme nacional que vi até agora, tirando talvez Diários de
Motocicleta, que não sei se categoricamente é nacional. Boralá! knock knock,
trabalhar.
Hildur Guðnadóttir - Joker Suite
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