DIÁLOGOS PARA NÃO SAIR DE CASA NOS FINS DE SEMANA.
(FRASCO 1).
“A crueldade, se entendida n`atitude de transformar aquilo que não pertence a nós, transformando o único, sublimando a liberdade de uma formiga ser uma formiga, de qualquer mulher ser mulher, do homem e ou arbusto de bambu serem e atuarem na vida como espécie de coisa que lhes é cabível, privando-os da persona que lhes da forma, naquilo que lhes foi decretado pela estrutura natural e nos delimita como humanos, tal espécie de crueldade fascista deve ser banida do cosmos. Ninguém tem o direito de privar o outro da existência; do repúdio; da liberdade e da paz. Numa tentativa doentia de querer os objetos prasi, os símbolos arraigados da sociedade e, cabe perfeitamente por objetos incluirmos os seres humanos e as nações - sua imagem sociopolítica – pretender valorizar ao extremo essa imagem refletida pelo espelho é uma atitude que beira a perversidade. Isto é vivido por aqui. E está longe de ser educar”.
Conde de Kostrowitsk. Desnos – (1908).
Ela pediu um poema de amor e vestia uniforme preto de trabalho.
Caia solto e, leve, bem ao seu corpo.
Ele sentou-na o machado bem no meio do crânio. Liso e alaranjado.
Veste camiseta Moofe. Estampa frente e atrás.
Calça jeans Jutti Ulivier.
Ainda confuso com tamanho ato de devoção e doçura
Dela, por confiar nele mantendo-se segura e imóvel
E tendo sustentado firme o pescoço amêndoa, cravando suas unhas
No encosto da cadeira para resistir ao momento do impacto da lâmina
Ao dividir sua carne rosada e fresca ainda escorrida, por nada menos que isso,
Começou nadar dentro do homem uma redundância de sentidos, rápidos mesmo como a febre faz em vermelho sangue negro.
Ele, em concha que forma a pérola do anel, abraçou-lhe a mão esquerda sem jóia, joyo ou mel, como garra em pele macia.
Com sua mão direita procurou sustentar a pesada pena, molho-a no sangue da esposa, e começou a descrever na agenda sobre o armarinho:
Do ato doce feito o rito
Jantamos pedaço por pedaço
Da memória
Do tempo
De tédio
Amor
Porque está tão calada?
Não deixe que esse racho estrague
Seu novo penteado!
O cachorro pequeno está
Comendo suas ultimas folhas.
Acorda
Linda leve
E solta um grito
Assusta solta mexe transforma
Faz de uma vez por todas aquilo que
Nasceu pra ser
Poesia!
Olhe!, esse será o convite do nosso velório:
Amor. Verbo sem cadência alguma. Cai e grita sem sentido. Vai buscar lá no beco da taberna. O beijo que procuro que noutro dia lhe fez amável. Vai letra de veia fria. Vai e some logo de vez dessa vida. Com a tua gramática arrogante. E tua música: Que horror! Venha drummond vinicius Venham velar comigo Tocando nadja para cecília clarice adélia Rajaa e marjane melodia de coltrane Breton garcia lorca pra louca Valéry valendo almeida o prado O mattoso maldoso nada cego venham Venha comido Aumentar, mestre Sr. Cláudio, atriz Srta. Camila. - O pranto daqueles que não percebem, naquela que beirando ao túmulo e ao mofo, Permanece quente e bela. Como n`alguma outra sabe, subir por teus versos escuros, Dançar comigo pr`encher minh`alma de vida e movimento -
1 INT. SALA. MANHÃ (UM ESPELHO EMBAÇADO)
Por detrás da neblina, ouvimos os sons. Novamente a cena é vista de cima. Um movimento lento de câmera, como passo de tango, nos põe de volta à dança.
...passado o delírio do momento, degustou o miolo todo da sua mulher cuma bocada só. A fragrância notas pimenta almiscarada gengibre gardênia foi como neblina, em dia frio de manhã, se agregando à tudo que era paz. Colou-a naté nas portas madeira gaiac do móvel, sem cheiro, na soleira do quarto.
E não sei se pelo cheiro ou pelo gosto mesmo, a bela despertou. Displicente, uma borboleta despenca da orelha dela e cintila no seu rosto a soar o sino da catedral que é aquela presença na lei dos seres.
