sexta-feira, 30 de março de 2018

Back into Luisa Cevese Riedizioni yard to payback an inner bill



Estava ontem conversando com parentes queridos sobre o valor de trabalho e recompensa. Como as pessoas comuns se esqueceram que trabalho, em cerne, é o tempo que se leva para produzir matéria ou de utilidade básica ou lazer dos seres humanos, ou ainda tempo para produzir matéria intelectual para instrução teórica cientifica ou cognitiva ilustrativa para melhorar a vida dos seres, ou tempo em que se troca atitudes operacionais para servir aos demais. Divida o valor do seu salário mensal pelo tempo do seu mês trabalhado, e esse é o valor por dia da sua força de trabalho. Não há aqui justiça nem injustiça, o que desejo que entendas é que é esse o fator para qualquer um saber o valor real, para nós assalariados, de qualquer mercadoria ou consumo ou lazer, que iremos comprar ok. Parece simples, mas a eternidade das pessoas que convivo não sabem disso, principalmente quando calculam que é barato comprar qualquer coisa a prazo porque o valor por mês é suportável. Fazer isso quando necessário, simplesmente justifica mais tempo que teremos que trabalhar pelo juros acrescido, ainda se não fores demitido, para conseguir ter a barganha e, ai sim, dar o grito: "é meu!", visto?

Tentarei abaixo analisar, acima da filosofia ocidental dita, delineando alguns eventos dessa troca trabalhista em dois fatos de minha vida até aqui, ok.

Em Milão, meados de março de 2009, entrei para entregar garrafas de água em um comércio deveras bacana (o link do site estará abaixo desse relato). A proprietária Luisa é sem dúvida uma artista, bem como a equipe que trabalha para ela, sinceramente fiquei fantasiado com o colorido dos tecidos, as coisas que ia vendo e fui entrando e conversando com ela em inglês, porque não falo bem o italiano, enfim, papo vai papo vem, ela me deu um cartão retribui meu e-mail e, um mês depois sentamos para uma entrevista. Preparei-me com um punhado de certificados na mão, quando a pessoa basicamente nem quer ver muito aquilo, e deu jogo!, a conversa meio inglês meio italiana foi bem aceita. Não definimos muito bem o que seria minha posição, e sai de lá, ainda como estrangeiro sem documentos para trabalhar legalmente na Itália, com um contrato boca a boca para um teste de dois meses na loja.
Lógico, fiquei entusiasmado, sai ligando para família aqui no Brasil, avisei o Paulo que o deixaria finalmente sossegado para ter a privacidade dele e procuraria algum lugar para morar em um mês, e, também procurei uma escola de língua italiana.
Pois bem, sinceramente nunca fui muito bem nos primeiros passos em ir me adaptando ao trabalho, que era comunicação e negociação por e-mail, sinto-me acuado saca, ainda mais com um lance que não domino e a Luisa soube tentar contornar isso, mas não rolou. Com um mês de trampo ela me chamou para conversar quando eu estava entrando para o trabalho e disse que eu não iria mais e (aqui vai a lição) se eu não conseguisse um outro trabalho, mesmo somente tendo trabalhado um mês, ela me pagaria o outro.
Olha, sinceramente, conheço bem poucos donos de comércio e demais setores que dariam-me essa opção. Mesmo sabendo que iria acontecer, obviamente sai bem arrasadão, até peguei o metro para um lado e para o outro sem muito saber onde ir, apesar de eu já estar morando em um tipo de pensão num bairro onde os moradores em grande maioria falavam espanhol.
Pois bem, fiquei meio em desespero, e já bem logo fui à uma lan-house e escrevi para Signora Luisa que eu precisava do salário do outro mês porque usaria para voltar para casa no Brasil, pedi desculpa pela confusão causada, e passando uns três dias ela foi me pagar esse salário em uma estação de metro, perto do castelo, e foi, sincero tá, foi bem das piores sensações que tive, senti-me mal mesmo, ela não transparecia ódio, contudo tinha no aspecto um desapontamento muito grande, e, aqui creio, não só comigo, mas em confiar um trabalho a um estrangeiro e o mesmo agir assim. Fiquei mal. Ainda estou.
Não será hoje que eu poderei transferir esse mês que não trabalhei e recebi para vocês ai ok, porém estou deixando o site aqui como divulgação e, se alguém comprar uma bolsa por essa "indicação", será mérito total de vocês pois são deveras artistas. Ho comesso un errore, me dispiace.
Ah, eu realmente voltei para o Brasil tá. Uma semana depois da fastidiosa troca: entreguei um grosso desapontamento e recebi o envelope com os euro no metro.

