quarta-feira, 25 de novembro de 2009

fictv per Raquel Prado

Ola Augusto, Seus textos são bons, e por isso mesmo, não merecem comentarios levianos. Sinto que é uma responsabilidade dificil comentar com o proprio autor o seu texto, sobretudo quando se trata de alguém tão mais jovem. A gente acaba se questionando muito... Talvez seja a maior bobagem - tipo se levar muito a sério - afinal quem sou eu pra ta falando... essas coisas, entende? Eu mesma ja estive nessa posição, de esperar de alguém um parecer e me decepcionar, ficar até irritada, com raiva pela ausência de resposta. Talvez essas pessoas tenham sentido isso que estou sentindo agora e nao as coisas ruins que eu pensei na hora. té mais,um abraço,Raquel.
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009 15:43:23


Oi Augusto, Desde que vc entrou em contato comigo eu estou matutando uma idéia e gostaria de saber o que vc acha. Lembra que eu te disse pra dar uma olhada no fictv? Pois então, eu pensei num argumento, mas acho que eu não tenho nem capacidade nem saco, nem tempo pra desenvolve-lo. Eu abri uma produtora com uma socia, a gente tem uma boa camera e algum equipamento, mas no money. Para ganhar um edital desses (fictv), acho que deve ser necessario ja ter alguma produçao no curriculo, não é o nosso caso, mas alguma hora a gente tem que começar. Por outro lado, se a gente tiver um bom roteiro, mesmo não ganhando o edital, a gente ainda pode batalhar por outros lados. O tal do caminho das pedras. O maior problema agora é o prazo. E talvez vc não esteja disponivel, no momento? Pensa um pouco. Mas pensa logo. um abraço,Raquel
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009 11:08:11

E ai? Ficou assustado com a proposta?Aquele edital é mesmo assustador, mas vc tem de pensar que eu e a Yanet (minha socia) ficamos com a parte mais chata, que é mais relativa à produção propriamente. E mesmo no roteiro (fora o primeiro episodio é so uma escaleta que eles pedem) a gente pode trabalhar juntos (não sei bem se isso facilita ou complica, depende). té,Rq.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009 8:54:43





Raquel Desculpe-me a demora em responde-la, mas allora sono felice em faze-lo. Estava fora da internet por um tempo.. ajudami organizarmi! e fico mais concentrado distante da tal easy communication. Bom, comme il faut, vamos ao trabalho:(acho que posso começar unindo a reflexao che tive nos tres emails seus nesse meu) Creio que o primeiro sobre nao me responder ligando a espera e reminicencias de suas mesmas esperas por parecer doutros me agrada molto..Mas nao é Raquel essa mesma espera a espera que espera ter pelo tal fictv?? Sempre acreditei no caminho das pedras! e espero segui-lo aprendendo com vc e a Yanet.A Lina Chamie me disse numa conversa: "essa estoria de profissionalisar-se é assim: vc se profissionalza e pronto"! Acredito que se vcs tem o bom equipamento e, a experiencia em producao elaboracao de proggetos que eu procuro.. podemos unir nossos conhecimentos e nesse caminho à Itaca lapidando as pedras que sempre aparecem.. estaremos na verdade montando nosso camiho e isso para mim é de que e feito la vitta! trabalho. mesmo com grammatica confusa,o que quero dizer é que se vcs me aceitam, teremos hum bom trabalho de pre-producao. Ja é mais attivo que ha espera e me piace tanto tentar. Sinceramente.. Talves, sem nos preocuparmmos com o prazo, teremos um melhor proggeto para conseguir patrocinio e aihuta dos nossos contattos do meio de cinema Podemos fazer!e eu estou dentro.. Se stiver que "chato" ir para França, ja moverei uns palittos para arrumar algum trampo de estrangeiro, tipo entragar acqua em Milao.. e in realità guesto tipo de vitta me fa produzir quelque belle chose.. Por que produzo sobre a vida!! e pessoasque na ralidade vivem.. suas hora suas angustia e alegrias e seus trabalhos communs.. Espero te-la convencido que quero muito tentar. E que estou grato de sua proposta.Equando quero e vejo objetivo, faço meu melhor para conseguir. Me diga o proximo passo. ? Abraco e buon Jeudi per vousAugusto Cavalcanti. ps: se me permite uma ousadia abtual de quando tentei editais a ate mesmo bolsa para estudar e tive repostas desagadaveis.. : à ffanculo os editais! a nouvelle vague fez filmes que adoro sem muita grana, que eu saiba...
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009 8:37:21




Oi Augusto,ai vai: A idéia é criar uma trama com um elemento fantastico. Mas o fantasticotal como o define Todorov, ou seja, nem desbanca para o maravilhoso(como em Saramandaia, para usar um exemplo da teledramaturgiabrasileira, ou, mais "up-to-date", o filme Ricky recém apresentado emBerlim ) nem recebe uma explicação definitiva de cunhorealista-naturalista. O objetivo é criar uma incognita, um mistério quedeve levar os personagens a investigar a historia de sua comunidade eassim redescobrir uma dimensão de vida socio-cultural, sufocada pelacultura de massa (ou seja, musica e televisão comercial, novelas e etc). Tudo se passa numa cidade do interior de São Paulo, mais precisamente,São Carlos. O personagem principal, Eduardo, tem quinze anos e, aospoucos, vamos ficar sabendo que, depois de um periodo de crise(rebeldia familiar, bagunça na escola, assédio dos meninos do bairro,envolvidos com drogas), ele acabou por largar a escola e começou atrabalhar como auxiliar de pedreiro para o pai de sua namorada. Umaharmonia voltou a se estabelecer em casa e na sua vida afetiva, estasatisfeito com o trabalho. O que o publico so vai descobrir depois,aos poucos, é que uma tragédia familiar viera precipitar essareviravolta na vida de Eduardo. Eduardo tem dois meio-irmãos, cada um é filho de um pai diferente. Amãe, Cida, é curitibana, trouxe Eduardo do sul e teve outro filho comum japonês: Yuki, um menino de 10 anos, que parece um indiozinho(descobrimos com o tempo que ele tem mesmo ascendencia indigena porparte de mãe, embora os olhos puxados lhe venham do pai). Cida éfaxineira e vive ha algum tempo uma relação perfeitamente estavel comMarcos, motorista de onibus, que não é pai de nenhum de seus filhosmas é um excelente marido e assumiu a paternidade de Yuki, que nãochegou a conhecer o pai verdadeiro. O filho mais velho que vivia com opai alcoolatra no sul, acaba de se mudar para São Carlos. Eduardo é um menino muito bonito, faz muito sucesso com as garotas. Oque ele ganha como auxiliar de pedreiro é usado para comprar roupas.De fato, apos muitas dificuldades financeiras, Cida e Marcos ja estãoterminando de construir a casa onde moram, e sua situação financeira évivida como relativamente tranquila.A familia de Eduardo é grande e bastante gregaria, amigos enamorada/os completam o nucleo central de personagens.

