1.
O ano era 2011 e a guerra havia começado.
Trajado em roupas leves no seu corpo médio e franzino,
Era como se dali não houvesse mais o retorno.
O encontro havia sido marcado e agora, o corpo e a guerra,
Haviam se encontrado.
E a guerra não explodiu somente para o menino que saltou da janela.
Ela explodia por todo o continente Europeu, em cada rosto da juventude
Que não se enxergava mais. Na janela do retrovisor dum automóvel não
Olhavam mais as crianças em busca do oriente: elas já eram todas, o próprio
Não rumo. O Road movie sem retorno a lugar nenhum.
E sorrateira dava o seu bem vindo:
Bem vindo à guerra do teu corpo!
Assim anunciava e dava-se o inicio dum encontro já esperado há anos.
Ele era o escritor, finalmente!
E o mal se espalhava sobre a Terra. E ele escreveria disso enquanto não
Estivesse curado por inteiro.
2.
- Doutor, a minha mão está inchada.
- Isso é ansiedade B+, não se preocupe, tem cura.
- Eu sei, mas está bem inchada.
Ele ainda disse-lhe que não adiantava tentar sorrir,
Se ela não quisesse sorrir de verdade.
Disse ainda que as pessoas logo compreenderiam o ar falso.
Se somente expressasse a verdade, as “coisas” sairiam melhor.
Ela saiu do consultório com um misto de ansiedade e alivio no peito.
Pois todos estavam já quebrando os carros e as vidraças pelas ruas.
Era a guerra. E ela estava declarada.
Era a guerra do corpo sendo expressa nas ruas da London London.
3.
O que surgiria dali não fazia mais tanto sentido.
As ruas estavam em fogo, os jovens já não sabiam se
Explicar o porquê da violência.
Geralmente eram bem nascidos. Sim eram pessoas de estudo
As que se envolveram nos conflitos.
Elas queriam uma dose extra de adrenalina, era entendível.
Mas não entendível aos seus pais, ao seu país nobre, dum status a ser
Mantido em unhas e dentes.
Eles todos estavam lutando contra o desconhecido também:
Estavam desviando-se da guerra declarada,
A guerra arrebentando no corpo e sendo tingida em violência
Como num quadro de Banksy pelas ruas de Londres.
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Na Espanha a guerra surge em plena visita
Papal.
A santidade veio dar a sua graça, mas o país
Encontra-se em grave crise econômica.
Sabemos das vossas dores, meus caros jovens em
Madri ou na Cataluña.
Sabemos e estamos aqui para ouvi-los.
Por favor, falem mais brando, com menos dor; grito ou
Quebra e quebra.
Estamos aqui para ouvi-los, e não venceremos a guerra
Do corpo assim,
Sem ajuda mutua das partes.
Bem vindos são todos enquanto a guerra não cessa.
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Fico porque escrevo, e é o que faço
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5.
Era possível percebê-la, a guerra, passando
Ao lado dos conflitantes jovens.
Tanta violência sem motivos já trazia no rumo
E sangue a explosão pelo corpo da dor.
Era um bem vindo de gosto amargo, mas que pedia
Para ser engolido, em goles calmos e secos
Sem a habitual ansiedade.
O que era complicado para o escritor, em voga
E oficio silencioso de escrever.
Ele continuou até abrandar do cérebro o gosto
Insípido da angustia.
Estava se curando, e merecia pelo esforço feito
De estar aqui escrito.
Bem vindo à cura do teu corpo.
Estava começando ali a cura.
E ele escreveria até que a guerra terminasse e somente sobrasse
Sanidade e cura no lugar da incerteza e da dor
De antigamente.
Bem vindo à cura do teu corpo!
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6.
Foi necessária muita paciência.
Era seguir uma letra atrás da outra
E enquanto ele escrevia
Curava-se pouco duma dor angustiante
Arraigada numa pele acostumada com o movimento.
O movimento da musica teria que esperar.
Era a espera pela cura.
Bem vindo á cura da tua espera.
Ele combinou consigo mesmo que agüentaria.
Era um Road Movie sem poder traçar os trilhos
Por suas próprias pegadas.
O escritor precisava de ajuda para andar.
E iria aguardar o quanto fosse à cura do teu corpo!
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A única certeza é que tinha deixado
O mundo do comum.
Percebia enquanto
A ouvia melodia por melodia de Greensleeves partindo
Uma alma em busca da cura.
Era a calma e era bom. Ela havia ido, sabia que o destino fosse
Que ela fosse, na próxima, esquina com um leve toque nos rosto.
Foi uma volta boa ainda que nun tom doce de quero mais.
Se foi, e ela deixou-me em casa.
Por que aqui nessa calma vem alguém me dizer de alguma espécie de transtorno bipolar.
O único transtorno que tenho é não estar explicando isso a ela,
Explicando o deleite de Coltrane.
Então percebo que é exatamente o que não conseguiria,
E o quanto a cura será um momento sozinho,
E ás vezes, bem vindo!
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Sobre os remédios.