Ela, limpando um veio de sangue escorrido no canto esquerdo da boca, diz:
- Queria só seu poema de amor,
Não que você comesse minha rude essência e liberdade...
ELE
Em troca,
Sabe o que pulsa meu coração
Por minhas células agora?
Aquilo que você, por pura libidinagem,
Chamou ainda há pouco
“sua rude essência”
Augusto Cavalcanti nasceu em 13 de julho de 1982. É formado em Artes e Comunicação pela Universidade Federal de São Carlos. Tem como rob defraudar caixas de e-mails daqueles que não pedem para. Prato: aipim frito e aguardente. Bichos: formiga e abelha, devido sua organização social. Manto: sagrado. Beijos: os melhores ainda não trocou, mas deixa esses para vocês!
Algumas publicações:
revista olhar . ANO 5 NÚMERO 8.
cronópios
blocos on line
officina do pensamento
meio tom poesia & prosa
(Frasco 2) SONETOS À VENDA
ESBOÇO DE UMA VITRINE
a Paul e Augusto.
à vitrine a bolsa brilha
feita de sangue pela
víbora que te veste
o veneno da arguta
[mostra a língua de duplo fio]
Seduz aquele que passa
Feitiço douto e vil
Visa à veia a massa toda
shoping shoping!..ilusório
arquiteto que dilui
a cova sempre ali e certa!
[verse-moi ta brute chaleur]
O teu melhor remédio
Compra esse imenso tédio?
MINUETO ATONAL DA MORDIDA
Quando estiver entediada
Desleixada sobre as macas
Alada nessa pele mel
Vertigem que não se guia
Boca vermelha que deixa
As manchas pelo pescoço
Eu, enfermo não tenho
Nada que lhe deixe marcas
E erro todas as sílabas
Agrido os decassílabos
Troco tudo só para
Acaso de o riso ver
Suas roupas baixas
Cheirando a acácia
[Cácia, quando tender a vontade de ser mordida, favor chamar o cachorro vira-lata do vizinho! Ele é limpo, apesar de alto. Eu não tenho mais boca para te fazer marcas! Ass.: Marcos].
DIANA E O BURGUÊS MÉDIO
Na vida do burguês médio
Diana, de uma vez por
Todas, não há outro remédio
Pra ânsia e ansiedade.
Quando aos sábados
Já tiver melhor idade
As luzes da vitrine
Galerias se abrem. (Compre!)
A sonhar os amores de folhetins
Na vida, fotos d`outros rostos
Há um imenso mau gosto. (Compre!)
Sua louca vadia, Diana!
Não crer que aqui clama
Um coração que médio te ama...
CAIXA DE MÚSICA
Um mundo velho dentro da caixa
De música a menina abriu.
No centro do salão antigo
Somente o palhaço que tocou.
Sentir é para poucos
Viver é comum.
Sem ti é pouco
Vim ver a mon.
O módulo de tão belo
Nas notas naquela sonata
Tal, deus sono na pequena
Dormiu sem ti olhar.
E um anjo nela pegou.
Vim ver a mon.
Augusto Cavalcanti é formado em Artes e Comunicação pela Universidade Federal de São Carlos. (Nasceu em 13 de julho de 1982). Quando não prosa, orienta operários. (sério!)
Compartilha esses sites e revista onde publicou:
revista olhar . ANO 5 NÚMERO 8.
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Tardes do Cotidiano
I
Os doentes da enfermaria n.6 tossem.
Eles não encontraram, com seus braços e mãos, estilo metódico e membros limpos,
As contas, os gastos para por na lista de sempre e sempre...
Tudo de inútil se guarda em armários pelos cantos. Médios móveis. Toda mobília é conflitante, sem conjunto e desconfortável, feita para suportar ossos descuidados com o lar.
Os moradores da enfermaria n.6 não se dão conta que sua enfermidade não é a gripe.
Os pacientes irão por a mesa e estender a roupa molhada no horário adequado.
E a Teletela logo cospe as besteiras para movimentar a vida banal de gastos criados...
A enfermidade e enfermaria n.6 me torra o saco.
Vou levar meus ossos para outros lares.