A historia começa no dia de Santa Aparecidinha, padroeira de São Carlos. Comotodo ano, todo mundo vai para a cachoeira da Babilônia, onde écelebrada a festa religiosa, com uma pequena procissão, que leva aestatueta da Santa para se banhar, uma quermesse, fogos e musica dealto-falante. Durante essa festa, Eduardo vai se afastar, pois quer levar anamorada num lugar meio misterioso, subindo o rio, onde as pessoas nãogostam muito de ir, não se sabe bem porque. Alguns dizem que umacriança se afogou ali, no século passado, outros dizem que houvera alium quilombo, mas ninguém sabe ao certo.Eduardo não esta muito interessado em mistérios, so quer ficar umpouco a sos com a namorada, e no meio da confusão da festa, sabe queaquele lugar é o mais provavel de estar tranquilo. O primeiro episodio, pois, do seriado, mostra os personagens em plenaprocissão. Os planos da festa vão se alternar com planosdos diferentes personagens centrais, e curtos dialogos vão aos poucosfornecendo parte das informações necessarias para a compreensão dahistoria. Eduardo e a namorada, Leticia, são vistos na cachoeira, seolhando, sorrindo, ela joga flores, ri e sai correndo, olhando praele. Ela se encontra com duas amigas, comprando picolé. Ela fala comelas, sem perder Eduardo de vista,ri, musica de fundo, ruido da festa,o dialogo nao é ouvido. De longe Eduardo pega a bicicleta e faz umgesto, chamando Leticia, ela vai encontra-lo. Sempre en alternância comimagens da festa, vemos Cida conduzindo pacientemente sua avo, (umavelha bastante resmungona e desagradavel, mas paparicada pela familiainteira, que ela ate certo ponto domina). Bruno, um primo de Eduardo,também adolescente, esta com Yuki e uma ex-namorada de Eduardo,Michelly, que não aceitou o fim do namoro. Quando esta vê Eduardochamando Leticia de longe, tenta convencer Bruno a segui-los. Estequer deixar o primo sossegado, mas Cida vem até ele: ela acaba deperceber que Eduardo se afastou e, como ainda esta meio preocupada comele, que passara a noite com febre (motivo pelo qual, ela quis que eleviesse, para pedir a benção da santa), acaba convencendo Bruno a irprocura-lo. A avo resmunga, quer que Cida a leve até uma barraquinhapara comprar um terço. Quando Cida volta, vê ao longe Bruno (junto comYuki e Michelly) indo na direção em que Eduardo sumira com Leticia.Resolve ir também, apesar das imprecações da velha. Marcos aparece,sempre solicito e fica com a avo, enquanto Cida sai para procurar osjuvens. A intenção é criar um suspense, que deve crescer até o final doepisodio, no qual encontramos Eduardo no meio de umas ruinas,afogueado. Leticia lhe pergunta o que houve, porque ele saiu correndode repente, que ela mal conseguiu acompanha-lo. Ele esta parado,olhando para o vazio, com a maior perplexidade e pergunta a Leticia:Vc não ouviu? O desenvolvimento da historia consiste na busca de Eduardo paracompreender o que ele viu e ouviu naquele lugar estranho.
O episodio seguinte retoma a partir dali, com a chegada de Bruno, Michelly eYuki, logo alcançados por Cida. Eduardo sente tontura, se senta. Cidase culpa, acha que ele devia ter ficado na cama. Da a entender que afebre é que fez ele ver coisas. Farpas entre Michelly e Leticia. Brunoolha preocupado, (flash-back: ele se lembra de ter surpreendido o primoem situação suspeita, de ter sentido cheiro de maconha). Cida percebea suspeita de Bruno e defende o filho: lembra de sua infancia, umafebre depois de uma picada de aranha, em que ela tivera essassensações estranhas. Em seguida todos estão reunidos na casa da avo, Eduardo esta tomandoum cha, amigos vêem saber o que aconteceu. A velha diz que écertamente "coisa de macumbaria", pois tem muita gente que não prestapor ali... Desconforto entre as noras. Cida discute com a velha,dandoa entender que ela implica com todo mundo. Michelly chega, a avooferece um refresco pra menina. Cida percebe que a camiseta de Brunoesta molhada de suor e faz ele tira-la. A discussão se dispersa.Burburinho ao fundo, plano de Michelly, olhando o torso nu de Eduardo,corte para a camiseta. Gargalhada de Cida, que acabou se distraindocom a conversa de uma amiga.Corte para Eduardo e Bruno, Bruno ainda desconfiado, Eduardo diz queno dia seguinte ele quer investigar uma coisa e pede ajuda de Bruno. Terceiro episodio: Eduardo e Bruno vão na escolinha de capoeira domestre Oswaldo, no outro lado da cidade. Eles assistem a aula e depoisvão conversar com o mestre, querem saber mais sobre capoeira, poisnão têm muita idéia do que é. Mas Eduardo lembra de ter visto, hamuito tempo, o grupo jogando na praça (flash-back), e o pûblico percebe pelocontexto que o que ele viu naquele lugar estranho a beira do rio temalguma coisa a ver com a movimentação da capoeira. Enquanto Eduardo vai tentando descobrir o que foi que ele viu naquelelugar, ao longo dos episodios, o publico vai descobrindo que um outroprimo dele, Edilson, morrera ha pouco tempo atras numa circunstanciatragica: foi encontrado enforcado numa obra, aparente suicidio, possivelhomicidio (ele devia dinheiro a traficantes). O trabalho deinvestigaçao de Eduardo sobre o que acontecera ha mais de cem anos,naquele lugar, envolvendo escravos fugidos das fazendas de café daregião vai ajuda-lo a elaborar o luto por esse primo. Corte da escola de capoeira para a casa onde Cida trabalha. Cida estalimpando e conversando com a patroa, Olivia; O marido de Olivia estafazendo café. Olivia pergunta se nao é o caso de procurar umpsicologo. O marido, meio sem jeito pergunta se tem psicologo queatende pelo SUS. Olivia emenda, tbem sem jeito, dizendo que tem umaamiga que é psicologa... Cida lembra de Edilson (flash-back) e diz queacha que Eduardo logo estara bem. Corte de volta pra escolinha. Bruno encontra um conhecido, Zito, epergunta se tbem faz capoeira.Enquanto conversam, vemos Eduardo seafastando. Bruno chama. Eduardo pega bicicleta e diz que esta indo.Bruno o alcança, quer saber aonde vai. Eduardo diz que vai na fazendaSta Eulalia. Bruno se preocupa, diz que ja é tarde, vai anoitecer, e ocaminho pra fazenda passa por um bairro "barra-pesada". Eduardo seirrita, diz pra ele largar do pé e vai. Dialogo rapido entre Bruno eZito. Zito convida Bruno para um ensaio do maracatu. Bruno ficaolhando, preocupado, a direção que E. tomou. Corte para o quarto de Michelly. Ela estende numa mesinha a camisetade E.(vista no episodio anterior), termina de acender sete velasvermelhas ao redor, tem uma figura de uma Santa e uma estatueta de StoAntonio, ela começa a ler a "Reza das Almas penadas". Enquanto E. vai se aproximando do bairro 'barra-pesada', vemosgarotos da região observando e avisando a chegada uns para os outros.Logo adiante, E. tem de parar diante de um grupo que fecha a estrada.Tentam intimida-lo, desafiam; Eduardo se esquiva, um menino pega umapedra, os outros imitam, quando um levanta a pedra pra jogar, corta.Fim do episodio. Quarto episodio:Bruno chega de bicicleta na casa de Cida, que esta noportão, conversando com Leticia, Yuki, sentado um pouco atras, sério.Pergunta por E. B. diz que veio espera-lo, logo estara de volta.Camera se aproxima rapido num close sobre Yuki, cujo olhar muito sériosugere alguma intuição.Enquanto vão entrando, ouve-se ao longe umcarro cantando pneu. Plano do portão se fechando, camara se afasta,panoramica no trem no horizonte, o sol se pondo.Corta para planos rapidos e fechados sobre os punhos dos molequessegurando as pedras, camara se afasta assim que os braços começam a selevantar, ruido de pneus ao longe, camara se afasta mais e vemos E. decostas, os moleques, sorrindo, curtindo em camera lenta o momentosadico. Quando começam a lançar as pedras, o ruido do carro a todavelocidade se aproxima,vemos Eduardo virando de costas em direção àcamara de onde o farol alto do carro faz todos soltarem as pedrasprotegendo os olhos. o espectador também não enxerga direito com oreflexo da luz e a poeira que se levantou. Quando a poeira assenta, acâmera, que ficou no plano dos meninos, so mostra ao longe Eduardoescapando de bicicleta, o carro a perder de vista.Os meninos jogam aspedras no chão com raiva. Corta para Eduardo afogueado, chegando nopatio da fazenda, diante da antiga senzala. desce da bicicleta,senta no chão, fica olhando. levanta e entra de quarto em quarto dasenzala. a cämara não sai do lugar onde ele se sentara so o vemosentrando e saindo.Ele para; olha em direçao da camera, a esquerda,onde fica a maquina de torrar café, centenaria. Ele se aproxima, tocaa maquina, fica olhando; de repente, ouve um ruido, se voltaassustado, um lagarto foge, uma coruja pia, E. começa a caminhar emoutra direção, camera foca seus pés, camera lenta, o ruido dascigarras vai ficando mais forte qundo de subito para. a camera sobedevagar até o rosto de Eduardo, que parece hipnotizado por algumacoisa; corta. ----- Final da mensagem encaminhada -----