Bem os compreendê-los seriam fatos de narrativa
Bem contadas, mas o certo é que não compreendia
Nada além das cores das pílulas e de uns efeitos aleatórios
Desagradáveis.
Gostava das lembranças que surgiam em sua mente.
Coisas sem o menor tino mesmo.
Era uma improvisação muito bem aceita de memórias
Rebuscadas num retrovisor limpado com pano de chão
Cheiro de lavanda.
Foi transformado num blues bem aceito.
E tornava-se dali em diante a cura.
Bem vinda como
Out of this world- Jonh Coltrane Quartet9
Apaixonar-se era bom.
E era 2011, como dito no inicio dessa obra.
A guerra pelas ruas da Europa já estavam cessando
Mas somente por um tempo. Era o tempo dado a guerra
Que voltaria avassalar os corpos jovens.
Os carros queimariam bem como a paixão dentro do escritor.
Mas de que adiantariam as idealizações quando ele a viu
Estava linda em sua frente
Ele somente teve angustia e stress.
Ela era linda e ele estava em guerra.
E agora aguardava a cura para vê-la de novo.
Bem vindo à cura a dois.
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O escritor estava dopado.
Grogue de tudo e não tinha muito como lavar
Os seus ósculos sem o auxiliam.
Era mais um nome de um remédio.
Há te quando seria assim: disseram uma semana.
Era uma eternidade para quem não conseguia um simples
Banho digno e sozinho.
Mas o que tirou disso tudo é que aprendeu amar a sua família.
Uma família que faria tudo para tirá-lo da guerra.
Bem vindo á cura da tua família.
E ele iria conseguir. Assim como as vitrines e carros parariam
De queimar nas ruas.
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As pessoas da boa família comeram.
A pizza estava bem temperada e todos estão satisfeitos.
Meu êxtase é como as louças que aguardam para serem limpas.
Não faça grandes idéias, elas não vão acontecer.
Planeje somente lavar bem os pratos depois de uma janta
Simples mas alegre de família.
Essa é a cura.
Não trace grandes idéias, elas somente vão existir na sua cabeça
Escritor louco.
Por que eu devo ficar aqui?
Por que eu devo ficar?
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A psicodélica vinda de pílulas havia sido dada na
Sacada. Era uma branca e uma laranja.
Diferente daquilo que fosse mais litúrgico
O que seria causado era uma bruta apatia.
Chega dar-me sono enquanto tento escrever.
O cachecol da sacada agora esquenta-me brutamente
Que devo nesse instante tirá-lo.
Meu irmão diz que devo estar torrando. E ele deve estar correto.
Tiro a roupa e o tal remeDio já começa o seu efeito.
Devo parar por hoje.
O escritor vai, obrigado, dormir
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Era interessante testar o efeito do entorpecimento
Das pílulas no sangue.
Ele relutava em falar da guerra mais objetiva
Daquela que interessava e explodia nas ruas.
Mas sempre em ti o objetivo foi o subjetivo.
Os jovens acima de tudo sofriam.
Sim, eles não se compreendiam e alem do que
Não eram compreendidos.
Era a guerra e era um prato cheio para guerra:
Do corpo e das ruas.
Ela tentava calado em letras trazer um pouco de paz:
A paz do corpo.
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Agora era estranho, era muito estranho porque ele
Ele não enxergava as letras para digitá-las.
Estava completamente dopado aguardando a água
Que sua mão havia pedido para entrega.
Lá fora a guerra ilustrava a arte abstrata pelas ruas
De sangue.
Aqui dentro era e espera por uma dopamina relutava
Em acompanhá-lo letra por letra.
Mas ele iria resistir. Dopado ele iria resistir à guerra
Que teimava em rebuscá-lo na memória.
Bem vindo à resistência do deu corpo!
E a á água chegou.
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A cabeça já era assunto mais complicado
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A parte do sangue foi como um vampiro,
O cateter na veia e vazando o liquido.
E saber o que tinha ali naquele potinho não era difícil:
Era a guerra.
A guerra líquida em sangue.
Mas o escritor prometeu agüentar. Alguns dias e o pulso
Estaria curado e ele poderia pedalar de novo
Bem vindo à cura do teu pulso.
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Era injusto não ser mais surreal.
Era o remédio.
E o que ele faria para sarar?
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Deixaram-me sozinho.
E o que faço: escrevo.
Entorpecido por uma pílula que me conduz
A tal felicidade.
A derradeira busca da humanidade.
Em uma pílula que não me traz nem e metade
Do zelo com que escrevo.
Contudo eu tentarei transparecer humildade e ironia
Em doses cavalares de entorpecimento.
Espero que possam ler em suas línguas.
Enquanto á mim, possa ler em meu cérebro.
É assim, a alegria em linha.
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Pretendo sair da casa.
Criar a música para as ruas.
Criar uma letra para a farsa.
Mas dizem-me esquizofrênico e
Recepciono-vos como tantos.
Os outros
Que não conseguem enxugarem-se sozinhos.
Sou destes:
A letra
A fraude
E o surto.