II
Fora do condomínio de repouso n.6 vemos
Dentro da fábrica de tecidos
Na vida e dia dos funcionários
O homem que se deita e dorme
A sombra da árvore escurece
Outro homem cantando e outro
Sai pedalando e pequenos galináceos
Andam ao lado da cerca que isola a fábrica.
O sol brilha arbustos do Jardim e
A parede grande do edifício
Fica assim mais leve...
Dentro da fábrica de tecidos
Maquinas batem sem parar
E os homens lá fora disfarçam
As cores que deixam pelo caminho...
No campo, ao lado e fora,
Falam das negras jabuticabas que não sambam
E de seus sonhos de silêncio
No horário de almoço, o tempero engrossa,
Na verdade de seus anseios
E o chinelo havaiana deixa o pé tocar
O mato da grama verde em folhas secas
E eles descansam seus braços de serviço
Suas pernas de serviço
Suas mentes de serviço
E descansam suas negras de samba
Na visão da ginga da moça
Que vem saindo da fábrica
E atravessando o campo de futebol
Tempera nossa esperança...
III
Tirando o térreo e seu jardim, no condomínio, na enfermaria n.4 fazemos alegria criando valsa...
Tudo começa na garagem pequena
A motocicleta chega em brasa
E criamos essa cena:
Na blusa sobre o sofá
Brilha o sol. Seu tecido.
O rosto de pele clara como na montanha
Em gorro envolve uma cavidade quente.
Escorre do lábio liso subindo do piso aos pés trazendo calor
A natureza morta que (sobre a mesa) fazemos.
Desenho o quadro.
Depois é a mórbida realidade da enfermaria n.6
IV
Na enfermaria n.5 servem a refeição.
Sinto o cheiro
O que causa
Falta de pele em minha casa.
O horizonte se expande em picos brancos
(fundo azul)
E na mente explodem incalculáveis pontos de cores
Sinto pele falta seu gosto
A casa causa pico azul
E na pele
Em meu cheiro
No gosto fundo azul
No horizonte da cama
Faltam incalculáveis pontos de você
A cor febre em meu sangue
Explode na cor do teu céu
Ferve, dorme, que logo
Amanhece e vêm os incalculáveis pontos.
Dilacera os doentes
E nos deixa em paz
V
O gosto da folha para uma outra folha
Lida na enfermaria n.6
Deixa de existir.
Certo também o fato de não ser
Para o homem que digita em seu note na enfermaria n.3
Há uma beleza na caça parecida com a beleza do homem que tira fotos. Ambos se concentram e em silêncio, são parte intrínseca e única da natureza. E por um tempo raro, não tocam o chão.
Nadando na grande saliva da existência
O gosto da folha que me perco a fuga
Paro para não fazer parte deste hospício
Cujo hóspede já se cansa pertencer
Enfermaria n.6
Augusto Cavalcanti nasceu em 13 de julho de 1982. Era manhã e fazia frio. Não pode provar do café e bolinhos por questões claras. É formado em Artes e Comunicação pela Universidade Federal de São Carlos. Dedica-se na literatura total e escreve roteiros diversos enquanto não pertence a fábrica e vida comuns. acantiza@hotmail.com
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ESBOÇOS PARA WILL EISNER
... A frente do palco chove.
E a voz cantada de Guarnieri
Narra sua graphic novel...
I
Os doentes da enfermaria n°.6 tossem.
Eles não encontraram, vasculhando minuciosamente, suas garras em cujas pontas as mãos curtas não apreciam o tato, seu estilo metódico e limpeza irritante,
As contas, a mesma caderneta para por na lista de sempre e sempre.
Todo início de mês.
Tudo de inútil guarda-se em armários pelos cantos. Médios móveis.
Toda mobília é conflitante, sem conjunto e desconfortável. Feita para suportar ossos descuidados com o lar.
Os moradores da enfermaria n°.6 não se dão conta que sua enfermidade não é a gripe!
Os pacientes irão por a mesa e estender as roupas molhadas no horário adequado.
E a tetela logo cospe as besteiras para movimentar a vida banal de gastos criados...
A enfermidade e enfermaria n°.6 me torra o saco.
Vou levar meus ossos para outro lugar.
II
E passamos dias inteiros na Fábrica de Tecidos...
Na vida e dia dos funcionários
Do homem que se deita e dorme
A sombra da árvore escurece
Outro homem cantando e outro
Sai pedalando e pequenos galináceos
Andam ao lado da cerca que isola a fábrica.