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009 12:34:43
Oi Augusto, Sem querer defender meu argumento, e ja defendendo, o legal, no caso, se vc embarcasse na minha idéia, é que tudo o que eu pensei (o pouco, né...) é em cima de lugares legais de São Carlos, que podem dar bons settings e ainda podem despertar o interesse da Secretaria da... sei la, não lembro o nome, mas cuida da memoria da cidade e é mais influente que a da Cultura. Tipo o quilombo da Fazenda Sta Maria... quanto à cachoeira, temos varias pra escolher...Capoeira eu sei que tem uma bem vagabunda por la (eu morei na Bahia, sabe como é...), mas acho valido valorizar... E tbem gostaria de colocar o maracatu do Chico (vc conhece? ele fez o seu curso), ou outra coisa do gênero... Que dê um gingado brasileiro... Uma alegria, um ritmo, saca? Eu dei uma viajada nesse negocio de fantastico por causa do texto que tenho que escrever, por isso andei revendo filmes do gênero. Bom, não quero te pressionar. té mais,Raquel quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009 13:55:30

Após as controvérsias do “nacional-popular”, das militâncias políticas e das patrulhas ideológicas, que movimentaram o debate em torno da produção cultural nos anos 60/70, ficou arriscado discutir o eixo cultura e política sem recair nos lugares comuns do populismo, do ressentimento e das camisas de força ideológicas. Hoje, o enfoque dessas questões tem tomado outro rumo; a própria expressão dos termos “cultura” e “política” tem uma conotação desgastada; com a profusão dos inúmeros procedimentos midiáticos temos uma diversidade cultural quantitativamente importante, ao mesmo tempo em que se multiplicam as formas de identificação nas diferentes dimensões da vida cotidiana. Hoje, no contexto da “cultura das mídias”, a estética, como uma faculdade de compreensão do mundo por meio de critérios não apenas intelectivos e racionais, mas também pela forma dos sentimentos que agregam os indivíduos, pode nortear a discussão do “cultural”. O problema da ética, por sua vez, reaparece à exaustão na época do neoliberalismo e das culturas midiáticas e isto é sintomático, porque de certa forma demonstra uma falta, ou seja, a ausência da ética no plano das relações entre a sociedade e as instituições públicas, assim como no plano das relações intersubjetivas. Mas há um aspecto afirmativo na retomada do debate sobre a ética, que implica também no exercício da responsabilidade. A discussão sobre a ética, que se distingue de uma discussão sobre as moralidades vigentes, alerta para o modo de realização dos desejos e das necessidades do indivíduo, mediante os limites do outro, isto é, considerando as fronteiras com as alteridades e com as diferentes subjetividades, com compõem a realidade objetiva do social [8]. Então, neste sentido, o papel desempenhado pela arte tecnológica, particularmente, no caso da telenovela “Saramandaia”, consiste em situar parâmetros éticos e estéticos que podem oxigenar a vida dos sujeitos em sociedade. Isso distingue uma ficção seriada, que partindo do inconsciente coletivo da sociedade brasileira, desperta o público pelo expediente do risível, do cômico, do encantado e do trágico. Esteticamente a ficção reúne elementos que cimentam as emoções coletivas por meio dos afetos, dos sentimentos e das emoções, e eticamente, Dias Gomes, estimula um tipo de “politização do cotidiano” libertando os fantasmas da cultura, pelo viés do irônico, do absurdo e do sobrenatural.