Luisa Cevese
http://riedizioni.com/








take 2.
Melhor seria dizer - trouble minded 2. Em abril de 2012 fui contratado pela empresa NOHOTEL. Os oito meses anteriores haviam sido de luta para mim e todos os amigos e familiares próximos porque estava em recuperação do único surto psicótico até hoje e sinceramente creio que foi o suficiente ok. Pois bem, a experiência na empresa Nohotel foi desastrosa para ambos os lados. Em menos de quinze dias o gerente me chamou e disse que tinha uma proposta, era esta: eu não seria mais registrado como bilíngue, eu iria trabalhar na recepção e restaurante, e o meu salário seria uma base de 20% menor, a proposta era aceitar ou deixar a empresa, simples assim. Foi escolha minha e concordei ficar. De fato atuei melhor nos trabalhos operacionais que fiz, do que tendo que atender telefones, fazer agendamentos de reservas, pagamentos etc, porque é menos difícil disfarçar o incomodo com o clima pesado do ambiente humano trabalhista cansando o corpo do que a mente. Basicamente em determinados lugares só perpassa do nosso lado intriga e falsidade, e acabava entrando no jogo, por hábito e convívio, e vira uma mania que destrói o poder de nossa alma para ser o bem. Assim foi que estando mal ou bem continuei vindo trabalhar, sob efeito de desequilíbrio e remédio, contudo, na medida de agir com educação, acredito ter feito um trabalho médio de recepção e restaurante ah, cobria o turno da madrugada uma vez por semana, essas insones noites só pioravam a situação da saúde. Nesse meio tempo tive o inicio de algo como crise e avisei que não ia trabalhar e voltei a me encontrar com o psiquiatra, pois havia parado o tratamento. O fato é que não aconteceu como objetivo, sinceramente nem sabia que o meu caso permitia, mas no mesmo dia que começaram as entrevistas para pessoa que obviamente iria ocupar o meu cargo, fui no médico e na conversa chegamos a conclusão que seria bom um afastamento de quinze dias para amenizar os ânimos. Fomos ao hotel, eu e o meu irmão, levar o aviso. A mim foi bem nítido o incômodo do menor dar um golpe no maior porque eu seria demitido a salvei uns dias, mesmo o gerente dizendo para eu ficar calmo para aproveitar o tratamento de duas semanas e voltar trabalhar. Daí fui viajar para casa de amigos, quando voltei consegui agendamento no médico do trabalho, órgão do estado que não irei nem informar qual é, e consegui um afastamento de três meses com a previdência. É óbvio que não estava invalido, mas não estava de todo bem também. Considero a minha atitude uma falta de fé no futuro, que as coisas pudessem sair melhor se tomasse a decisão que teria agradado-me mais (apesar da responsabilidade) lá no começo quando recebi a tal proposta despedida do gerente, deveria ter me despedido. Sairia firme e sem causar desconforto emocional a mim e ao contribuinte social. Para deixar um pouco justificável, era com o salário do hotel que eu estava retribuindo o que a minha mãe tinha gasto com médicos e remédios. Ainda, pouco antes de perceber que seria demitido, foi me receitado um remédio que custava praticamente o meu salário e não sabíamos se conseguiríamos na farmácia de alto custo, e também tinha começado ir à psicologa. Não fui "esperto" como venha parecer aos olhos julgadores e preconceituosos, as coisas foram acontecendo e esse foi o caminho, um caminho que durou os três meses de "aposentadoria", mais uma baixa rescisão, e depois demorou 8 meses para conseguir um novo emprego.
Mais abaixo direi um pouco sobre os tais dos acertos e acordos financeiros familiares ok. Por mais que esses não sejam trabalhistas, regido por um contrato, envolvem direitos e deveres e, exato por essa razão, quando não bem explicados nos entes envolvidos, podem causar muito dano porque envolvem confiança e desprendimento egoísta, exatamente o que dia a dia aprendi.