O sol brilha arbustos do jardim e a parede alta parece
Assim mais leve...
Dentro da fábrica de tecidos máquinas batem sem parar.
E os homens lá fora disfarçam
As cores que deixam pelo caminho.
No campo, ao lado de fora, fumando
Falam das negras jabuticabas que não sambam
E de seus sonhos de silêncio.
No horário do almoço, o tempero engrossa os seus anseios.
E o chinelo ralo deixa o pé tocar
O mato de grama verde com folhas secas
E eles descansam seus braços de serviço
Suas pernas de serviço
Suas mentes de serviço
E descansam suas negras de samba
Na visão da ginga da moça
Que vem saindo da fábrica
E atravessando o campo de futebol
Tempera nossa esperança...
ACANTIZA
Augusto Cavalcanti nasceu em julho de 1982. Era manhã e fazia frio. Não provou do café e bolinhos por questões claras. É formado em Cinema pela Universidade Federal de São Carlos. Escreve roteiros, poesias e afins literários. acantiza@hotmail.com
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(Inacabado)
(SAMBA DE UMA COR SÓ)
Soa como música em meu lábio
A dança Sol que tem sua pele.
E sim,
E soa, ai! E vibra e, antes,
Mil vezes eu faça você, víbora,
Àquela ali, belle branca
Danças, meu amor, porque não cabe em ti a mentira desses versos
Dança, gira, rola, canta, mel
Meu Sol de fim de tarde.
Pois sou malandro com classe
Eu te disse! E você ali, parada
Com seu samba de uma cor só.
Não quis acreditar que eu, daqui,
Pudesse, Compusesse teu delírio desmedido, irado!
Samba por detrás da cortina
Samba rosa que dança na sombra estática, glória.
ISSO É O SAMBA DO MALANDRO COM ESTILO
E sem métrica!
(Mas isso eu mostro só para você)
É Poeta, o amor nem passou perto daqui. Eu fui beber em Honoré e, meu caro, ali como aqui,
Vive-se em público!
Quem pode supor, chegada a primavera branca dessas letras, que não há moralidades dissimuladas nesse relevo! Eu é que não vou supor merda nenhuma! Meu querido, você sabe e eu sei, como a nuance exata de um diálogo bem escrito, à lá Woody Allen, ao seu ouvido, para ela, eu digo: o amor disfarça. Tarda em se mostrar! Mas para aquele que se mostra, ele vem.
Eu lhe disse, bem logo de inicio,
Que essa bossa era inacabada!
Falta você nela
Mas vai ter, E logo.
Pois, como rezou o capitão do mato, de quem me inspira até o escuro de uma festa, fazendo dança, teu ar nublado,
Vou ter você aqui. Caso me conceda a posse por um dia, possuo.
e
Passa lá no na mercearia do Néco, e vê se me traz, por justo favor por eu estar à sua espera, junto ao seu corpo e canto, me traz um pouco de amor pressa cadência, pois esse bocado de comicidade trágica já deu no teto!
Somos mais nós dois sob o mesmo.
PONHA UM POUCO DE AMOR NESSA CADÊNCIA PONHA UM POUCO DE MIM E VOCÊ
AMOR
NESSA
CADÊNCIA
PONHA, CARINHO,
PonhaumpoucodeamornessacadênciaPONHAumpoucodeAMORnessaCADÊNCIA
Ponha, a métrica e seu cheiro roxo, salgado, com falsidade, amor PONHA VOCÊ E EU NESSA BOSSA!!!
Concreta, média e barata, um pouco calada, mas melhor, muito melhor mesmo à tempero que se prova por ai...
Aí aí aí...
Rs rsrs rsrsrs/rsrsrs rsrs rs /rsr rs srsrs srs/ rsrs rsr
Rsrsrsrsrsrsrsrs/
(Rsrsrsrs)
“fazer samba não é contar piada/ e quem faz samba assim não é de nada/... cuidado, companheiro!/ a vida é pra valer! “ vinicius de moraes.
Augusto Cavalcanti é formado em Artes e Comunicação pela Universidade Federal de São Carlos. Nasceu em 13 de julho de 1982. E por ser feriado do trabalhador, e por estar em luto, insano e quieto, lhes enviou! acantiza@hotmail.com
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