Raquel Como fiquei hj em casa e sua historia me interessou, mexi um pouco com ela. Ha, conheço sim o Chico. e bate maior saudade do rtmo do maraca e do batuque enquanto estou aqui na gringa..Lendo seu texto lembrei dum trabalho que fiz em Santa Eudoxia e do caminho que fazia com o onibus de Sao Carls ate là!Vincent pintaria quadros com aquelas cores.Lembro bem de quando fomos, eu o Odilon Moraes(ilustrador e orientador do tal progeto) e a Bia conhecendo uma cachoeira e conversando letras pelo caminho.. demais! sentando em eudoxia e bebendo cafe com os senhores(as) da terra. mas voltemos ao seu argumento:Separei seu texto em etapas que me interesso desenvolver mesmo pq acredito que vc tenha boa parte do texto e cenas bem criadas.. a da festa e a sequencia final, para mim esta desenvolvida pois as cores daquela terra e as imagens falaram por teus personagens. agora nao sei o que devo fazer, entao vou aguardar vc ler esses cortes que fiz.. e se vc achar que devo escrever historias em cima dessas tres "tramas" para depois unirmos ela no roteiro final, disponho-me a tentar. Abraço.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009 11:21:48




Trama primeira:
A relaçao do ambiente “maravilhoso”e o enredo

...O desenvolvimento da historia consiste na busca de Eduardo paracompreender o que ele viu e ouviu naquele lugar estranho “fantastico”...



A procura de Eduardo.

(primeiro episodio)
O objetivo,(aspecto cenico / cenarios, fotografia, musica) é criar uma incognita, um mistério que
deve levar os personagens a investigar a historia de sua comunidade e
assim redescobrir uma dimensão de vida socio-cultural, sufocada pela
cultura de massa (ou seja, musica e televisão comercial, novelas e etc).

A historia começa no dia de Santa Aparecidinha, padroeira de São Carlos.
Como todo ano, todo mundo vai para a cachoeira da Babilônia, onde é
celebrada a festa religiosa, com uma pequena procissão, que leva a
estatueta da Santa para se banhar, uma quermesse, fogos e musica de
alto-falante. Alguns dizem que uma criança se afogou ali, no século passado, outros dizem que houvera ali um quilombo, mas ninguém sabe ao certo.
...(Desenvolvimento dos planos da festa por Raquel)...

...(terceiro episodio)...
O trabalho de investigaçao de Eduardo sobre o que acontecera ha mais de cem anos,naquele lugar, envolvendo escravos fugidos das fazendas de café daregião vai ajuda-lo a elaborar o luto pelo primo ( o primo dele, Edilson, morrera ha pouco tempo atras numa circunstancia tragica: foi encontrado enforcado numa obra, aparente suicidio, possivel
homicidio (ele devia dinheiro a traficantes).
(quarto episodio)
Corta para Eduardo afogueado, chegando nopatio da fazenda, diante da antiga senzala. desce da bicicleta,senta no chão, fica olhando. levanta e entra de quarto em quarto dasenzala. a cämara não sai do lugar onde ele se sentara so o vemosentrando e saindo.Ele para; olha em direçao da camera, a esquerda,onde fica a maquina de torrar café, centenaria. Ele se aproxima, tocaa maquina, fica olhando; de repente, ouve um ruido, se voltaassustado, um lagarto foge, uma coruja pia, E. começa a caminhar emoutra direção, camera foca seus pés, camera lenta, o ruido dascigarras vai ficando mais forte qundo de subito para. a camera sobedevagar até o rosto de Eduardo, que parece hipnotizado por algumacoisa; corta.




Trama Segunda – Vida de Eduardo

a camera sobe
devagar até o rosto de Eduardo, que parece hipnotizado por alguma
coisa; corta.

O personagem principal, Eduardo, tem quinze anos e, aos
poucos, vamos ficar sabendo que, depois de um periodo de crise
(rebeldia familiar, bagunça na escola, assédio dos meninos do bairro,
envolvidos com drogas), ele acabou por largar a escola e começou a
trabalhar como auxiliar de pedreiro para o pai de sua namorada. Uma
harmonia voltou a se estabelecer em casa e na sua vida afetiva, esta
satisfeito com o trabalho. O que o publico so vai descobrir depois,
aos poucos, é que uma tragédia familiar viera precipitar essa
reviravolta na vida de Eduardo.
Eduardo é um menino muito bonito, faz muito sucesso com as garotas. O
que ele ganha como auxiliar de pedreiro é usado para comprar roupas.

(primero episodio)
Durante a festa , Eduardo vai se afastar, pois quer levar a
namorada num lugar meio misterioso, subindo o rio, onde as pessoas não
gostam muito de ir, não se sabe bem porque.
Eduardo não esta muito interessado em mistérios, so quer ficar um
pouco a sos com a namorada, e no meio da confusão da festa, sabe que
aquele lugar é o mais provavel de estar tranquilo.

A intenção é criar um suspense, que deve crescer até o final do
episodio, no qual encontramos Eduardo no meio de umas ruinas,
afogueado. Leticia lhe pergunta o que houve, porque ele saiu correndo
de repente, que ela mal conseguiu acompanha-lo. Ele esta parado,
olhando para o vazio, com a maior perplexidade e pergunta a Leticia:
Vc não ouviu?

(terceiro episodio)
Mas Eduardo lembra de ter visto, ha
muito tempo, o grupo jogando capoeira na praça (flash-back), e o pûblico percebe pelo
contexto que o que ele viu naquele lugar estranho a beira do rio tem
alguma coisa a ver com a movimentação da capoeira.
. Bruno encontra um conhecido, Zito, e
pergunta se tbem faz capoeira.Enquanto conversam, vemos Eduardo se
afastando. Bruno chama. Eduardo pega bicicleta e diz que esta indo.
Bruno o alcança, quer saber aonde vai. Eduardo diz que vai na fazenda
Sta Eulalia. Bruno se preocupa, diz que ja é tarde, vai anoitecer, e o
caminho pra fazenda passa por um bairro "barra-pesada"
Corte para o quarto de Michelly. Ela estende numa mesinha a camiseta
de E.(vista no episodio anterior), termina de acender sete velas
vermelhas ao redor, tem uma figura de uma Santa e uma estatueta de Sto
Antonio, ela começa a ler a "Reza das Almas penadas"
..(desenvolvimento final por Raquel)




Trama Terceira – Cida e familia

Cida, é curitibana, trouxe Eduardo do sul e teve outro filho com
um japonês: Yuki, um menino de 10 anos, que parece um indiozinho
(descobrimos com o tempo que ele tem mesmo ascendencia indigena por
parte de mãe, embora os olhos puxados lhe venham do pai). Cida é
faxineira e vive ha algum tempo uma relação perfeitamente estavel com
Marcos, motorista de onibus, que não é pai de nenhum de seus filhos
mas é um excelente marido e assumiu a paternidade de Yuki, que não
chegou a conhecer o pai verdadeiro. O filho mais velho que vivia com o
pai alcoolatra no sul, acaba de se mudar para São Carlos.
De fato, apos muitas dificuldades financeiras, Cida e Marcos ja estão
terminando de construir a casa onde moram, e sua situação financeira é
vivida como relativamente tranquila.

(Festa primeiro espisodio)
Cida conduzindo pacientemente sua avo, (uma
velha bastante resmungona e desagradavel, mas paparicada pela familia
inteira, que ela ate certo ponto domina)
Cida sai para procurar os
juvens.

(Segundo episodio)
. Cida se culpa, acha que ele devia ter ficado na cama. Da a entender que a
febre é que fez ele ver coisas. Farpas entre Michelly e Leticia. Bruno
olha preocupado, (flash-back: ele se lembra de ter surpreendido o primo
em situação suspeita, de ter sentido cheiro de maconha). Cida percebe
a suspeita de Bruno e defende o filho: lembra de sua infancia, uma
febre depois de uma picada de aranha, em que ela tivera essas
sensações estranhas.

(Terceiro Episodio)
Corte da escola de capoeira para a casa onde Cida trabalha. Cida esta
limpando e conversando com a patroa, Olivia; O marido de Olivia esta
fazendo café. Olivia pergunta se nao é o caso de procurar um
psicologo. O marido, meio sem jeito pergunta se tem psicologo que
atende pelo SUS. Olivia emenda, tbem sem jeito, dizendo que tem uma
amiga que é psicologa... Cida lembra de Edilson (flash-back) e diz que
acha que Eduardo logo estara bem.

(Quarto Episodio)
Quarto episodio:Bruno chega de bicicleta na casa de Cida, que esta no
portão, conversando com Leticia, Yuki, sentado um pouco atras, sério.
Pergunta por E. B. diz que veio espera-lo, logo estara de volta.
Camera se aproxima rapido num close sobre Yuki, cujo olhar muito sério
sugere alguma intuição.Enquanto vão entrando, ouve-se ao longe um
carro cantando pneu. Plano do portão se fechando, camara se afasta,
panoramica no trem no horizonte, o sol se pondo.
Corta para planos rapidos e fechados sobre os punhos dos moleques
segurando as pedras, camara se afasta assim que os braços começam a se
levantar, ruido de pneus ao longe, camara se afasta mais e vemos E.



PRIMO CAPITULO







ATO 1 – A Alfaia vai bater –

(Festa da Padroeira Santa Aparecidinha, Sao Carlos, Cachoeira da Babilonia).

Entardecer/”Hora magica” de fotografia.


Vemos a tela preta.
Logo ouvimos a voz do cantor. Sua voz, como no tempo dos Reis do Congo, chama o maracatu naçao para tocar.
A cena abre. Vemos a alfaia em detalhe.
As cenas sequintes sao sequencias de detalhes mostrando o grupo de musicos. O ritmo das cenas deve traduzir o rtmo da musica.
Detalhe dos braços suados dos negros batedores.
Detalhe das saias longas das moças girando.
Detalhe dos pes pisando a terra.
Detalhe do suor no rosto.
Detalhe de um longo colar numa das dançarinas.
O ceu por tras do morro, o fogo da fogueira, a agua do rio local em planos fugidios da realidade naturalista porque nao importa a distancia que estao dos musicos.
Detalhe de um tornozelo de mulher.
Detalhe do peito dum homem cruzado pelo arco que da suporte a alfaia.
Entao vemos a relaçao de conjunto do maracatu. É um grupo de em media 40 pessoas. O cantor que domina/conduz e em destaque dançam o rei e a rainha da roda em frente aos musicos.
Vemos a relaçao do rei e da rainha da roda atraves de cenas suaves. Suas maos se tocando no giro, a paquera e seduçao do casal, o rito que enfeitiçava os escravos com o bate da alfaia na voz do lider.
De repente, distorçao da musica porque teremos uma camera lenta na proxima cena. Vemos bem proximo alguem cuspir uma gigante bola de fogo.
O ceu de fundo é azul de entardecer nos musculos. O amarelo e o azul que quebram no girassol de Vincent permeiam essa cena. O bola de fogo dicipa-se no ar.
Voltamos e o maracatu é mostrado agora em planos abertos.
É o momento do chorus.
Percebemos os musicos ofegantes esperando a ordem/fala do mestre para o recomeço. Ele chama. O movimento volta com a musica.
Temos a total noçao do conjunto dos tocadores e da dança, maracatu rtmo brasileiro nas raizes da Africa.
Silencio total. Um corte que nos leva para outro local. Um casal, nao vemos suas feicoes, na beira de um riacho. A moça molha as maos dela na agua. Levanta-se. Escorrega suas maos leves pelo rosto do menino. Ele beija a testa dela. Os dois se abraçam.
Ouvimos o começo do refrao do maracatu e corta de volta para festa da padroeira.
Planos mais longos que irao introduzir a cadencia do rtmo porque a musica vai parar. Temos planos musicados e planos em silencio total. Esse nao realismo-naturalismo de silencios é importante.
Todo o detalhe de movimentos. Corpo, Cabelo, pele, olhos dos musicos em dança. A alma do inicio é o ritmo da alfaia. A alma do enredo é introduzida pelo silencio estranho dentre esses planos.
Corta novamente para os jovens junto a beira da cachoeira. A menina tem uma especie de canga, saia longa, nas maos. Ela estente o pano e os dois se sentam.
Ela fala algo ao ouvido dele. Os vemos bem de perto agora. Eles sorriem, estao apaixonados.
Corta para os batedores de Xango.
Os musicos estao de novo ofegantes e esperam ansiosos o recomeço.
Vemos alegria em seus rostos como mesma catarse/extase dos atores no palco pos uma cena forte.
Podemos ter aqui uma sequencia de referencias de fotos de cenas de peças brasileiras de teatro, como se os atores dessas fotos, e o que eles sentem naquele instante mostrasse exato aquilo que diz no meu paragraf. anterior. A musica do maracatu cuntinuaria como gancho de fundo sobre essas imagens para nos puxar de novo para festa da Padroeira.
Pode rolar uma montagem para volta. Veriamos o rosto de uma das moças da roda e nao temos referencia do lugar onde ela esta. Entao a camara gira em torno de seu rosto ate mostra-la de costas e vemos que ela esta sobre o palco e em frente as poltronas de uma sala de teatro vazia. Mas ela mantem impassivel o extase, pois na verdade ela esta na dança.
O Proximo plano mostra a Santa padroeira.
Entao temos um plano aberto onde compreendemos que, alem de musica, é dia de reza. Vemos uma procissao. Pessoas carregando tochas e velas. Escutamos a reza.
Corta para os dois jovens da cachoeira. Eles sao Eduardo,jovem de 15 anos, e Leticia, mesma idade. Percebemos pela luz amarelada do fogo, refletida nos seus corpos e nas sombras, que a procissao esta proximas deles. Eles sorriem e levantan-se apressados. Eduardo fala algo para Leticia e eles vao andando. Enquanto eles passam pelos troncos das arvores, meio que se escondendo, vemos ao fundo o grupo de pessoas com as tochas cantando e andando na direçao agora inversa do casal adolescente.
Os dois param encostados, suas maos dadas, com suas costas apoiadas numa pedra.
Eles se olham e riem muito.
Plano proximo da Santa.
Ouvimos pouco da reza e temos o corte para o outro ato.







ATO 2 – Toda Santa, um dia, vai pra agua -

(Festa da Padroeira Santa Aparecidinha, Sao Carlos, Cachoeira da Babilonia).

Noite.


A procissao leva a Santa Aparecidinha para as aguas.
Detalhes da Santa na agua.
As pessoas levam suas velas e velam rezas para o rio.
Vemos os fogos de artificios no ceu.
Vemos a Santa.
Rezamos com eles.

Entre a procissao vemos um garoto de costas olhando ao fundo um carrinho ambulante de vender pipocas e doces. O garoto é Yuki, um menino de 10 anos e feiçoes indigenas e olhos orientais “puxados”.
Vemos novamente a santa em primeiro plano sob as aguas.
Vemos o menino Yuki guardando fixo e proximo ao carrinho de doces. De repente, alguem agarra o braço dele. Quem segura o braço de Yuki é um homem de meia idade, feiçao marcante/feia, que pergunta ainda agarrado ao braço do menino.

VENDEDOR DE DOCES
O que vc quer, garoto.

O menino tenta soltar seu braço ainda preso.

VENDEDOR DE DOCES
Parece que viu fantasma.

Yuki, com um puxao brusco de seu braço, consegue se soltar. Vemos escrito na tela o nome Yuki como uma legenda que apresenta sua personagem. A importancia da legenda sera explicada pelo monologo de sua bisavo, ainda nesse capitulo.
Yuki corre em direçao à procissao.

Voltamos ver planos dispersos da procissao, alternados com planos de Yuki andando por entre os caminhantes (Pode ser uma referencia clara a cena da procissao do filme de Walter Sales, Central do Brasil) pois sao situacoes semelhantes.
Entao vemos com mais precissao uma mulher de meia idade que se chama Cida. Voltamos ver o menino Yuki deslizando por entre rezadores. Yuki avista Cida e podemos notar nitidamente pelo seu labios que ele chama o nome CIDA mesmo sem ouvirmos sua voz. Sua mae é apresentada. Por um tempo eles ainda estao separados pelas pessoas. Yuki chega e segura a mao dela. Os dois seguem acompanhando a procissao e Yuki ainda mira para tras pela ultima vez o estranho homem vendedor ambulante que agarrou seu braço.

A cena corta para uma velha senhora que esta falando para uma outra senhora que vestida à carater bahiano cozinha acarajé numa “barraca-de-feira” e finge ouvi-la. A senhora continua falando enquanto a cozinheira que esta abarrotada de pedidos prepara os apimentados bolinhos. Ela é a avò de Cida e Bizavo de Yuki. Conheceremos nossos personagens intercalados em seu monologo sobre a descaracterizacao da geracao. O tempeiro é o cheiro de acarajé. Sua fala é um tanto renitente e nao faz muito sentido logico.

AVò DE CIDA
...essa molecada hj em dia nao se chama mais pelo seu nome. Eles tao meio que envenenados.. é macumbaria da grossa.. grossa, minha querida. É muito roubo, bagunça e bandidagem.. e por todo lado ta assim, ate mesmo dentro dos nossos panos, nao se respeitam e nao respeitam mais ninguem. Antes,moça, antes...

O dialogo Corta e vemos o mesmo casal de jovens, mesmo do primeiro ato, Eduardo e Leticia. Eles estao sentados um de frente proutro. A menina Leticia joga um punhado de flores sobre Eduardo, ri e corre. Eduardo è o filho do meio de Cida, irmao de Yuri. Eduardo se levanta e corre atras dela. Ele a alcança e a abraça. Seus rostos estao quase se tocando para o beijo.

LETICIA
Eduardo...

EDUARDO
Leticia...

LETICIA
Quanto vc gosta de mim?

Corta para a avò ainda ao lado da cozinheira

AVò
..porque nos sabiamos que lagarto era lagarto e podiamos defender nossos ovos dos dentes afiados desses bichos...

Volta para o casal de jovens. Eduardo larga a cintura de Leticia. E aponta algo para o alto.

EDUARDO
Esta vendo aquilo là

Nos nao vemos o que Eduardo aponta mas vemos a reacao de Leticia respondendo que sim, que ela ve o que ele mostra.

EDUARDO
Pois gosto o mesmo que..

Antes de terminar a frase Leticia sorri e sai correndo..
Eduardo percebe que foi enganado e quando se dà conta parte em busca dela.

Corta

AVò
Mas hj em dia..hj em dia

Uma moça entao corta a fala chegando e dando um beijo no rosto da velha senhora. O nome da menina é Michelly, ex namorada de Eduardo.

MICHELLY
Oi vò

AVò
Oi meu amor. Mas como esta bonita menina. Que esplendor.

Michelly aceita o elogio e meio que mostra seus dotes jogando a cabeleira de lado.


AVò
Mas onde estao seus pais?

MICHELLY
Em casa, meu pais esta meio gripado, sabe como é, esse tempo seco.

AVò
Menina, olha que nao é bom ficar andando assim sozinha por essas bandas. Por que voce nao vai ali junto da procissao, olha! Logo ali esta minha filha, Cida, indo com o menino dela..vai la meu amor..

MICHELLY
A senhora viu o Eduardo?

AVò
O Du o Du deve estar ali com o primo dele.

A senhora aponta para a direcao de um garoto, Bruno.

AVò
Aquele com aquele boné horrivel


MICHELLY
Ha, o Bruno eu sei quem é..(ela agradece com um outro bjo exagerado no rosto da senora)tiau tiau

Michelly segue em direcao ao Bruno, adolescente. Ele esta rindo e contando, conversando algo meio inaudivel com seus amigos. O cara é comico. Percebemos pelosseus gestos exageados. Michelly chega propositalmente cortando o assunto deles.

MICHELLY
Oiii

BRUNO (meio nao da muita bola e tenta continuar a conversa com os amigos)
Oi Michelly.. dai o cara voou logo pro meu lado, correndo e falando cos manos dele que daquele jeito ia ficar pesado a cena pra mim.

AMIGO DE BRUNO
E o que vc fez?

BRUNO
O maluco veio pra perto e eu falei para ele nao me relar.

AMIGO
Mandou forte

BRUNO
Falou se eu tava tirando a deles e o bairro todo..

Michlelly entao é incissiva e pàra no meio deles de frente para Bruno e completamente impedindo a conversa de prosseguir.

MICHELLY
Eu disse oi

BRUNO(pros amigos)
Ow meus nego, deixa eu resolver o lance com essa mina aqui vaiii. Depois continuamos..
(eles se cumprimentam)

O que vc quer? (Bruno para Michelly)

MICHELLY
Saber do seu primo

BRUNO
O Eduardo ta por ae com a Leticia..

MICHELLY (meio incomodada)
Sim ta e dai? Ta por ae onde

BRUNO
Ta vendo eles aqui? Nao ne. Como é que eu vou saber onde eles tao?

MICHELLY
Seu cavalo, nao precisa ser estupido.

Nisso o menino Yuri ve Bruno e Michelly, ainda na procissao e soltando a mao de Cida corre para o primo Bruno. Bruno o abraça levantando do chao.

BRUNO
Toca ca meu belo.. assim assim feito nois da cena do terror

YUKI
Oi Michelly

MICHELLY (ja impaciente e mordendo unhas)
Oi oi lindo

Ela, para Bruno.
MICHELLY
E ae Bruno, aonde eles foram?

BRUNO
Ja disse que nao sei, devem tar zanzando por ae..

MICHELLY
Corta essa! Vcs tao sempre juntos que sei

Bruno fala com Yuki.

BRUNO
Nhoque, diz ai que a gente nao ta ligado do Du nao..

So vimos quando eles foram para cachoeira. Os dois se pegandu forte, se deu bem o doido..

MICHELLY
Mas como essa Leticia é bandida. Cachoeira? Tem certeza?

BRUNO
Toda santa, um dia, vai pra agua

MICHELLY
e nos vamos atras deles agora!

BRUNO
Vc acha! Maior empata foda
(Bruno e o menino Yuri riem)

MICHELLY (a menina explode!)
O QUE!
Pois a gente vai pra la agora se nao falo para sua namorada (ela susurra algo no ouvido dele..

BRUNO (muda expressao para seriedade ouvindo Michelly)
Nao nao naooo ae ta errado ta errado

MICHELLY
Humhum vamos?!

BRUNO(para Yuki)
Nhoque, vamos de role com essa mina ae

YUKI
Meu nome é Yuki! Yuki..

BRUNO
Ta tanto faz o nome porque essa mina, essa mina ai ta vacilando forte..

Michelly sorri irritando e eles tao se preparando para sair quando Cida entra.







ATO 3 – Mae é Mae, Familia é familia.



(Festa da Padroeira, Sao Carlos, Lugar misterioso).

Noite.



Oi Augusto,Descobri porque o Eduardo se afasta da Leticia! Elementar, meu caro Watson: qundo ele volta da fazenda encontra com L. que ficou esperando por ele, no começo do episodio, com o Bruno e a Cida. E. chama L. pro seu qurto, muito agitado, e explica que descobriu o que viu naquele dia na cachoeira, que tem a ver com uma criança, que ele acha que morreu la, e que essa criança vive rondando por la (pensei inclusive que a menina pode ter morrido junto, assim, nas apariçoes, eles estao sempre brincando)... Mas a Leticia se apavora com essa historia, nao quer ouvir (os pais dela são crentes, tem horror a espiritismo e coisas assim, ao mesmo tempo tem suas superstiçoes) e ela pede pro Eduardo nao se ocupar mais com essas coisas, ele insiste, ela foge.No episodio seguinte, a Michelly, que nao acredita nem um pouco nas visoes de Eduardo (so acredita no poder da reza braba dela de "amarrar" o menino) finge que acredita para conquista-lo e da a maior força pro Eduardo se abrir com ela (depois a gente ve ela meio que tirqndo o sarro dele com alguem). Assim ela consegue se aproximar dele num momento de fragilidade e transa e fica gravida. Eu estava na duvida, mas acho que essa gravidez é legal. Tem duas mortes na historia, do Hedilson, e do menino negro (talvez tambem da menininha), tem de haver um nascimento!Vc nao achou legal o começo do primeiro episodio com as crianças brincando na fazenda do Pinhal? Tem lugares lindos la pra filmar. E no fim da sequencia, qundo q gente ve num corte brusco uma pessoa olhando pra eles de tras de uma janela, a camera se afasta bem rapido e bastante ao mesmo tempo que entra um puta dum batuque de maracatu! E ai corta pro presente, na procissao com o som das rezas se revezando com o do maracatu, que da continuidade.Bom, um abraço, e até mais,Raquel

domingo, 8 de março de 2009 11:40:32

Oi Augusto, So uma coisinha, prometo que nao vou ficar cerceando tua liberdade criativa!é que eu tinha pensado no casalzinho simpatico de estudantes de arquitetura, que conversa com a Cida, da conselhos, etc... Mas a Cida trabalha tambem para uma perua burguesa, que é a mae da menina rica que se apaixona pelo Eduardo, essa pode ser descendente dos fazendeiros escravocratas... Ah, lembrei de outra coisa. De meia-idade é a sua vovozinha!!!!!! A Cida é uma quarentona muito da gostosa!(brincadeirinha...) Bom, espero que vc se divirta com os personagens como quiser;té mais,Raquel

segunda-feira, 9 de março de 2009 13:21:00




ATO 3 – Mae é Mae, Familia é familia.



(Festa da Santa Aparecidinha, Sao Carlos).

Noite.


Vemos Cida com a avó, a senhora que há pouco falava com Michelly, conversando em frente a uma barraca que vende adereços religiosos. O diálogo acontece em alternância, sobreposto às imagens da festa da santa. A avó esta resmungando, fala com Cida, por ter visto um outro terço qualquer. Cida aparenta preocupação.

AVÓ
Cida, eu te disse que não era para esse lado que estava a barraca do terço.

CIDA
Vo, por favor, escolha entre alguns desses daqui, veja como esses são bonitos (Cida mostra várias peças) são tão bons quanto todos os outros.

AVÓ
O que vale mesmo é a intenção de quem reza.
Ah Mas aquele terço de lá é que era abençoado pela santa, percebi logo de cara, esses daqui esses daqui não são não.

CIDA
São sim!
Vó, vc sabia que nessa noite tudo parece carregado pela paz da nossa santinha. E tem toda essa música, comida farta, as pessoas estão felizes. Foi por isso que insisti pro Edu vir com a gente nessa noite de benção. (Cida assume uma feição de seriedade) Ele não tem estado muito bem, ontem sentiu febre alta e não dormiu nada.

AVÓ
Se ele pedisse a Santa Aparecidinha tenho certeza que ela o atenderia e o curava de uma só vez.

CIDA
Ele veio para pedir, mas por onde esse menino se enfiou?

AVÓ
Eu duvido que ele peça, essa garotada de hoje não se interessa mais nisso. Ai, ficam zanzando por ai sem rumo. Se envolvendo em coisa que não presta.

CIDA
Mas o Eduardo é um menino de cabeça boa, graças a Deus, está ajudando o sogro na obra. Estava ainda agora por aqui com a Letícia.

Cida vê Bruno com o menino Yuki e Michelly.

CIDA
Vo venha, vamos até ali um pouco.

Cida aproxima-se de Bruno, Michelly e Yuki. Eles se preparavam para sair atrás de Eduardo e Letícia por pedido insistente de Michelly. Cida vem até eles conduzindo pacientemente a avó, que esqueceu do tal terço.

CIDA
Bruno, Oi Michelly oi filho, vcs viram o Eduardo?

BRUNO
To pra ver.
Rapazinho mais solicitado esse carinha.
Tia, nós estamos indo atrás dele lá pros lado do rio.

CIDA
(nervosa)
Onde é que esse menino esta com a cabeça? Não sabe que não se deve andar por aqueles lados.

AVÓ
(fala pausadamente)
È como eu disse!

MICHELLY
Tia, isso é influência daquela umazinha que está com ele.

CIDA
Esse lugar não tem uma história boa.
Viviam ali os antigos escravos, os escravos que conseguiram fugir. Tempos atrás um menino se afogou por lá.
Dizem que é assombrado...
(Cida percebe o olhar do menino Yuki, ele aparenta estar assustado, mas ao mesmo tempo curioso).
... mas é tudo crendice, história que o povo contava antigamente, viu meu querido (Cida fala para Yuki).

MICHELLY
Se essa história é mentira ou não descobriremos depois, não é bom que eles fiquem por lá sozinhos.

CIDA
Mas que falta de juízo do Edu.

AVÓ
Sem juízo são vcs se forem atrás deles.

Cida avista Marcos, seu marido um homem de 45 à 50 anos, motorista de ônibus, e acena para ele. Marcos aparece, sempre solicito.

CIDA
Oi amor, fica aqui com a vovó um pouquinho.

MARCOS
(já aceitando)
Mas só se for um pouquinho mesmo.

Marcos fica com a avó, enquanto Cida sai com os três para procurar os jovens.

AVÓ
(incomodada com Marcos)
Mão é mãe, família é família.





Ato 4 – Toda febre causa vertigem.

(Ruínas, Lugar misterioso, São Carlos).
Noite.

Vemos um lugar de arquitetura antiga. A câmera mostra Eduardo andando pelo lugar como se estivesse procurando algo. Percebemos que ele não procura Letícia, seu rosto mostra entusiasmo e espanto causado por algo novo. Letícia fica observando-o de longe, ela escondendo-se dele, como que participando de uma brincadeira. De repente Eduardo corre para dentro do lugar. A menina agora está assustada e vai para dentro procurá-lo. Eduardo está no meio de umas ruinas, afogueado.

LETÍCIA
O que houve? Porque vc saiu correndo?

Eduardo não responde, está como em estado de choque olhando pro nada.

LETÍCIA
O que foi? Vc me assustou.

EDUARDO
Vc não ouviu?

Letícia observa e não vê nada. Ela se aproxima de Eduardo que se afasta dela.

LETÍCIA
Vamos embora, Du. Vc está me assustando.

Vemos que Letícia começará chorar. Eduardo ainda está em choque. Ouvimos gritos do lado de fora da casa, são os jovens e Cida chamando pelos dois. Letícia e Eduardo, apoiado nela, saem da casa. Eduardo sente tonturas e se senta. Bruno, Michelly e Yuki, se aproximam logo alcançados por Cida.

CIDA
(nervosa)
O que vcs vieram fazer aqui?
(Cida vê que Edu não esta bem)
O que vc tem filho?

LETÍCIA
Cida, eu perguntei, mas ele não me responde, pensa ter visto alguma coisa lá dentro.

CIDA
Ai Edu, eu sabia que deveria tê-lo deixado em casa, só pode ser a febre de ontem.

Farpas entre Michelly e Letícia. Bruno olha preocupado.

(flash-back: Bruno se lembra de ter surpreendido o primo em situação suspeita, de ter sentido cheiro de maconha). Cida percebe a suspeita de Bruno e defende o filho.

CIDA
Ei ei, não é nada demais, quando o Edu era criança ele tivera as mesmas sensações estranhas depois de uma picada de aranha.
Toda febre causa vertigem.

BRUNO
Não é só febre que causa essas coisas não.

MICHELLY (provoca Letícia)
Foi vc quem quis vir para esse lugar, sua libertina.

LETÍCIA
Não foi mesmo.
Mas bem que gostei de ter vindo.

CIDA
Crianças parem já com isso.
Vamos andando.

Eduardo se levanta e começa seu monologo.

EDUARDO
Vcs não estão entendendo nada, nada de nada.
Os vejo como todos que eram nessa casa antiga.
As mesmas caras que enforcaram o primo Edílson.
Os mesmos assassinos, os mesmos erros com os outros.
Senhores e senhoras com suas crianças, famílias inteiras existiram nesse chão.

BRUNO
O barato é louco!

EDUARDO
Não é nada disso Bruno, eu sei o que ouvi.
Ou quase.
(sério)
Mas devo descobrir. Descobrir o que se passou por aqui.

CIDA
Vc deve é ir para casa. Vamos!

Plano aberto, as meninas estão se provocando, Bruno ajuda Cida levar Eduardo.

Corta para.
CASA DA AVÓ.

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